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Estado de Minas

Abadi�nia teme impacto da repercuss�o de esc�ndalo com Jo�o de Deus

Mais do que uma cren�a religiosa, o trabalho realizado por Jo�o de Deus em Abadi�nia � meio de sustento da popula��o de quase 20 mil pessoas. Apreens�o � grande sobre o impacto que o local sofrer� com o eventual fechamento do templo esp�rita comandado pelo m�dium


postado em 16/12/2018 08:34

Marco Rocha, gerente de uma loja, teme prejuízos:
Marco Rocha, gerente de uma loja, teme preju�zos: "Vamos antecipar o recesso de Natal e, quando voltarmos, veremos como estar� o clima" Marco Rocha, gerente de uma loja, teme preju�zos: "Vamos antecipar o recesso de Natal e, quando voltarmos, veremos como estar� o clima" (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press )

Abadi�nia (GO
) — Dividido pela rodovia BR-060, liga��o entre Bras�lia e Goi�nia, o munic�pio goiano de Abadi�nia tem tamb�m estilo de vida com duas facetas. Ambas foram sacudidas por um esc�ndalo sem precedentes. Mais que uma cren�a religiosa, o trabalho realizado pelo m�dium Jo�o de Deus, acusado de abuso sexual por mais de 300 mulheres, � meio de sustento para uma popula��o de quase 20 mil pessoas. Direta ou indiretamente, todas est�o ligadas ao funcionamento da Casa Dom In�cio de Loyola. Entre 3 mil e 5 mil fi�is passavam pelo local semanalmente — 25% deles v�m do exterior.

H� regras que, para um visitante desatento, passam despercebidas. Um dos exemplos � a “n�o recomenda��o” de venda de bebidas alco�licas nos arredores do centro esp�rita. A comercializa��o foi interrompida, segundo lojistas, a pedido de Jo�o de Deus, ap�s problemas com turistas estrangeiros que se embriagavam durante a noite e atrapalhavam os rituais espirituais. “Eles tomavam pinga e sa�am dan�ando pelas ruas. J� teve gente amanhecendo na cal�ada”, conta o gerente de um estabelecimento que parou de vender o produto h� cinco anos.

Entre muitas pedras, roupas brancas e espa�os para massagem, se o olhar n�o estiver apurado, os tri�ngulos n�o s�o percebidos. Em geral, eles est�o em toda a parte. Significam o conceito b�sico pregado por Jo�o de Deus: f�, amor e caridade. “Esse � um s�mbolo muito forte para quem participa da corrente medi�nica e para n�s, que acreditamos na energia que tem ali”, destaca o dono de um restaurante a poucos metros do templo religioso.

Esse � um meio de o turista identificar a aproxima��o da loja com o trabalho espiritual do lugar. Mas h� funcion�rios que n�o sabem o que representa exatamente. Uma vendedora de roupas que se mudou de An�polis para Abadi�nia (distantes por 36km), h� quatro meses, se enrola. “Nem sei direito. Muita gente reverencia, mas n�o sei. N�o frequento l�”, diz. Um atendente da sorveteria da rua tamb�m se esquiva. “Isso � coisa dos donos daqui. N�o acredito”, resume.

A rotina n�o foi alterada apenas nos arredores do templo esp�rita. Moradores pr�ximos da Unidade Prisional de Abadi�nia, no outro extremo da cidade, temem que uma poss�vel deten��o de Jo�o de Deus no local ponha fim aos dias de tranquilidade. “A pris�o dele por si s� gera como��o. Se for em Abadi�nia, sai de controle. Tenho medo de os devotos fazerem manifesta��es aqui”, salienta a artes� Divina Almeida, 60 anos, vizinha da cadeia e habitante da cidade h� duas d�cadas.

Pavor


O morador de uma casa lim�trofe ao pres�dio est� apavorado. “O Jo�o sempre foi o grande mandat�rio da cidade. Se for preso em Goi�nia, j� � um pandem�nio. Se acontecer aqui, ser� um caos, vai ter quebradeira. Tenho filhos, mulher e pais idosos. Como fica minha seguran�a e a deles se resolvem deix�-lo aqui, mesmo que por duas noites? Espero que a pris�o seja bem planejada”, alerta o morador, sem se identificar.

A preocupa��o com o futuro da cidade, em todos os seus aspectos, cresce a cada dia, assim como o receio de comentar o assunto. A receptividade do in�cio da semana passada deu lugar a olhares desconfiados e hostilidade. “Muita gente depende do funcionamento da casa. Direta ou indiretamente, a cidade respira aquilo”, frisa o prefeito de Abadi�nia, Jos� Aparecido Diniz. Ele e Jo�o de Deus s�o advers�rios pol�ticos.

Pelo menos 1,3 mil empregos diretos est�o amea�ados com a eventual derrocada do templo espiritual. O golpe pode ser ainda maior e chegar a cinco mil, levando em conta servi�os secund�rios e atividades complementares. “N�o temos outra resposta: � uma situa��o delicada demais”, conclui o chefe do Executivo municipal.

O principal impacto ser� na hotelaria, um setor desregulado. A prefeitura tem licen�as emitidas para 69 estabelecimentos. Contudo, a Casa Dom In�cio de Loyola contabiliza pelo menos 83 estabelecimentos. “Se realmente houver uma queda no movimento, o que eu acho dif�cil a longo prazo, as pessoas ter�o de arrumar um novo meio de vida”, prev� o prefeito. Ao longo dos dias, poucas pousadas ficaram com as portas abertas. H�spedes e gerentes evitam comentar o assunto.


Preju�zos


No com�rcio, lojas j� amargam preju�zo de 70%. Uma delas � a que o gerente Marco Rocha, 50 anos, administra. “Vamos antecipar o recesso de Natal e, quando voltarmos, veremos como estar� o clima. Isso nunca aconteceu, � uma situa��o nova. Vamos aguardar o resto do ano para tomarmos uma posi��o”, lamenta. Uma das peculiaridades nesse setor � o tabelamento de produtos. Uma blusa branca simples custa R$ 35 na maioria das lojas. Uma cal�a masculina, R$ 65. Apesar da coincid�ncia, os vendedores negam a pr�tica.

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A comerciante Magda Gonzaga, 47 anos, est� preocupada com a possibilidade de uma derrocada em seus neg�cios. H� seis meses, ela investiu R$ 12 mil para abrir uma loja de roupas. Agora, vive a inseguran�a da situa��o. “Tem de separar o m�dium do homem. L�, o trabalho espiritual � s�rio. Nossos neg�cios n�o podem ser prejudicados por algo que ainda n�o foi comprovado”, reclama.

"Tem de separar o m�dium do homem. L�, o trabalho espiritual � s�rio. Nossos neg�cios n�o podem ser prejudicados por algo que ainda n�o foi comprovado”

Magda Gonzaga, comerciante

Abadi�nia em n�meros

- Estimativa da popula��o em 2017: 19.614 pessoas
- M�dia mensal da renda dos trabalhadores formais: 1,7 sal�rios m�nimos
- Total da popula��o ocupada formalmente: 11,5 %
- Total de professores na cidade: 160
- Taxa de escolariza��o de 6 a 14 anos de idade: 94,3 %
- �bitos por mil nascidos vivos � a mortalidade infantil: 29,13
- Esgotamento sanit�rio adequado: 77,5 %
- �ndice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) em 2010: 0.689

Fonte: IBGE


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