Em meio aos depoimentos de mulheres que contam ter sido abusadas pelo m�dium Jo�o de Deus est� o da Fl�via (nome fict�cio), de 24 anos. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ela afirma que deixou a viol�ncia sofrida guardada por anos por sentir culpa, medo e vergonha. A seguir, o relato:
"O abuso aconteceu quando eu tinha 20 anos. Mas, antes disso, eu j� frequentava a CDI (Casa Dom In�cio de Loyola, em Abadi�nia) por anos, desde meus 13. Eu tinha um carinho muito grande pelo m�dium Jo�o (de Deus), sempre fazia quest�o de cumpriment�-lo. Em uma viagem, se n�o me engano em janeiro de 2015, fui na sala dele ap�s os atendimentos da manh�, provavelmente eu fui pelo fato da entidade me pedir para ir falar com ele, pois nessa �poca eu pedia ajuda pelo vestibular".
"Nessa parte, eu n�o lembro muito bem o que conversamos, mas o abuso foi quando ele me levou para um corredor na sala, e me pediu para ficar de costas, nisso me falou que iria passar energia. Muito r�pido ele levou a minha m�o para o p�nis dele e pediu para que eu mexesse o quadril. E eu fui fazendo, mas sem entender nada, apenas pensando 'o que est� acontecendo?'", relatou.
"Ap�s isso, ele me levou para o banheiro, onde tem uma cadeira, e essa cena � forte na minha cabe�a: eu estava praticamente masturbando ele, ele sentado e eu de joelhos, chorando, n�o entendendo nada. N�o lembro se ele pediu para fazer sexo oral. Quando acabou o ato, essa outra cena tamb�m ficou marcada: eu lavando a m�o na pia e chorando muito mesmo, e ele do lado falando que eu n�o precisava chorar".
"Foi apenas essa vez que aconteceu, porque em nenhuma outra vez eu estava sozinha com ele ou, quando entrava, era conversa muito r�pida, pois havia mais pessoas para conversar com ele. Eu decidi n�o contar para ningu�m, pois foi tempo at� relacionar isso como um abuso".
"Eu guardei isso por anos. Primeiro porque voc� se sente culpada, se questiona porque deixou que isso acontecesse. Vergonha, medo, como eu iria denunciar uma pessoa que tem uma legi�o que o acompanha e que tem uma enorme for�a em todos os sentidos?", perguntou.
"Minha fam�lia frequentava a CDI tamb�m, houve curas em nossa fam�lia. Eu n�o queria estragar essa f� deles tamb�m, sabe? Ent�o decidi que esse seria meu eterno segredo. Eu coloquei esse abuso como uma coisa para meus subconsciente esquecer, para evitar pensamentos, traumas e paranoias".
"Estou chocada pelo fato disso ter acontecido com centenas de outras mulheres. Eu voltei algumas vezes na CDI ap�s ter acontecido o abuso, mas pelo fato de ter f� nos trabalhos das entidades, evitava ele e o meu carinho por ele deixou de existir", finalizou.
O m�dium se entregou a pol�cia neste domingo, 16, e nega ter cometido abusos sexuais.
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