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Estado de Minas GERAL

Sobrevivente do Holocausto morre aos 86 anos em S�o Paulo


postado em 19/11/2018 12:54

A sobrevivente do Holocausto Miriam Brik Nekrycz, de 86 anos, morreu no �ltimo domingo, 18, em S�o Paulo. Nascida em Lutsk, na Ucr�nia, ela veio ao Brasil ap�s perder a fam�lia inteira na Segunda Guerra Mundial.

No Pa�s, Miriam se casou com Ben Abraham e constituiu uma nova fam�lia, al�m de se dedicar � preserva��o da mem�ria da guerra por meio de palestras. "Procuro sempre lembrar do que aconteceu para que n�o aconte�a nunca mais."

Mais velha de uma fam�lia com quatro crian�as, Miriam tinha 9 anos quando os alem�es invadiram a cidade onde morava, no Leste da Pol�nia, que vivia sob o regime comunista e se localizava perto da fronteira com a Uni�o Sovi�tica. "Na noite de 22 de junho de 1941, acordamos com um estrondo terr�vel. A casa tremia, as coisas voavam e os vidros quebraram. E n�o sab�amos o que estava acontecendo."

"As pessoas que tinham condi��es, fugiam para a Uni�o Sovi�tica", afirmou em uma palestra. "Mas n�s fomos para uma aldeia pr�xima na cidade. J� tinha muita gente por l�. Os alde�es nos vendiam �gua e peda�os de p�o por um pre�o muito alto."

N�o demorou para que os nazistas tomassem o controle. Segundo Miriam, os alem�es afixavam decretos nas paredes, e os judeus eram for�ados a acatar. "Saiu um decreto dizendo que os homens de 16 a 60 anos deviam se apresentar para trabalhar. Eles acharam bom e foram."

Miriam s� soube ap�s o fim da guerra que todos os 3 mil homens da cidade que se apresentaram foram mortos no mesmo dia. "N�s est�vamos morando de favor com minha av� junto com outras duas fam�lias. A gente passava uma fome terr�vel, porque os alem�es nos permitiam comprar somente 80 gramas de p�o por dia."

Ela e a fam�lia tiveram que se mudar para os guetos. Ficaram na casa lotada de uma tia. "Eu dormia em cima de um ba� arredondado. Eu ca�a toda hora", lembrou. Com a ajuda de alguns cat�licos, conseguiram ir para uma cidade mais tranquila. "Havia uma igreja no per�metro do gueto Os cat�licos iam l� todos os domingos", contou. "Eles [os cat�licos] nos esconderam na carro�a e passamos pela guarda." A vida de Miriam, por�m, continuou turbulenta. "Como uma ventania, os alem�es chegaram na cidade onde est�vamos e o sofrimento come�ou tudo de novo."

Sem nenhuma experi�ncia, a m�e e a tia de Miriam come�aram a trabalhar de gra�a na fazenda de um alem�o que morava na Pol�nia porque acreditavam que teriam mais chances de sobreviver se trabalhassem. Enquanto as mulheres carpiam a terra, Miriam e a prima eram respons�veis por levar o almo�o, que consistia em uma papa de farinha com �gua.

No ver�o, fugiram ap�s saberem que os alem�es estavam levando os judeus para fora da cidade. Foram para uma floresta, onde cavaram um buraco para se esconder. Miriam e a prima ficaram encarregadas de ir na casa de camponeses em busca de alimento, j� que as mulheres corriam o risco de serem reconhecidas. �s vezes, as duas meninas ganhavam os restos de comida destinados aos porcos. Mas tamb�m ouviam coisas como: "�, judia, voc� ainda est� viva? Vou chamar os alem�es".

Em uma dessas buscas por comida, Miriam bateu na porta de Stef�nia, cujo marido havia servido no ex�rcito sovi�tico contra os nazistas. Stef�nia prop�s que a menina, ent�o com 10 anos de idade, trabalhasse na casa, cuidando de um beb� e dos animais. A m�e de Miriam ficou muito contente e recomendou que a menina aceitasse a proposta imediatamente. Em troca, Miriam tinha uma moradia e podia levar comida para a fam�lia, que permanecia na floresta.

Um dia, ouviu gritos e choros a caminho do local onde a fam�lia estava escondida. Ao se aproximar, viu homens fardados de azul-marinho (ucranianos) e de verde (alem�es). Ela trope�ou e caiu. O barulho emitido fez com que os soldados come�assem a atirar. Nenhuma bala atingiu Miriam, mesmo assim, desmaiou. Quando acordou, todos j� estavam mortos.

Veio para o Brasil porque descobriu que tinha parentes por aqui. "Um milh�o e meio de crian�as judias foram exterminadas durante o Holocausto. Quis o destino que eu, uma das poucas, fosse salva", escreveu em seu livro "Relato de uma vida". "Se eu fui preservada apenas para presenciar a derrota nazista, sentir o gosto supremo da liberdade e ver a vit�ria sobre a opress�o e a morte, isto bastaria para eu me considerar feliz."

O enterro aconteceu na manh� desta segunda-feira, 19, no Cemit�rio Israelita Butant�.


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