
Dada como desaparecida no domingo, a brasiliense Nat�lia Ribeiro dos Santos Costa, 19 anos, apareceu morta na segunda-feira (2/4), no Lago Parano�. O corpo da universit�ria estava pr�ximo ao Clube Almirante Alexandrino (Caalex), �ltimo local onde ela havia sido vista com vida, ao participar de um churrasco no espa�o de lazer dos suboficiais e sargentos da Marinha, no Setor de Clubes Norte.
Amiga de Nat�lia, a vendedora Ana Carolina Ferreira, 21 anos, moradora do Parano�, contou ao Correio, ainda muito abalada, que a jovem n�o tinha desaven�as com ningu�m. "Crescemos juntas. Nat�lia n�o tinha inimigos ou desaven�as com ningu�m. N�o sei o que pode ter acontecido, mas nada justifica essa maldade", lamentou. Ambas trabalharam juntas, como vendedoras, em uma loja de roupa. Recentemente, Nat�lia decidiu investir na carreira de modelo. Ganhava dinheiro com ensaios fotogr�ficos.
Assim que soube do desaparecimento da amiga, na noite de domingo, Ana Carolina iniciou uma mobiliza��o nas redes sociais. "Todo mundo come�ou a fazer contato, espalhar telefone para que consegu�ssemos alguma not�cia. T�nhamos esperan�a de encontr�-la viva e bem. Ela nunca sa�a sem avisar, nunca mesmo", ressaltou.
Vaidosa e carism�tica
Tendo cursado um semestre de jornalismo na Universidade Paulista (Unip), ela foi aprovada para o curso de letras na Universidade de Bras�lia (UnB) no segundo semestre de 2018. Morava no Parano�, onde nasceu e cresceu. Vaidosa e considerada a mais bonita da turma, Nat�lia chamava a aten��o tamb�m pelo carisma.
"Onde ela passava, deixava carinho e simpatia. Ela era carinhosa com todos. Isso que conquistava a gente. Namorei com ela por poucos meses e foram os melhores da minha vida", contou um amigo, que pediu para n�o ter o nome divulgado.
A estudante Rafaela Pereira Barbosa, 21, conhecia Nat�lia h� seis anos. “Gostava demais dela. Era sempre gentil e com um sorriso no rosto. Ela era estudiosa e trabalhadora. Nunca a vi triste. Ela sempre ajudou a m�e”, destacou.

Marca de mordida
Depois que o corpo de Nat�lia foi encontrado, policiais civis detiveram um suspeito. Ele prestou depoimento por duas horas e meia ontem. Ele se apresentou na 6ª Delegacia de Pol�cia (Parano�), de onde foi levado, algemado e descal�o, para a 5ª DP (�rea Central). O rapaz deixou a unidade �s 19h35, livre, na companhia do pai, sem dar entrevista. Nenhum delegado deu declara��es. A Pol�cia Civil n�o se pronunciou.
Com a mesma idade da v�tima e ensino m�dio completo, solteiro, o suspeito mora na Asa Norte. Ele conheceu Nat�lia no churrasco do clube, que reuniu ao menos 10 jovens. Amigas da jovem disseram ter visto ambos indo em dire��o � margem do Lago Parano�. Depois, elas n�o tiveram mais contato com a jovem.
O suspeito tinha uma marca de mordida no bra�o, o que levanta a suspeita de homic�dio, pois o hematoma pode apontar luta corporal, de acordo com os investigadores da 5ª DP. Ele passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina Legal (IML).
C�meras de Vigil�ncia do Grupamento de Fuzileiros Navais, vizinho ao Caalex, filmaram os dois juntos na beira do lago. Elas mostram o momento em que Nat�lia e o suspeito entram no espelho d’�gua. Ele deixa o lago, mas ela fica, sozinha. O jovem se senta, observa e sai. A dist�ncia das filmagens n�o permite ver com clareza o que acontece em seguida.
Ocorr�ncia
O Correio teve acesso � primeira ocorr�ncia do caso, registrada na 6ªDP como afogamento. Em depoimento, o suspeito contou ter ido ao clube com a namorada e tr�s amigos. Em um momento, decidiu tomar uma ducha. Nat�lia se aproximou, perguntou se estava tudo bem, e os dois caminharam ao parquinho infantil, a cerca de 30 metros de onde o grupo estava. Segundo o suspeito, ambos se afastaram para se secar, quando a universit�ria o elogiou e ele disse ter namorada. O jovem ainda alegou que ela perguntou o que a companheira dele acharia da aproxima��o e deu uma mordida no bra�o dele, na altura do antebra�o.
O suspeito disse ter ficado surpreso. Perguntou o motivo da mordida. “Para causar ci�mes”, respondeu a garota, segundo ele. Nat�lia disse que iria ao lago e o chamou, mas o jovem se recusou. “Assim, o declarante deitou e ficou olhando para Nat�lia indo para o lago, at� que em um ponto do caminho, que � formado por uma ribanceira, Nat�lia saiu de seu campo de vis�o e o declarante passou a olhar para o c�u, permanecendo por cerca de quatro a cinco minutos, e olhou de novo para o lago, se levantou e foi at� l�”, diz um trecho da ocorr�ncia.
Ao chegar ao lago, o rapaz alegou n�o ter visto mais Nat�lia e que a �gua estava “muito quieta”. Por pensar que ela tinha voltado � churrasqueira, ele foi at� o grupo. O jovem relatou que as amigas da menina acionaram um seguran�a para ajudar a procur�-la e ele foi embora em um carro de aplicativo com a namorada e outros amigos. Por fim, ele afirmou que soube, na manh� de ontem, que as amigas n�o encontraram Nat�lia.
Laudo em 30 dias
Natalia Costa foi ao Caalex acompanhada de quatro amigos. Eles chegaram em um carro de aplicativo, entre 15h e 15h30. Colegas relataram, em depoimento, que estavam com a jovem e, em um momento da confraterniza��o, ela se afastou com o suspeito. De acordo com o registro, os dois brincavam de “lutinha”, correndo pelo parque infantil do clube.
Na hora de ir embora, por volta de 18h, todos se reencontraram na porta do clube, menos Natalia. Os pertences dela, incluindo o celular, estavam com uma das amigas. O suspeito contou a amigos que tinha deitado sozinho no gramado � margem do lago.
Outra amiga de Nat�lia afirmou � pol�cia ter certeza de que a universit�ria e o rapaz se afastaram juntos, em dire��o ao lago, porque, segundo ela, os dois brincavam de “lutinha”, de se morder. Mas, depois de meia hora, segundo a jovem, o rapaz voltou sozinho e, “muito b�bado, disse que n�o sabia dela”. As amigas, ent�o, se dividiram para procur�-la no clube, mas n�o a encontraram.
O organizador do churrasco, filho de um s�cio titular do clube, contou � pol�cia que foi ao local com amigos de escola, entre eles duas jovens. Segundo o rapaz, foram elas que convidaram outras tr�s garotas, incluindo Nat�lia. Ele disse que as tr�s eram as �nicas pessoas desconhecidas da turma. Contou, ainda, ter visto o amigo, apontado como suspeito, com a namorada no parquinho do clube, mas garantiu n�o ter visto Nat�lia se aproximar dele, ap�s a companheira do jovem ter se afastado.
Bombeiros resgataram o corpo da jovem �s 14h33 de ontem. Ela estava com uma blusa colada e um short. Peritos do Instituto de Medicina Legal (IML) far�o a aut�psia para confirmar a causa da morte. O prazo para que o laudo da casa morte fique pronto � de 30 dias.
Espa�o alugado
Por meio de nota oficial, o Comando do 7º Distrito Naval, respons�vel pelo clube Almirante Alexandrino — onde o corpo da jovem foi encontrado — disse que uma das churrasqueiras foi alugada, por um s�cio, para um evento particular no domingo.
“A Marinha do Brasil abriu um procedimento administrativo para o esclarecimento do acontecido e, junto com o Clube Almirante Alexandrino, est� colaborando com as autoridades policiais para elucida��o dos fatos”, diz o comunicado.