Uma dieta balanceada e atividade f�sica s�o pr�ticas que podem prevenir diversas doen�as. Mas voc� sabia que h�bitos saud�veis reduzem o risco de c�ncer em at� 40% dos casos? A conclus�o foi analisada na American Society of Clinical Oncology 2018, um dos eventos mais importantes da oncologia contempor�nea global. Nesta segunda-feira, dia 4 de fevereiro, se comemora o Dia Nacional do C�ncer.
"Com exerc�cios regulares, o indiv�duo se afasta de fatores etiol�gicos conhecidamente relacionados ao desenvolvimento de c�ncer, como fumo e �lcool. A obesidade, que de fato pode ser combatida com a combina��o de dieta adequada e pr�tica de exerc�cios f�sicos, � reconhecidamente um fator etiol�gico de determinadas neoplasias malignas", avalia a Onco-hematologista da Oncocl�nica Centro de Tratamento Oncol�gico, Adriana Scheliga.
No Brasil, o Instituto Nacional do C�ncer (Inca) estima a ocorr�ncia de 600 mil casos novos a cada ano, para o bi�nio 2018-2019. No ano passado, foi elaborada uma lista com os 25 t�picos mais fortemente relacionados ao desenvolvimento do c�ncer. O objetivo � evitar paranoias e, ao mesmo tempo, conscientizar a popula��o a respeito dos cuidados a serem tomados.
"Um dos aspectos mais importantes para a preven��o do c�ncer diz respeito ao n�vel de evid�ncias cient�ficas que atribuem h�bitos de vida ou exposi��o a subst�ncias ao desenvolvimento da doen�a. A Ag�ncia Internacional de Pesquisa em C�ncer (IARC), da Organiza��o Mundial de Sa�de, estabelece uma s�rie de crit�rios antes de classificar uma subst�ncia como carcinog�nica, ou seja, capaz de provocar ou estimular o aparecimento do c�ncer em um organismo", avalia o oncologista Cristiano Guedes Duque.
A ado��o de h�bitos de vidas saud�veis e evitar a exposi��o �s subst�ncias relacionadas pode evitar n�o s� o c�ncer, mas tamb�m uma s�rie de doen�as potencialmente graves. O oncologista Cristiano Guedes Duque explica melhor sobre a rela��o dos tumores com algumas pr�ticas.
Revela, por exemplo, h�bitos que podem estar relacionados ou n�o ao c�ncer. Veja a seguir:
Tabaco: Trata-se da principal causa no mundo inteiro de doen�as e mortes evit�veis. Estima-se que o cigarro esteja relacionado � morte de quase a metade de seus usu�rios em longo prazo. A recomenda��o � n�o fumar e n�o utilizar nenhuma forma de tabaco.
Tabagismo passivo: Tamb�m pode causar c�ncer e outras doen�as cr�nicas, inclusive em crian�as. N�o se deve fumar dentro de casa.
Peso saud�vel: Inclui dieta e atividade f�sica, o que pode reduzir em at� 18% o risco de desenvolver c�ncer.
Atividade f�sica: O recomend�vel � que as pessoas se mantenham moderadamente ativas por 30 minutos ao dia.
Alimenta��o: Devem ser evitados: alimentos com excesso de calorias (tanto por a��car como por gorduras), bebidas com excesso de a��car.
�lcool: Se a pessoa j� possui esse h�bito, deve procurar limitar a quantidade. O melhor para a preven��o do c�ncer � evitar qualquer consumo de �lcool.
Exposi��o ao sol: Evite exposi��o em excesso, principalmente em crian�as. Sempre que necess�rio, utilize medidas de prote��o (roupas, protetor solar). N�o deve ser realizado o bronzeamento artificial.
Polui��o do ar e exposi��o a subst�ncias: Inclui as subst�ncias utilizadas no trabalho (na ind�stria ou em servi�os, como de cabeleireiros). O uso de forno a lenha deve ser evitado, principalmente se n�o h� exaust�o correta. O ambiente das cidades deve ter medidas para controle da polui��o.
Sa�de da mulher: Se poss�vel, as m�es devem amamentar seus filhos. A reposi��o hormonal p�s-menopausa deve ser evitada ou pelo menos limitada.
Vacina��o e infec��es: As vacinas contra hepatite B e HPV podem evitar o c�ncer.
Radia��o: Deve ser evitada exposi��o desnecess�ria, principalmente na �rea da sa�de.
Rastreamento: A descoberta do c�ncer antes dos sintomas aumenta as chances de cura. C�nceres de mama, de colo uterino e de intestino s�o os principais. As pessoas que t�m hist�ria familiar de c�ncer devem ter aten��o especial aos h�bitos de vida e discutir com os m�dicos a necessidade de um rastreamento individualizado.
Respirar certas subst�ncias, comer determinados alimentos e at� mesmo usar alguns tipos de pl�sticos elevam o risco de desenvolver alguns tipos de c�ncer.
Adriana Scheliga analisa alguns agentes cancer�genos conhecidos, assim como outros temas nos quais os cientistas est�o se concentrando e classificando como principais suspeitos.
A��car: O a��car refinado branco, presente em doces, biscoitos e muitos produtos industrializados, quando consumido em excesso, pode levar � obesidade, a altera��es metab�licas e at� ao desenvolvimento do diabetes mellitus. A obesidade pode aumentar o risco de desenvolvimento de c�ncer de mama, c�lon e reto, es�fago, rim e p�ncreas. � importante lembrar que o a��car est� presente em diversos alimentos como componente natural essencial. Alguns exemplos s�o a frutose nas frutas e a lactose nos derivados de leite. Portanto, a utiliza��o de a��car isoladamente n�o pode ser considerada um fator de causa e efeito de c�ncer.
Alimentos processados: Qualquer alimento que venha em um inv�lucro de pl�stico e esteja industrialmente selado foi projetado para durar meses sem estragar. Cientistas na Fran�a recentemente demonstraram uma rela��o entre pessoas que comem mais alimentos processados e aqueles que desenvolvem c�ncer. Por�m, ainda n�o h� certeza se o problema s�o os ingredientes estabilizadores do produto, a embalagem pl�stica ou alguma combina��o dos dois. Por isso, mais estudos s�o necess�rios para de fato comprovar a correla��o de causa e efeito. J� alimentos como os embutidos (lingui�as, salsichas, presuntos e apresuntados, entre outros) s�o apontados como grandes vil�es por causa do tratamento recebido pela carne para preserv�-la ou temper�-la, como salgar, curar, fermentar ou defumar.
Produtos qu�micos e subst�ncias t�xicas: Algumas pessoas trabalham diariamente com subst�ncias potencialmente causadoras de c�ncer. Funcion�rios em f�brica de alum�nio, amianto, determinadas tintas, derivados de benzeno, fabricantes de borracha, cabeleireiros que utilizam corantes (as coloristas) sem prote��o, trabalhadores de minas de carv�o, trabalhadores em locais de escapamento de vapores de derivados de diesel e gasolina (como frentistas de posto de gasolina), formalde�do, ars�nico.
Carne vermelha: A OMS sugere que qualquer tipo de carne vermelha possa estar ligada a um aumento do risco de c�ncer colorretal. Al�m disso, h� algumas evid�ncias que indicam que sua contribui��o para o c�ncer pancre�tico e de pr�stata, embora essa evid�ncia n�o seja t�o forte. As carnes defumadas e churrascos provavelmente tamb�m aumentam o risco de c�ncer, porque quando s�o assadas em fogo muito quente ou s�o fritas em altas temperaturas eliminam subst�ncias, como as aminas heteroc�clicas e hidrocarbonetos arom�ticos polic�clicos, que junto com as chamas aumentam os produtos qu�micos cozidos na carne consumida. Os pesquisadores n�o est�o certos de que esses produtos qu�micos causem c�ncer. Contudo, em testes de laborat�rio, o DNA celular sofre mudan�as que podem aumentar o risco de c�ncer.
Herbicidas e pesticidas: H� evid�ncias de que os herbicidas e pesticidas utilizados na lavoura estejam mais relacionados ao c�ncer nos agricultores do que nas pessoas que ingerem alimentos pulverizados com essas subst�ncias
Poeira de madeira: Trabalhadores de serrarias e marceneiros que respiram grandes quantidades de poeira ao cortar e moldar madeira de um modo geral t�m maior probabilidade de desenvolver c�ncer da cavidade nasal do que uma pessoa comum.
Status menstrual da mulher: As mulheres que come�am a menstruar mais cedo ou entram na menopausa mais tarde podem ter um risco aumentado de c�ncer de mama, porque est�o expostas a um tempo mais prolongado ao estrog�nio e � progesterona produzidos pelos ov�rios. As mulheres que entram na menopausa e utilizam reposi��o hormonal combinada de estrog�nio e progesterona para ajudar a aliviar os sintomas tamb�m podem estar em maior risco. Sobre a utiliza��o das p�lulas anticoncepcionais, que embora muitas vezes est�o associadas a um potencial risco aumentado de c�ncer de colo de �tero, h� algumas evid�ncias de que estar sob controle de natalidade por outro lado esteja associado a um risco reduzido de desenvolver outros tipos de c�ncer, como do endom�trio, colorretal e de ov�rio.
Hist�ria familiar: Algum risco de c�ncer � transmitido de gera��o em gera��o. As muta��es gen�ticas podem ocorrer em cerca de 5-10% de todos os c�nceres. E essas altera��es gen�ticas que promovem o c�ncer podem ser herdadas de nossos pais, se elas estiverem presentes nas c�lulas chamadas germinativas (�vulos e espermatozoides). Por exemplo, certos tipos de c�ncer de mama s�o resultado de muta��es nos genes BRCA1 e BRCA2.
Pr�teses de silicone: Recentemente, foi descrita uma nova entidade chamada linfoma anapl�sico de grandes c�lulas associado a implantes de mama. � um tipo de c�ncer em mulheres com implantes de silicone de mama. Ainda assim, essa entidade � rara, e deve-se apenas alertar as mulheres e seus cirurgi�es que devem manter suas pacientes sempre sob controle. N�o � uma contraindica��o ao seu uso.
Polui��o do ar: A inala��o de fuligem tamb�m tem sido associada ao c�ncer de pulm�o, es�fago e de bexiga. Cientistas estudaram bombeiros, funcion�rios de escrit�rios e estudantes de Nova York que estiveram em Manhattan nos dias e semanas ap�s os ataques de 11 de setembro e descobriram que eles tinham taxas mais altas de c�ncer, incluindo c�ncer de mama, colo de �tero, pulm�o e mais recentemente mieloma m�ltiplo. J� a s�lica, mineral natural encontrado na areia, pedra e concreto, est� associada a um aumento do c�ncer de pulm�o, quando trabalhadores da constru��o civil e mineiros inalam part�culas de s�lica cortando ou perfurando pedras.
Radia��o: As pessoas que viviam perto do local do desastre nuclear do ano 1986 em Chernobyl, na Ucr�nia, desenvolveram taxas mais altas do que as usuais de c�ncer de pulm�o, tireoide e leucemias agudas.
Alguns pl�sticos: Os pl�sticos podem ser perigosos, especialmente quando liberam subst�ncias qu�micas, como o BPA, subst�ncia que tem sido utilizada em muitos pl�sticos e resinas desde a d�cada de 1960. As resinas de BPA podem ser usadas dentro de produtos como latas de alimentos met�licos como subst�ncias selantes, assim como em garrafas de pl�stico de �gua e recipientes de armazenamento de alimentos. Embora muitos fabricantes de pl�sticos tenham come�ado a rotular seus produtos como "livre de BPA", os c�nceres de mama e pr�stata podem estar ligados a essas subst�ncias. Hoje, alguns Estados americanos aboliram definitivamente a comercializa��o de garrafas pl�sticas de �gua.
Acrilamida: O escurecimento de alguns alimentos cozidos ou assados em altas temperaturas - como p�o, caf� ou batatas fritas - produz um composto qu�mico chamado acrilamida. Isso acontece naturalmente em um processo chamado rea��o de Maillard. Por�m, a dose de acrilamida em uma x�cara de caf� ou um p�ozinho assado na chapa provavelmente n�o � perigosa. A Anvisa alerta que os modelos te�ricos para predizer se um c�ncer poderia ser desenvolvido no ser humano como resultado da ingest�o de alimentos contendo acrilamida, n�o s�o confi�veis para desenvolver conclus�es consistentes sobre o risco. Ainda assim, um juiz do estado da Calif�rnia, nos Estados Unidos, decidiu no in�cio deste ano que os vendedores de caf� devem alertar seus clientes sobre os poss�veis riscos de c�ncer da acrilamida no caf�.
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