A for�a-tarefa do Minist�rio P�blico de Goi�s criada para investigar os casos de abuso sexual que teriam sido cometidos por Jo�o Teixeira de Faria, conhecido com m�dium Jo�o de Deus, recebeu nesta segunda-feira, 10, 40 contatos formais de mulheres que afirmam ter sido v�timas de abuso sexual. O MP e a Pol�cia Civil de Goi�s come�aram a agendar os depoimentos.
No fim de semana j� haviam sido registrados dois boletins de ocorr�ncia contra o l�der religioso, que faz seus atendimentos na cidade goiana de Abadi�nia.
As conversas informais ouvidas at� o momento pelo Minist�rio P�blico de Goi�s indicam que a investiga��o ter� como ponto central o abuso sexual. Mas, al�m disso, ser� avaliada tamb�m a pr�tica de outros crimes. Nem Minist�rio P�blico nem Pol�cia Civil informaram quais seriam os demais delitos.
As duas institui��es se preparam tamb�m para a possibilidade de pedir o fechamento preventivo da Casa Dom In�cio de Loyola, onde os atendimentos s�o realizados. "Temos ainda que avaliar os depoimentos que forem formalizados. Dependendo do que for constatado, essa hip�tese n�o est� descartada", afirmou o coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Minist�rio P�blico de Goi�s, Luciano Meireles. A medida seria tomada para evitar a eventual pr�tica de novos delitos.
As investiga��es ser�o feitas de forma simult�nea pelo Minist�rio P�blico e Pol�cia Civil. Marcella Or�ai, delegada de Goi�s, afirmou que, al�m das novas den�ncias, outros dois inqu�ritos contra Jo�o de Deus est�o em curso. Um deles, de 2016, e outro, aberto neste ano. "Ambos est�o em est�gio avan�ado, e o desfecho dever� ser em breve", afirmou.
Marcella atribuiu a demora na investiga��o dos dois casos � "complexidade" da investiga��o e tamb�m � resist�ncia em uma das v�timas em continuar o inqu�rito. "N�o � uma tarefa f�cil. H� todo um trabalho de convencimento." Questionado se houve demora na investiga��o da Pol�cia Civil, Meireles foi cuidadoso: "� preciso antes analisar o que foi identificado nos inqu�ritos abertos."
Nesta segunda, Pol�cia Civil e Minist�rio P�blico se reuniram para definir a estrat�gia conjunta de trabalho. Nesta ter�a, uma nova reuni�o dever� ser realizada. "A ideia � unir for�as para que o caso seja elucidado da forma c�lere, ouvindo eventuais v�timas com a maior brevidade poss�vel", disse Meireles.
Primeiros casos
As den�ncias ganharam for�a depois de o programa da Rede Globo Conversa com Bial apresentar depoimentos de mulheres que buscaram atendimento espiritual com o l�der e disseram terem sido abusadas. Os relatos apresentam v�rios pontos em comum: qual teria sido a estrat�gia adotada pelo l�der para atrair as v�timas, o local onde o abuso ocorria e as amea�as feitas para as mulheres.
Embora os relatos de abusos tenham aumentado, promotores afirmam ser indispens�vel que v�timas formalizem suas den�ncias. Al�m dos depoimentos, ser�o usados como prova laudos realizados por psic�logos. Meireles afirmou que, de acordo com o andamento da coleta de provas, casos semelhantes que j� haviam sido arquivados poder�o ser reabertos.
A equipe j� identificou um caso arquivado e um processo em que Jo�o de Deus recebeu uma acusa��o semelhante, mas foi absolvido. O representante do Minist�rio P�blico de Goi�s afirmou que as penas, somadas, poderiam chegar a mais de 150 anos.
Jo�o de Deus passou a segunda-feira em S�o Paulo para se encontrar com seu advogado, Alberto Zacharias Toron. De acordo com o defensor, um of�cio foi encaminhado para o Minist�rio P�blico e outros seriam enviados para a Delegacia de Pol�cia e o F�rum de Abadi�nia informando que Jo�o de Deus est� a disposi��o para esclarecimentos. "Ele volta para Abadi�nia para exercer o trabalho dele, ajudando as pessoas como vem fazendo nos �ltimos 40 anos."
Para tentar tornar mais �gil as den�ncias, o Minist�rio P�blico de Goi�s criou um e-mail espec�fico para receber relatos das v�timas: [email protected]. Relatos feitos no exterior tamb�m ser�o registrados. De acordo com Marcella, isso poder� ser feito nas embaixadas.
No caso de v�timas que moram em outros Estados, os depoimentos podem ser feitos diante da Pol�cia Civil ou Minist�rio P�blico das suas cidades. "No caso do MP, os relatos depois ser�o enviados para Goi�s", disse Meireles.
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