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Estado de Minas GERAL

Mortes por �lcool t�m alta entre os mais velhos


postado em 26/03/2019 07:40

O n�mero de interna��es e mortes de pessoas com mais de 55 anos relacionadas ao consumo de bebidas alco�licas apresentou crescimento de 6,9% e 6,7%, respectivamente, no ano de 2016, em compara��o a dados de 2010, segundo uma an�lise in�dita sobre o tema realizada pelo Centro de Informa��es sobre Sa�de e �lcool (Cisa). O objetivo do levantamento, que ser� apresentado nesta ter�a-feira, 26, � oferecer subs�dios para a cria��o de pol�ticas p�blicas apropriadas para o perfil do Pa�s e conscientizar a popula��o sobre o uso abusivo de �lcool.

Iniciado em maio de 2018, o trabalho tem como base dados publicados por entidades nacionais e internacionais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), o Minist�rio da Sa�de e a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS). A avalia��o do grupo com mais de 55 anos surpreendeu os pesquisadores.

"Esse � um dos resultados inesperados do relat�rio que fizemos. N�o come�amos a trabalhar com os idosos como um problema forte, mas, quando fomos ver, eles s�o um grupo de pessoas com um problema grave, sem ter pol�ticas p�blicas para eles e sem treinamento espec�fico de recursos humanos", afirma o m�dico psiquiatra Arthur Guerra, presidente executivo do Cisa.

Enquanto houve redu��o no n�mero de interna��es e mortes parcial ou totalmente atribu�veis ao �lcool em todas as faixas et�rias abaixo dos 54 anos, foi registrado um crescimento entre as pessoas mais velhas. Em 2010, 31,06% dos pacientes internados por alguma situa��o relacionada com a bebida tinham mais de 55 anos. Em 2016, o porcentual passou para 37,96. No caso de �bitos, o �ndice saltou de 55,81% para 62,52%. Para o Cisa, o crescimento pode estar relacionado a fatores diversos, desde o aumento de consumo nessa popula��o at� a transi��o de pessoas da faixa et�ria anterior que ficaram mais velhas.

Membro do conselho consultivo da Associa��o Brasileira de Estudos do �lcool e Outras Drogas (Abead), a psiquiatra Ana Cecilia Marques diz que o h�bito de beber � grave para as pessoas com faixas et�rias mais avan�adas pelo fato de agravar doen�as e por causa de limita��es do organismo relacionadas � idade. "Trazendo esse h�bito para essa faixa et�ria, vai complicar tudo o que tem em doen�as cr�nicas e se espera que essa mortalidade cres�a mesmo. A aptid�o de metabolizar o �lcool � menor, porque o f�gado tem menos enzimas. O impacto nesses �rg�os de desintoxica��o � maior."

O Minist�rio da Sa�de disse, em nota, que tem investido em a��es de promo��o � sa�de e na qualifica��o de profissionais para atender a popula��o idosa que, segundo a pasta, vai representar 20% da popula��o em 2030. "A partir da Pol�tica Nacional de Sa�de da Pessoa Idosa, os Estados t�m implementado a Estrat�gia Nacional para o Envelhecimento Saud�vel, que trouxe, pela primeira vez, orienta��es aos profissionais de sa�de e gestores para aumentar a qualidade de vida dos idosos."

Perfil

Sexo: masculino. Estado civil: casado. Faixa et�ria: mais de 41 anos. Idade que come�ou a beber: entre os 13 e 17 anos. Esse � o perfil de quem est� querendo parar de beber no Pa�s, segundo um levantamento in�dito realizado pelo Alco�licos An�nimos (AA), que tem mais de 70 anos de atividade no Brasil. Entre julho e novembro do ano passado, a entidade ouviu 5.828 dos seus mais de 50 mil membros e mapeou ainda as conquistas de quem luta contra a depend�ncia: 29% est�o s�brios h� mais de 20 anos e 68% dos entrevistados n�o tiveram reca�das.

"Esse invent�rio j� � feito nos Estados Unidos desde a d�cada de 1960", diz Camila Ribeiro de Sene, presidente da Junta Nacional de Servi�os Gerais de AA do Brasil. Segundo a pesquisa, 87% dos integrantes do Alco�licos An�nimos s�o homens, 62% s�o casados ou est�o em uni�o est�vel, 32% s�o aposentados e 43% foram motivados a procurar ajuda por press�o de familiares. Problemas de sa�de (34%) e no trabalho (27%), ideias suicidas (13%) e problemas judiciais (6%) foram outras raz�es.

O programa tem 12 passos, com forte liga��o com a quest�o espiritual, mas o primeiro deles � reconhecer a depend�ncia. "A pessoa que deseja parar de beber pode frequentar as reuni�es. N�o existe taxa nem cadastro. E o que acontece nos grupos? Troca de experi�ncias, partilha de esperan�as e de como lidar com a doen�a. Mostrar o que deu certo e, s� por hoje, conseguir se manter s�brio e distante do �lcool", diz Camila, que � psic�loga e atua h� 15 anos como volunt�ria do projeto.

Quando estava no fim da adolesc�ncia, o aposentado Adalberto, de 74 anos, come�ou a ter as primeiras experi�ncias com o �lcool. "Fazia uso de bebidas leves para me enturmar. A hist�ria de chegar � derrota, at� precisar do AA, demorou."

Ap�s dez anos, ele come�ou a sentir a necessidade de ingerir bebidas alco�licas assim que acordava. "As perdas foram aparecendo. Fui perdendo amigos, empregos..." O aposentado temia ser internado e as reuni�es foram o caminho para tentar dar fim � necessidade de consumir bebidas alco�licas. O irm�o, que tamb�m tinha problemas com �lcool, j� era um membro do AA. "Depois de mais dois anos bebendo, a derrota aumentou, a separa��o veio e meu irm�o me socorreu. Depois de algumas reuni�es, ca� na real e resolvi aceitar a ajuda. Consegui evitar o primeiro gole s� por 24 horas, s� por hoje." S�o 34 anos e 2 meses sem reca�das.

Entre as mem�rias de quando tinha 5 ou 6 anos, o aposentado Ant�nio, de 63 anos, consegue recuperar os "golinhos de cacha�a" que experimentou. "Eu me senti muito bem." Aos 12 anos, precisou de atendimento m�dico ap�s tomar as sobras de copos de vinho em uma festa.

"Com 15, 16 anos, comecei com o h�bito de beber nos fins de semana. O uso di�rio e cont�nuo come�ou de 17 para 18 anos e foi at� os 36 anos. A depend�ncia fez com que ele n�o conseguisse terminar o curso de Hist�ria ao fazer faculdade e perdesse oportunidades no banco onde trabalhou. Fases importantes de sua vida tamb�m passaram sem que ele estivesse s�brio. "Casei alcoolizado e, quando minha filha nasceu, fiquei bebendo por uma semana, durante a licen�a-paternidade."

Doen�a grave

Presidente executivo do Centro de Informa��es sobre Sa�de e �lcool (Cisa), o m�dico psiquiatra Arthur Guerra diz que a depend�ncia do �lcool � uma doen�a grave e de dif�cil tratamento.

Segundo ele, estudos apontam que o AA � um grupo que traz resultados expressivos. "Uma das diretrizes � a abstin�ncia. A pessoa fica melhor, mas n�o curada. A cura seria se ela pudesse voltar a beber socialmente, mas consegue ter trabalho, fam�lia, vida sexual, amigos. Consegue fazer o que todo mundo faz." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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