Um professor da Faculdade de Direito da Universidade de S�o Paulo (USP) divulgou nesta segunda-feira, 25, texto aos alunos de gradua��o em que defende a ditadura militar no Brasil e critica uni�es homoafetivas. O material foi alvo de protestos por parte dos estudantes. A dire��o da faculdade tamb�m repudiou a manifesta��o de preconceito.
Eduardo Lobo Botelho Gualazzi distribuiu uma mensagem de doze p�ginas aos estudantes na aula inaugural da disciplina optativa de Direito Administrativo Interdisciplinar. Gualazzi menciona que a disciplina foi criada por ele em 2014 e, na segunda p�gina do documento, faz refer�ncia a um epis�dio daquele ano.
"Parece-me necess�rio, conveniente e oportuno tecer refer�ncia a minha aula Contin�ncia a 1964, de 31 de mar�o de 2014", escreveu. "Mais uma vez, afirmo, reafirmo e reitero o inteiro teor de minha aula Contin�ncia a 1964", disse.
� �poca, a aula em quest�o, em que o professor defendia a ditadura militar, motivou um protesto de estudantes dentro de sala de aula. Com capuzes pretos e camisas manchadas de vermelho, em alus�o � viol�ncia durante o regime militar, os alunos invadiram a classe.
Na mensagem distribu�da aos estudantes nesta segunda, Gualazzi cita ainda uma s�rie de caracter�sticas pessoais: aristocratismo, burguesismo, capitalismo, direitismo, euro-brasilidade, fam�lia, individualismo, liberalismo, m�sica erudita, pan-americanismo, propriedade privada e tradi��o judaico-crist�.
No t�pico em que discorre sobre a fam�lia, o professor diz que "n�o � fam�lia, mas apenas aberra��o" agrupamentos discrepantes do que considera "padr�o ideal de fam�lia conjugal", constitu�do pela uni�o de um homem com uma mulher "da mesma etnia".
Na parte em que se refere ao "burguesismo", ele destaca que tal caracter�stica exclui "aquela eterna minoria de submundo que se recusa a trabalhar e produzir qualquer bem, material ou imaterial". Segundo ele, "tal minoria � a escr�fula da sociedade".
O texto causou rea��o entre os estudantes. Em nota, o Centro Acad�mico XI de Agosto, que representa alunos da Faculdade de Direito, repudiou o material. "(Eduardo Gualazzi) reafirma o discurso de �dio � popula��o LGBT brasileira, com ideias ultrapassadas", escreveu o grupo, que tamb�m lembrou a "persegui��o, tortura e morte de diversos brasileiros" durante a ditadura.
Em nota, Celso Fernandes Campilongo, diretor em exerc�cio, disse que a Faculdade de Direito da USP zela pela liberdade de c�tedra e express�o e que seus professores s�o "livres e respons�veis pelo conte�do de seus cursos, op��es metodol�gicas, tem�ticas, ideol�gicas e bibliogr�ficas", mas destaca que "liberdade de c�tedra e express�o n�o pode se traduzir em abuso e desrespeito a diversidade".
Diz ainda que a faculdade repudia manifesta��es de discrimina��o preconceito, incita��o ao �dio e afronta aos direitos humanos. "A tradi��o da institui��o, em suas atividades de ensino, pesquisa e extens�o, � a da promo��o dos valores da igualdade e da cidadania. � dever dos docentes, em conson�ncia com a ordem constitucional, enfrentar estere�tipos de g�nero, ra�a, cor, etnia, religi�o, origem, idade, situa��o econ�mica e cultural, orienta��o sexual e identidade de g�nero, dentre outras, jamais incentiv�-los".
"O respeito a todos, maiorias ou minorias, � valor inegoci�vel. Vozes que, eventualmente, fujam dessas diretrizes n�o representam o pensamento prevalecente na Faculdade de Direito e merecem veemente desaprova��o", finaliza.
O jornal O Estado de S. Paulo n�o conseguiu contato com o professor Eduardo Gualazzi.
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