O Minist�rio P�blico de Goi�s e a Pol�cia Civil j� apuram h� meses den�ncias de abuso sexual envolvendo o m�dium Jo�o Teixeira de Faria, o Jo�o de Deus. No s�bado, o programa da TV Globo Conversa com o Bial trouxe dez relatos. A reportagem obteve um depoimento de uma estudante de S�o Paulo, que atuava como guia em Abadi�nia e vai � Justi�a.
A paulista, que preferiu n�o se identificar, pretende procurar esta semana o Minist�rio P�blico para formalizar a den�ncia. "N�o quero dinheiro, quero Justi�a", afirmou. Os abusos teriam ocorrido desde 2016, em quatro ocasi�es distintas (veja ao lado). Antonia (nome fict�cio), de 28 anos, foi a Abadi�nia pela primeira vez em 2015. Depois, come�ou a atuar como guia. Sua responsabilidade era levar pessoas de S�o Paulo para o centro espiritual.
Segundo o Minist�rio P�blico, outras den�ncias foram encaminhadas � Pol�cia Civil do Estado de Goi�s ainda no primeiro semestre. O delegado-geral da Pol�cia Civil, Andr� Fernandes de Almeida, confirmou � reportagem que foram abertas investiga��es em outubro pela Delegacia Estadual de Investiga��es Criminais (Deic). "Ele est� sendo investigado h� 45 dias, bem antes de o caso ter sido levado � TV." O delegado contou que a apura��o foi transferida para a Deic, na capital goiana, pela complexidade da situa��o e pelo risco de haver intimida��o das testemunhas, al�m do fato de ser uma delegacia especializada.
Mais mulheres procuraram distritos neste fim de semana, alegando terem sido v�timas de Jo�o de Deus. Ao Fant�stico, da Rede Globo, o MP disse neste domingo ter relatos de ass�dio desde 2010 e deve criar uma for�a-tarefa para analisar todas as queixas. O programa levantou acusa��es desde os anos 1980.
Considerando reportagens da TV Globo e do jornal O Globo, feitas nos �ltimos tr�s meses, h� mais de 30 relatos de mulheres entre 30 e 40 anos. Sempre em um espa�o particular, a portas trancadas, elas alegam ter sido obrigadas a praticar atos sexuais e teriam o corpo tocado por Jo�o de Deus para "uma limpeza espiritual".
Espiritismo
Ap�s as acusa��es, a Federa��o Esp�rita Brasileira (FEB) veio a p�blico para destacar que "o Espiritismo orienta que o servi�o espiritual n�o deve ocorrer isoladamente, apenas com a presen�a do m�dium e da pessoa assistida". "N�o recomenda, portanto, a atividade de m�diuns em trabalho individual, por conta pr�pria", afirmou, em nota oficial.
A reportagem n�o conseguiu localizar Jo�o de Deus no domingo para tratar do caso. � TV Globo, seu advogado, Alberto Toron, destacou que ele "recebe com indigna��o as den�ncias", e nega qualquer ilegalidade.
'Era ass�dio'
Uma estudante paulista que se identificou como Ant�nia falou sobre o ass�dio cometido por Jo�o de Deus, quando procurou ajuda do m�dium. "Terminado o trabalho, ele pediu para que eu o encontrasse numa sala cont�gua ao sal�o onde os fi�is s�o atendidos. Ao chegar � sala, Jo�o pediu para que trancassem a porta (foi quando uma acompanhante de Antonia, ficou com olhos fechados, virada para parede)".
"Jo�o dizia que a limpeza dos chacras teria de ser feita sem a observa��o de ningu�m. Ele colocou o p�nis para fora e perguntou a minha idade. Disse 26. E ele respondeu: "Ent�o voc� vai mexer aqui 26 vezes". Fiquei desorientada, mas n�o consegui fazer nada al�m de obedecer.
"Chegando � pousada, chorei muito. Mas n�o conseguia abandonar o trabalho. Al�m disso, acreditava que ele ajudava as pessoas. N�o conseguia ver o que era o ritual, o que era abuso. Em outras tr�s ocasi�es, os abusos se repetiram. Num determinado momento, n�o consegui continuar (como guia). Em outubro do ano passado, por�m, decidi voltar para Abadi�nia. Ao ver que eu estava sempre acompanhada de um homem, ele evitou se aproximar", disse.
"Da� ficou claro para mim que se tratava de ass�dio. De que n�o havia nada de limpeza de chacras. Ao ver o depoimento de mulheres (na TV Globo) decidi dividir a hist�ria. Claro que foi do�do. Mas, ao mesmo tempo, me ajudou a me libertar, a ver que n�o estava sozinha e n�o precisava carregar a culpa que ainda carregava. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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