O assassinato h� pouco mais de um ano da vereadora do PSOL Marielle Franco chamou a aten��o para uma amea�a diferente e paralela no Brasil, segundo o jornal brit�nico Financial Times: as mil�cias do Rio de Janeiro.
O texto, publicado na se��o "A grande leitura/Am�ricas", explica que as mil�cias s�o gangues paramilitares assassinas, lideradas por policiais e ex-policiais, que surgiram nas �ltimas duas d�cadas como uma amea�a � seguran�a p�blica e � integridade do Estado.
Marielle, que foi chamada pelo di�rio de "Alexandria Ocasio-Cortez da pol�tica brasileira", � descrita como uma oradora p�blica articulada e carism�tica e que tinha uma campanha contra a corrup��o e a viol�ncia policial. Para o jornal, sua atua��o a tornou uma estrela em ascens�o da pol�tica do Rio de Janeiro, uma conquista improv�vel para uma mulher negra e gay de uma das favelas da cidade.
O FT relata que dois homens foram presos como suspeitos de assassinato, ambos ex-policiais, e a apreens�o da "maior quantidade de armas ilegais j� feita no Brasil" na mesma opera��o no chamado "Escrit�rio do Crime".
O assassinato de Marielle, continua o peri�dico, tamb�m levanta quest�es desconfort�veis para Jair Bolsonaro, o novo presidente de extrema-direita do Brasil. "Figuras de longa data na pol�tica do Rio, Bolsonaro e seus filhos t�m uma hist�ria de se associar com pessoas pr�ximas de membros conhecidos e suspeitos da mil�cia", explicou.
Al�m disso, o ve�culo brit�nico ressalta que os holofotes sobre as mil�cias se chocam com o plano de seguran�a que Bolsonaro est� propondo e a filosofia que o ajudou a ser eleito.
O presidente acredita que a pol�cia deveria ter mais liberdade para contra-atacar suspeitos de crimes. No entanto, enfatiza a publica��o, a morte de Marielle sugere que a raiz de pelo menos parte da viol�ncia que atinge tantas cidades brasileiras � o "olho cego" que as autoridades lan�am sobre as mil�cias, que, por sua vez, agem como um Estado quase paralelo.
O FT recorda que, no in�cio, as mil�cias ofereciam prote��o �s empresas locais a um pre�o modesto que muitos estavam dispostos a pagar. De l� para extors�o foi um passo curto, e logo as mil�cias estavam vendendo prote��o contra si mesmas. Eles se expandiram para outros servi�os: transporte p�blico informal, distribui��o de g�s de cozinha, TV a cabo pirata, venda e aluguel de im�veis comerciais e residenciais e muito mais.
A linha de neg�cios mais lucrativa para as mil�cias tem sido o setor imobili�rio e direitos de terra, conforme a reportagem, justamente a quest�o principal do trabalho da vereadora na �poca de sua morte.
Nos �ltimos 20 anos, muitas novas mil�cias foram formadas: um estudo do ano passado descobriu que estavam presentes em 165 favelas e em outros 37 bairros da cidade do Rio, �reas da cidade que abrigam uma popula��o combinada de mais de 2 milh�es de pessoas. "Eles distribuem a justi�a muitas vezes horr�vel e letal, projetada para dar o exemplo, �s vezes para o comportamento criminoso, �s vezes para atos de desobedi�ncia, como comprar g�s de cozinha do distribuidor errado", pontua a publica��o.
O texto de 36 par�grafos, acompanhado por muitos gr�ficos, mapas e fotos, continua dizendo que a presen�a dessas mil�cias assombra a cidade e cita uma pesquisa do m�s passado que descobriu que os moradores do Rio tinham mais medo das mil�cias do que das gangues de drogas.
"O medo do aumento da viol�ncia urbana foi uma das principais quest�es que permitiram a Bolsonaro chegar ao poder da quase obscuridade no ano passado. Enquanto os brasileiros esperavam virar as costas ao Partido dos Trabalhadores (PT) de esquerda, que havia gerado uma recess�o esmagadora em 2015-16 e estava envolvido em um esquema de corrup��o multibilion�rio, Bolsonaro tamb�m fez durante a campanha a promessa de enfrentar uma aumento do crime".
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GERAL
Mil�cias do Rio s�o um poder paralelo no Brasil de Bolsonaro, afirma 'FT'
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