
A advogada Marleni Fantinel Ata�de Reis, de 68 anos, e seu marido Marcio Ata�de Reis, de 46, foram assassinados a tiros e facadas, na noite de s�bado, 3, quando passavam o fim de semana em Peru�be, no litoral sul de S�o Paulo. O suspeito do crime, segundo a Pol�cia Civil, estava inconformado por ter perdido uma a��o judicial em que Marleni atuou como advogada da parte contr�ria. Neste ano, ao menos cinco advogados foram assassinados no Estado, quase sempre em raz�o do exerc�cio da profiss�o.
Marleni e o marido moravam em Santos, mas costumavam passar fins de semana na ch�cara, na Estrada Armando Cunha, em Peru�be. O im�vel foi invadido pelo suspeito que, armado de espingarda, atirou nas costas de Marcio. A advogada tentou fugir, mas foi alcan�ada pelo agressor, que a atingiu com v�rias facadas. Vizinhos chamaram a pol�cia. A advogada foi levada com vida � Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Peru�be e chegou a ser transferida para o Hospital Regional de Itanha�m, na mesma regi�o, por�m, n�o resistiu. Antes de morrer, ela contou aos policiais quem era o autor dos crimes.
O suspeito, Antonio Ferreira Silva, de 61 anos, teve a pris�o decretada, mas est� foragido. Conforme a Pol�cia Civil, em agosto de 2011, a filha da advogada, Virg�nia Concei��o Fantinel Dias, vendeu um Fusca ano 1983 para Antonio, mas ele n�o transferiu o ve�culo para o seu nome. A vendedora passou a receber as multas de tr�nsito sofridas pelo homem e, sem acordo, entrou com a��o na Justi�a, tendo como advogada a pr�pria m�e. Em junho, o juiz Alexandre das Neves condenou Silva a pagar R$ 2 mil a Virg�nia por danos morais e a regularizar a documenta��o do carro, sob pena de multa di�ria de R$ 100. Conforme o relato da filha, ela e sua m�e passaram a receber amea�as de Silva.
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santos classificou o assassinato da filiada como uma afronta a toda a advocacia. "Quando se cala a voz daquele que busca a Justi�a por algu�m, no exerc�cio de sua profiss�o, se cerceia uma liberdade individual", disse o presidente da subseccional, Luiz Fernando Afonso Rodrigues. Os corpos do casal foram sepultados na manh� desta segunda-feira, 5, no Cemit�rio Metropolitano de S�o Vicente.
Cinco mortes
Somente neste ano, ao menos cinco advogados foram assassinados no estado e, na maioria das vezes, o crime teve rela��o com o trabalho profissional das v�timas. No dia 13 de julho, o advogado Nilson Aparecido Carreira M�nico, de 56 anos, foi morto a tiros em seu escrit�rio, em Presidente Venceslau, no oeste paulista. O autor dos disparos, um ex-policial, e o suspeito de ser mandante do crime, um empres�rio, foram presos. Conforme a investiga��o, o advogado foi morto por ter movido a��o, em defesa de seu cliente, contra o empres�rio.
Uma semana depois, o advogado Kleber Martins de Ara�jo, de 60 anos, foi morto a tiros no interior de seu escrit�rio, em Campos do Jord�o. Ele era criminalista e foi baleado cinco vezes. O crime ainda � investigado, mas, segundo a OAB, h� ind�cios de estar relacionado � atividade profissional do advogado.
No dia 26 do mesmo m�s, o advogado Jonatas Fernando Venturini da Silva, 32 anos, foi assassinado a tiros por homens numa moto quando sa�a de casa, em Atibaia. A Pol�cia Civil ainda busca suspeitos do crime.
Em 14 de agosto, o advogado Carlos Roberto Binelli, de 65 anos, ex-presidente da OAB local, foi morto dentro de casa, em Esp�rito Santo do Pinhal. A investiga��o inicial apontou para latroc�nio. De acordo com o presidente da OAB-SP, Marcos da Costa, todos os casos est�o sendo acompanhados pela entidade. "O advogado atua na defesa dos direitos do seu cliente e, quando acontece algo assim por conta do exerc�cio da profiss�o, o que est� sendo atacada � a possibilidade do cidad�o defender seu direito", disse.
No caso da advogada Marleni Reis, representantes da Ordem acompanharam as provid�ncias e o r�pido esclarecimento da autoria e motiva��o do crime. Conforme Costa, os ataques n�o se restringem ao Estado de S�o Paulo. "Infelizmente, tivemos mais de 70 assassinatos recentes de advogados em todo o Pa�s. Estamos vivendo momentos dif�ceis. Num momento de intoler�ncia, como o que vivemos, quem est� na linha de frente na defesa do estado de direito sofre as consequ�ncias", disse.
