As medalhas de Felipe Bagni, de 17 anos, t�m um peso que, at� ent�o, nem ele media. Pela primeira vez, poder�o valer uma vaga em um curso de gradua��o na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Colega de Felipe, Gustavo Martins, de 14, tamb�m acumula pr�mios. O aluno do 1.� ano do ensino m�dio n�o vai tentar vestibular agora, mas poder� ter ainda mais op��es quando chegar a sua vez de se candidatar a uma universidade p�blica.
Seguindo o exemplo da Unicamp, a Universidade de S�o Paulo (USP) e a Estadual Paulista (Unesp) pretendem abrir vagas "ol�mpicas" - aquelas destinadas a alunos com medalhas em competi��es cient�ficas como as de Matem�tica, F�sica e Qu�mica - nos pr�ximos anos. A nova modalidade de sele��o faz parte de uma tend�ncia de diversificar formas de ingresso nas institui��es paulistas.
"Para um estudante que passou bom tempo se dedicando, � um �timo jeito de a universidade reconhecer", diz Felipe, estudante do 3.� ano do Col�gio Objetivo Integrado.
Empolgado com torneios pr�ticos, ele tentar� uma vaga em Engenharia da Computa��o na Unicamp com os pr�mios que conquistou em competi��es de Rob�tica, F�sica e Inform�tica.
"Eu me apaixonei pela Rob�tica. Tem o trabalho em equipe, de botar a m�o na massa", diz Felipe, que teve at� de aprender a ler partituras para criar um rob� tecladista.
A Unicamp destinou 90 vagas (parte delas extras) em 26 cursos para ingresso exclusivo de alunos medalhistas - as inscri��es come�aram em novembro. Estudantes que optarem pelas vagas ol�mpicas na Unicamp n�o precisar�o fazer os testes tradicionais - basta apresentar os pr�mios e o hist�rico escolar.
Se quiserem, tamb�m podem concorrer na modalidade convencional separadamente. Neste ano, 18 olimp�adas ser�o consideradas nessa modalidade. Quanto mais dourada a medalha, maior a pontua��o. E pr�mios em torneios internacionais aumentam a chance.
Por enquanto, competi��es na �rea de Humanas, como as de Hist�ria e Geografia, n�o est�o valendo para este vestibular. Mas, segundo o professor Jos� Alves de Freitas Neto, coordenador executivo da Comvest, que organiza o vestibular da Unicamp, poder�o ser inclu�das nas pr�ximas edi��es.
"Os cursos de gradua��o t�m autonomia para aderirem ou n�o ao sistema de vagas ol�mpicas, desde que cumpram alguns requisitos b�sicos (como car�ter nacional e exist�ncia da competi��o h� mais de 5 anos)", diz Freitas Neto. "Seria desej�vel que outras �reas adotassem o modelo."
C�rebros
A ideia da mudan�a � "atrair os melhores estudantes" para a Unicamp, diz o professor. � comum que alunos ol�mpicos, principalmente aqueles com premia��es em torneios internacionais, deixem o Pa�s. No exterior, universidades de ponta avaliam todo o hist�rico dos candidatos - e o engajamento nesse tipo de atividade aumenta o cr�dito nas sele��es.
"Se eles n�o t�m oportunidade no pr�prio pa�s, procuram onde oferece. S�o estudantes especiais", diz o pr�-reitor de Gradua��o da USP, Edmund Baracat. A universidade, que ocupa o topo de rankings de desempenho no Pa�s, estuda a ado��o desse novo modelo de ingresso para o pr�ximo vestibular - com entrada em 2020. As discuss�es, diz, est�o sendo feitas em cada uma das unidades e ainda n�o h� defini��o sobre o n�mero de vagas ol�mpicas.
Para Gladis Massini-Cagliari, pr�-reitora de Gradua��o da Unesp, diversificar as formas de ingresso � um jeito de atender a dois tipos de expectativas. "As universidades p�blicas t�m de conciliar a demanda pelo m�rito, de selecionar os melhores, com a do compromisso social."
Para as vagas ol�mpicas, a Unesp estuda atribuir pontua��o �s medalhas e agregar outro crit�rio para desempate - a nota no Enem pode ser um deles.
Um dos cuidados necess�rios, diz Gladis, � garantir que a propor��o geral de ingressantes de escolas p�blicas seja mantida. H� ainda o desafio de garantir a seguran�a das competi��es.
"A olimp�ada � muito barata, custa R$ 2 por aluno, e n�o tem mecanismos bem desenvolvidos para evitar vazamentos", diz Claudio Landim, coordenador-geral da Olimp�ada Brasileira de Matem�tica das Escolas P�blicas (OBMEP), organizada pelo Instituto de Matem�tica Pura e Aplicada (Impa).
Especialista em ensino superior, Elizabeth Balbachevsky aprova as mudan�as. "O ensino secund�rio � montado dentro da estrat�gia de preparar para responder a um teste, como se isso desenvolvesse qualidades e compet�ncias para os jovens enfrentarem o mercado de trabalho", critica. Ela v� necessidade de que avalia��es considerem todo o percurso escolar. "Nem sempre o aluno muito bem treinado para a maratona do Enem � o que se sai melhor na gradua��o."
Engenheiro qu�mico formado na Espanha, William Teixeira, de 24 anos, n�o teve a chance de usar suas medalhas de Matem�tica, Qu�mica e Astronomia para entrar na faculdade. Ele prestou o Enem, passou em uma federal brasileira, mas acabou indo para a Europa. "As olimp�adas avaliam outras �reas que o vestibular n�o consegue. As f�rmulas que eu tinha de saber eram m�nimas, exigia mais capacidade de pensar." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
GERAL