Ver coletores ambientais de bitucas de cigarro na areia da praia � o primeiro sinal de limpeza e organiza��o, algo fora do comum no litoral paulista. Mas isso � s� um detalhe da pol�tica de manuten��o da Praia da Baleia, em S�o Sebasti�o, no litoral norte. Lixeiras foram instaladas a cada 200 metros; vigias orientam turistas em rela��o a lixo, seguran�a de crian�as e proibi��o de c�es; e cinco guarda-vidas est�o de prontid�o por 2 quil�metros, sendo dois na �gua e tr�s em postos fixos na areia.
Essa � a infraestrutura da Praia da Baleia, que parece, sim, um peixe fora d'�gua, principalmente ap�s a crise econ�mica no Pa�s nos �ltimos anos. Como regra, a maior parte das prefeituras teve queda de arrecada��o e, por isso, menos capacidade de investir.
A infraestrutura impec�vel da Baleia se deve a uma parceria p�blico-privada entre a prefeitura e a sociedade civil, representada pela Sabaleia. Trata-se da associa��o de moradores que contrata e treina funcion�rios para manter tudo em ordem. Das 800 casas locais, 500 colaboram com uma esp�cie de condom�nio de R$ 300 mensais, em m�dia. H� quem colabore com o dobro ou ainda abra o bolso sempre que benfeitorias s�o necess�rias.
"A prefeitura n�o tem recursos para colocar esse contingente trabalhando" diz a advogada Fernanda Carbonelli, de 43 anos, uma das respons�veis pela Sabaleia. "A sociedade civil contrata pessoas para ajudar na zeladoria da praia e a prefeitura d� o apoio para grandes a��es. Isso � fundamental."
Foi assim que a Sabaleia conseguiu, por exemplo, o tratamento de esgoto. "Fizemos todos os estudos ambientais e projetos necess�rios para que a Sabesp (companhia de saneamento paulista) pudesse s� tocar as obras", diz Fernanda. Isso reduziu custos, acelerou o trabalho e fez com que hoje n�o haja contamina��o no rio e no mar.
A associa��o tamb�m montou um Centro de Controle Operacional, respons�vel por monitorar imagens da avenida da praia, onde foram instaladas 29 c�meras. Al�m do sal�rio, a Sabaleia d� uniforme, refei��o e treinamento.
Nas demais praias do munic�pio, iniciativas similares foram tomadas. Ag�ncias de seguran�a patrimonial foram contratadas para instalar c�meras agora integradas ao sistema da pol�cia do munic�pio.
Ambulantes e canudos
Uma semana antes do Natal, a prefeitura, junto com a Sabaleia, foi � Praia da Baleia esclarecer sobre a nova legisla��o municipal, que padronizou os carrinhos desses vendedores, obedecendo a todas as regras da vigil�ncia sanit�ria. O munic�pio tem 2,3 mil ambulantes. S�o Sebasti�o tamb�m aprovou lei que pro�be o uso de canudos de pl�sticos no com�rcio. O prazo para a adequa��o � at� maio.
"O trabalho das associa��es de moradores no litoral norte � fundamental para a conserva��o das praias e preserva��o ambiental", diz Julio Rodrigues, de 64 anos, dono da Pousada das Praias, em Camburizinho, praia vizinha � Baleia. Ele ajudou a construir uma pista de decolagem de paraglider, no morro da Vilela, entre Camburi e Biu�ucanga. Tamb�m se envolveu na cria��o no N�cleo S�o Sebasti�o do Parque da Serra do Mar, fundado em 1977.
A mobiliza��o de moradores de S�o Sebasti�o ajudou a evitar o avan�o da especula��o imobili�ria na regi�o. Um abaixo-assinado tamb�m levou � cria��o da �rea de Prote��o Ambiental Baleia-Sahy, com 1 milh�o de metros quadrados, em 2013.
Maresias
Praticamente todas as praias do munic�pio t�m comunidades organizadas, mas nem sempre conseguem apoio. Maresias sofre com arrecada��o baixa. S� 52 de 8 mil moradores pagam a taxa trimestral de R$ 180 � entidade comunit�ria.
O grupo tentou arrecadar verba com publicidade nas praias. Mas ap�s a �ltima troca de gest�o, segundo eles, a prefeitura disse que era preciso fazer concorr�ncia p�blica e a publicidade n�o foi retomada. Com a verba, havia 12 funcion�rios para limpeza, vigil�ncia e atendimento ao p�blico - agora s� ha dois. A reportagem n�o conseguiu contato com a prefeitura. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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GERAL
Moradores fazem da Praia da Baleia exemplo de conserva��o e seguran�a
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