A pris�o preventiva de Jo�o de Deus trouxe um impacto n�o apenas para o movimento da Casa Dom In�cio de Loyola, onde o m�dium costumava fazer os atendimentos, mas tamb�m em procedimentos do local. C�psulas "energizadas", antes vendidas a um pre�o de R$ 100, passaram agora a ser distribu�das gratuitamente. Funcion�rios do centro afirmaram que a mudan�a foi determinada pelo pr�prio m�dium, que costumeiramente indicava o rem�dio manipulado para mais de dois ter�os dos frequentadores.
Na manh� desta quarta-feira, 19, a casa reunia menos de 200 pessoas em busca de tratamento espiritual. A sess�o, a primeira depois da pris�o preventiva do m�dium, come�ou mais tarde do que o usual, por volta das 9h. E uma hora depois j� quase n�o havia fila no local.
A maior parte dos bancos ficou vazia. O sil�ncio era tamanho que era poss�vel ouvir os grilos. A televis�o, que tradicionalmente exibe filmes com opera��es feitas por Jo�o de Deus, trazia apenas o alerta que as tradu��es eram feitas em v�rias l�nguas. E o nome do l�der, que antes da pris�o era citado de forma constante, n�o foi mencionado nesta quarta-feira.
Jo�o de Deus est� preso desde domingo, dia 16, em Goi�nia, acusado de abusar sexualmente de pacientes em consultas que ele realizaria de forma particular, no pr�prio centro.
Poucos foram os frequentadores dispostos a falar sobre o tema. Um dos funcion�rios, que n�o quis ter seu nome identificado, adotou o discurso dos advogados de defesa e afirmou que o m�dium, de 76 anos, era muito assediado por mulheres.
"Aqui nesta casa h� apenas a verdade", afirmava a oradora numa palestra para os poucos fi�is que ali se encontravam. Ela pedia energia para todos aqueles que passavam por prova��es.
O centro atrai mensalmente cerca de 10 mil pessoas, cerca de 40%, estrangeiros. Nesta manh�, a maior parte dos frequentadores era estrangeira. E em sua maioria, j� tinham vindo para Abadi�nia em outras oportunidades. Poucos foram as pessoas que estavam na Casa Dom In�cio nesta manh� pela primeira vez.
A passiflora � preparada num laborat�rio que funciona na pr�pria Casa Dom In�cio de Loyola. O centro foi alvo na ter�a-feira, 18, de buscas pela Pol�cia Civil. De acordo com funcion�rios, as c�psulas s�o iguais para todos. O que muda seria a "energia" dispensada em cada frasco. Na a��o de busca em im�veis de Jo�o de Deus, a pol�cia apreendeu armas e dinheiro vivo.
Para os fi�is, a energia do rem�dio � personalizada. O tratamento dura cerca de dois meses. Questionado porque as c�psulas s�o vendidas a esse pre�o, funcion�rios afirmam haver custos para manuten��o da f�brica - registrada no nome da mulher de Jo�o de Deus, Ana Keila Teixeira. Al�m disso, argumentam de que tudo o que � doado, n�o � valorizado.
A estimativa � que sejam vendidos mensalmente cerca de 8 mil frascos de rem�dio no centro. Isso significa que, somente com as c�psulas, a casa teria um faturamento bruto de R$ 800 mil. Sem falar na pomada para dores, para queimaduras e o xarope.
A ordem de gratuidade � apenas para a passiflora. De acordo com funcion�rios, n�o h� ainda expectativa se o rem�dio ser� dado de forma gratuita para todos. Embora sem custo, as filas para a retirada das c�psulas n�o foi grande.
As ruas da parte nova da cidade amanheceram vazias. �s 8 horas, menos de 100 pessoas iam � p�, vestidas de branco, rumo ao centro. Costumeiramente, s�o centenas.
O impacto no movimento aterroriza o com�rcio da regi�o. Eles temem que, mantida essa queda, os preju�zos ser�o ainda maiores. J� se fala em demiss�es. Situada a 113 quil�metros de Bras�lia, Abadi�nia tem atualmente 17 mil habitantes. A estimativa da prefeitura � de que a Casa Dom In�cio de Loyola seja respons�vel por cerca de 1.300 empregos, diretos e indiretos.
N�o h�, no momento, de acordo com funcion�rios, expectativa de se fechar a casa. O recesso de fim de ano, que foi cogitado, agora est� praticamente descartado.
Funcion�rios costumam comparar a casa a uma igreja. O padre at� pode sair, mas o centro religioso permanece aberto. Funcion�rios dizem n�o haver sucessor para Jo�o de Deus. Caso a pris�o se arraste, o "hospital espiritual', que acreditam existir em cima da casa, continuar� funcionando por meio dos volunt�rios que fazem a corrente, afirmam.
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