A ONG de direitos humanos Human Rights Watch pediu uma investiga��o independente para a suspeita de que pelo menos duas pessoas foram mortas por franco-atiradores da Pol�cia Civil do Rio, em Manguinhos, na zona norte, em meados de janeiro.
Relatos de moradores atestam que os tiros teriam partido de uma torre localizada no principal complexo da pol�cia, pr�ximo � comunidade. "� imperativo que haja uma investiga��o independente desses assassinatos", disse o diretor adjunto da divis�o das Am�ricas da HRW, Daniel Wilkinson. "Dada a possibilidade de que o assassino seja um policial civil atirando de uma instala��o da pol�cia civil, a investiga��o n�o deveria ser liderada pela pol�cia civil, mas pelo Minist�rio P�blico e pela Pol�cia Federal."
Na �ltima segunda-feira, t�cnicos da pol�cia civil realizaram uma per�cia na favela, no local onde as duas pessoas foram mortas e uma terceira ficou ferida. Na semana passada, uma outra per�cia tinha sido feita na torre da Cidade da Pol�cia - um complexo que re�ne diversas delegacias especializadas e fica a 250 metros da comunidade. Os laudos devem ficar prontos em 30 dias.
O Grupo de Atua��o Especializado em Seguran�a P�blica (Gaesp), constitu�do por promotores p�blicos encarregados de investigar abusos policiais, abriu formalmente uma investiga��o no dia 14 de fevereiro. Segundo as investiga��es, no dia 25 de janeiro, Carlos Eduardo Santos Lontra, de 27 anos, foi morto a tiros na comunidade. Quatro dias depois, R�mulo Oliveira da Silva, de 37 anos, foi morto com um tiro na cabe�a no mesmo local.
Um terceiro homem, um ajudante de pedreiro de 22 anos, foi baleado na cabe�a no mesmo dia de R�mulo, mas sobreviveu. Ele contou a HRW que o tiro teria partido da torre da pol�cia. V�rios outros moradores, inclusive uma mulher que estava sentada na pra�a quando o homem foi baleado, disseram tamb�m que o tiro teria sido disparado na Cidade da Pol�cia. Segundo a HRW, os moradores j� vinham denunciando o problema desde o ano passado, em reuni�es do Conselho de Seguran�a Comunit�ria.
"S�o duas mortes e uma pessoa ferida em circunst�ncias parecidas", atesta a defensora p�blica L�via Casseres, do n�cleo de Direitos Humanos. "No momento das mortes n�o havia nenhuma opera��o policial no interior de Manguinhos, nenhuma perturba��o da ordem. Trata-se de uma din�mica que causa estranhamento e exige investiga��o criteriosa."
Sobre o poss�vel conflito de interesses, a defensora afirmou: "A defensoria est� fiscalizando a produ��o das provas para minimizar a poss�vel parcialidade que, infelizmente, acontece. N�o s� da Pol�cia Civil, mas em geral, todos os crimes cometidos por agentes estatais s�o investigados por homens da mesma corpora��o. Isso � um problema, mas, por enquanto, entendemos que � positivo a pol�cia ter ido l� e realizado a dilig�ncia." A Pol�cia Civil nega as acusa��es e reafirma que o caso est� sendo investigado.
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