(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Por pol�tica, crian�a negra � amea�ada em escola

Ayanna, de 10 anos, diz ter ouvido de colega que "Bolsonaro j� ganhou" e "aqui n�o � lugar para voc�"


postado em 20/10/2018 17:37

Nando Chiappetta/DP(foto: A professora Josivânia Freitas, teve sua filha como alvo de discriminação por parte de um garoto defensor de Bolsonaro)
Nando Chiappetta/DP (foto: A professora Josiv�nia Freitas, teve sua filha como alvo de discrimina��o por parte de um garoto defensor de Bolsonaro)

Ayanna tem 10 anos. � negra. Estuda numa pequena escola particular no bairro de Candeias, Jaboat�o dos Guararapes, e este ano n�o quis participar das comemora��es do Dia das Crian�as. Em casa, relatou � fam�lia que tinha vivido uma amea�a logo ap�s a divulga��o do resultado do primeiro turno. Um menino, da mesma idade, se aproximou e disse: “Ayanna, aqui n�o � lugar para voc�. Voc� n�o vai poder estudar mais nesta escola porque n�o combina com sua cor. Sua fam�lia � negra e voc�s t�m que viver separados de n�s. Bolsonaro j� ganhou e garantiu que vai resolver essa mistura. Se seus pais vierem falar merda, a gente mete bala”.

Segundo contou a m�e, Josiv�nia Freitas, a filha foi v�tima de uma sequ�ncia de outras frases intimidat�rias e preconceituosas. Teria sido chamada de “burrinha” em ocasi�o anterior. E questionada: “Voc� estuda nesta escola por causa de bolsa?”, teria perguntado o mesmo menino a Ayanna.
A garota transferiu a pergunta � m�e: “Mam�e, o que � bolsa?”. Josiv�nia explicou que era um benef�cio de gratuidade para alguns alunos, mas que, no caso dela, a escola era paga pela fam�lia. Ayanna chorou, n�o quis ir � escola nos dias seguintes e os pais analisam se ser� preciso transferir a menina da unidade educacional.

Ayanna � a �nica crian�a negra da s�rie dela. Ela lembra de outras duas na escola; com uma diferen�a: Ayanna � cafusa, mistura de negra e �ndia, com descend�ncia dos Xucurus de Pesqueira. Por isso, tem melanina mais forte que a das colegas do 5º ano.

“Chorei e n�o foi pouco. Minha filha vive no meio de uma amea�a. Tem medo de existir”, diz Josiv�nia, pedagoga, doutoranda em Educa��o Matem�tica e Tecnol�gica na UFPE, professora de p�s-gradua��o em Psicopedagogia educacional da UniNabuco, de p�s-gradua��o no Instituto Nacional de Ensino Superior (Inesp/Caruaru), do ensino fundamental em Jaboat�o dos Guararapes e coordenadora pedag�gica da Escola de Sa�de do Recife (ESR).

“Pensei muito antes de falar, mas a situa��o chegou a um ponto que � necess�rio”, frisou a m�e, que chegou a publicar o caso no perfil pessoal dela no Facebook. As frases do menino foram levadas � professora.

“N�o tenho cr�ticas � escola nem ao projeto educacional deles. � muito organizada. Acho que � uma quest�o pontual, que vem de casa. A professora disse que determinaria as desculpas por parte do menino e que mandaria ele dar um abra�o nela. Quem conhece minha filha sabe o quanto ela � carinhosa, mas eu proibi o abra�o. N�o quero que haja abra�o se ele tem nojo de minha filha e se j� disse que negro tem que servir”, pontuou a m�e.

Josiv�nia diz que viu as frases do menino como se fossem algo natural para ele - o que tornaria mais preocupante em tempos de intensifica��o de discursos preconceituosos semelhantes.

“S� penso como vai ser daqui pra frente se tivermos um representante que diz que lugar de negro � na senzala”, disse ela.

A doutoranda se declara mais incomodada com a banaliza��o do racismo. Conta que, logo ap�s postar o relato sobre a filha no Facebook, recebeu uma liga��o de uma colega da �rea de pedagogia minimizando o fato e dizendo que seria “muito f�cil resolver”, que “n�o foi trauma grande porque n�o aconteceu nada demais” e que ela saberia como conduzir.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)