No dia em que se completam oito meses do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Gomes, a Anistia Internacional afirmou que as investiga��es da pol�cia se encontram num "labirinto", uma vez que n�o h� informa��es fechadas ainda sobre o(s) mandante(s) e a motiva��o do crime, o(s) executor(es) e a arma e o carro usados pelos assassinos. A ONG defende que seja estabelecido um mecanismo externo e independente para acompanhamento do trabalho policial, de modo a aferir se n�o est� havendo interfer�ncia indevida - o crime teve motiva��o pol�tica, segundo aponta a apura��o.
A Anistia fez um levantamento sobre as poucas informa��es j� divulgadas (o caso corre em sigilo total pela �rea da seguran�a do Estado, sob interven��o federal desde fevereiro) e apontou todas as perguntas ainda sem respostas; por exemplo: qual foi a origem da arma e da muni��o utilizadas, por que n�o foram feitos exames de raio x nos corpos, qual foi o trajeto dos assassinos na noite do crime.
O documento foi divulgado nesta quarta-feira, 14, com a presen�a dos pais de Marielle, Marinete e Antonio Silva. Marinete disse esperar que n�o haja preju�zo para as investiga��es com a troca de governo e mudan�as na pol�cia a partir de janeiro de 2019.
"J� deram v�rias vers�es, disseram que o caso estava caminhando. Tanto o (ministro da Seguran�a P�blica) Raul Jungmann quanto (o secret�rio de Seguran�a, general) Richard Nunes disseram que estava praticamente resolvido, e n�o estamos vendo isso. Cada vez que sai uma not�cia que tem um avan�o e est� chegando perto, a gente n�o tem nada de concreto. Temos que aguardar mesmo e ver o que acontece at� o fim do ano", afirmou Marinete. "A impress�o que tenho � que estamos enxugando gelo. Todo m�s s�o as mesmas perguntas sem respostas", disse o pai da vereadora.
Em setembro, o deputado Marcelo Freixo (PSOL), que era amigo de Marielle e trabalhara dez anos com ela na Comiss�o de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, ouviu da pol�cia que o crime estava perto da elucida��o. Poucos dias depois, o secret�rio da Seguran�a afirmou que ele poderia n�o ser desvendado at� o fim da interven��o, dia 31 de dezembro.
No �ltimo dia 1�, Jungmann anunciou que a Pol�cia Federal est� investigando se a condu��o da investiga��o pela Delegacia de Homic�dios da Pol�cia Civil do Rio est� sofrendo inger�ncia externa (os agentes federais n�o ir�o entrar na apura��o do crime em si, ele ressalvou). Isso porque h� a suspeita de que agentes do Estado, pol�ticos ou policiais, podem estar atrapalhando o trabalho, para acobertar comparsas - uma das hip�teses � a participa��o de integrantes de uma mil�cia, com liga��o com a pol�cia.
A coordenadora de pesquisa da Anistia, Renata Neder, disse que n�o h� sinaliza��o de que o conclus�o se d� at� o fim de dezembro. "Afinal, qual � o andamento da investiga��o? As autoridades precisam se responsabilizar diante desse quadro de incongru�ncia e de perguntas sem resposta. Sem press�o n�o tem solu��o", afirmou, lembrando que Marielle era defensora dos direitos humanos e vereadora eleita no Rio, segunda maior cidade do Pa�s, e que sua execu��o foi um ataque �s institui��es democr�ticas.
"A Anistia vem a publico reiterar sua posi��o de que � urgente um mecanismo externo e independente para monitorar essas investiga��es, com peritos, juristas e especialistas em investiga��o criminal. Eles deveriam poder se debru�ar sobre as investiga��es para verificar se o devido processo est� sendo seguido, se todas as linhas est�o sendo exploradas, se est� havendo neglig�ncia, interfer�ncia externa indevida. A Anistia desde o in�cio alertou para o risco desse caso ficar sem solu��o", pontuou.
Defensora dos direitos de moradores de favelas, negros, mulheres e da popula��o LGBT, Marielle levou quatro tiros na cabe�a dentro de seu carro na noite de 14 de mar�o. Ela e seu motorista sa�am de um evento no Est�cio, regi�o central do Rio, quando foram executados. Foi noticiado que as c�meras de seguran�a da Prefeitura do ponto exato onde ocorreu o crime haviam sido desligadas, mas n�o houve maiores esclarecimentos.
A Anistia convoca a popula��o a ajudar na press�o �s autoridades para que o caso n�o se junte a outros de assassinatos de ativistas de direitos humanos n�o elucidados.
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