Onze meses depois do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e do motorista Anderson Gomes, a Anistia Internacional (AI) aponta contradi��es na investiga��o do caso e enumera 20 perguntas que seguem sem resposta. Na manh� desta quarta-feira, a organiza��o apresentou um extenso levantamento das informa��es j� divulgadas sobre o crime apontando poss�veis incoer�ncias.
"O que j� foi revelado publicamente sobre o assassinato de Marielle levanta s�rias preocupa��es em rela��o a poss�veis neglig�ncias, interfer�ncias indevidas, ou ao n�o seguimento do devido processo legal durante as investiga��es", afirmou a diretora da Anistia Internacional, Jurema Werneck.
"As autoridades devem responder �s perguntas que agora s�o feitas sobre pontos cr�ticos do caso. A Anistia Internacional continuar� monitorando o caso at� que todas as perguntas tenham sido respondidas e o caso solucionado."
O documento divulgado nesta quarta-feira, chamado de "Labirinto Marielle", foi elaborado a partir de informa��es divulgadas por autoridades p�blicas ou pela imprensa. Traz dados agrupados em torno de sete temas: disparos e muni��o, a arma do crime, os carros e aparelhos usados e as c�meras de seguran�a, procedimentos investigativos, responsabilidade e compet�ncia das investiga��es, acompanhamento externo e andamento das investiga��es.
"Embora as investiga��es estejam sob sigilo, o que j� foi divulgado publicamente sobre o caso levanta quest�es s�rias sobre poss�veis ilegalidades dentro de institui��es de seguran�a no pa�s, j� que muni��es e armas de propriedade do Estado teriam sido desviadas", aponta a diretora. "� de extrema preocupa��o que um lote de muni��o da Pol�cia Federal tenha sido desviado, usado em homic�dios, e que depois de tanto tempo as autoridades n�o tenham dado uma explica��o satisfat�ria para isso."
Entre outros pontos cr�ticos destacados no documento est�o a falta de respostas sobre o desligamento das c�meras de seguran�a do local do crime dias antes do assassinato, o desaparecimento de submetralhadoras do arsenal da Pol�cia Civil do Rio de Janeiro e neglig�ncias no armazenamento do carro.
As falas p�blicas das autoridades sobre o andamento das investiga��es e estimativas de conclus�o do inqu�rito policial tamb�m foram destacadas no documento.
"Desde que o assassinato de Marielle Franco completou cinco meses ouvimos autoridades dizerem publicamente que as investiga��es estavam andando e que o caso estava perto de ser conclu�do", lembra Werneck. "Se at� hoje n�o se sabe quem matou, quem mandou matar Marielle e nem a motiva��o do crime, em que as autoridades se basearam todos esses meses para afirmarem que as investiga��es estavam pr�ximas do fim?"
Com o in�cio de nova gest�o no governo federal, outro tema de preocupa��o � a continuidade que ser� dada � investiga��o da Pol�cia Federal sobre as investiga��es da Pol�cia Civil do Rio.
"Em novembro do ano passado, o ent�o Ministro da Seguran�a P�blica anunciou que a Pol�cia Federal iria investigar as investiga��es do assassinato diante de den�ncias de que haveria um grupo organizado, com participa��o de agentes do Estado, agindo para interferir negativamente no andamento das investiga��es. Essa suspeita � grave e precisamos que as novas autoridades federais deem uma resposta � altura e que a gente saiba a conclus�o da investiga��o aberta pela Pol�cia Federal" afirma Jurema Werneck.