A mulher do m�sico Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, morto na tarde de domingo, 7, quando o carro da fam�lia foi metralhado por militares do Ex�rcito no Rio, esteve no in�cio da tarde desta segunda-feira, 8, no Instituto M�dico Legal (IML) para reconhecer o corpo do marido. Luciana Nogueira, de 41 anos, t�cnica de enfermagem, tamb�m estava no carro que foi metralhado, juntamente com o padrasto, que ficou ferido, o filho de 7 anos e uma amiga.
Luciana chegou ao IML amparada por parentes e amigos. Ela contou que n�o teve ainda coragem de contar ao filho que o pai morreu. E disse apenas que ele est� no hospital.
"Por que o quartel fez isso, meu Deus?", questionou ela, muito emocionada. "Os vizinhos come�aram a socorrer (o meu marido), mas eles continuaram atirando. Eu botei a m�o na cabe�a, pedi socorro, disse pra eles que era meu marido, mas eles n�o fizeram nada, ficaram de deboche."
Luciana contou que estava casada com Evaldo h� 27 anos. "Eu perdi o meu marido, o meu melhor amigo", disse aos prantos.
Ela diz ter ficado com medo de militares plantarem alguma coisa no ve�culo. "N�o deixei chegar perto do carro para n�o botar nada l�", afirmou. "Falei pra eles que n�o desejo nada de ruim para a fam�lia deles, mas que v�o ter que pagar. A Justi�a aqui � uma m., mas eu vou correr atr�s, eles precisam ser punidos."
A amiga de Luciana que estava no banco de tr�s do carro, Michelle da Silva Leite Neves, de 39 anos, tamb�m t�cnica de enfermagem, disse que n�o havia nada acontecendo naquele local, nem blitz nem arrast�o. E que os militares n�o tentaram parar o carro ou conversar, simplesmente come�aram a disparar contra o ve�culo.
A fam�lia ia para um ch� de beb� quando o carro foi interceptado por militares e alvejado. Um transeunte que passava no local e tentou ajudar a fam�lia tamb�m foi alvejado.
"Eu vi os militares, mas eu n�o ia imaginar que eles iam atirar em n�s", confirmou Luciana.
Michelle contou que depois que Evaldo caiu sobre o volante, o padrasto de Luciana, S�rgio, que ia no banco do carona, conseguiu segurar o volante e parar o carro. Mesmo assim, disseram as duas, os tiros continuaram. As mulheres, que estavam no banco de tr�s com a crian�a de 7 anos, sa�ram de dentro do carro e se abrigaram na casa de uma vizinha. S� sa�ram de l� quando os tiros cessaram.
Investiga��o
Pelo menos dez militares do Ex�rcito foram presos em flagrante pelo envolvimento no fuzilamento do carro.
O Minist�rio P�blico Militar est� acompanhando as investiga��es sobre a a��o. "O promotor de Justi�a Militar Fernando Hugo Miranda Teles, da Procuradoria de Justi�a Militar no Rio de Janeiro, est� em contato permanente com o general de Divis�o Antonio Manoel de Barros, comandante da 1� Divis�o de Ex�rcito, unidade militar respons�vel pela apura��o dos fatos", informou o MPM em nota.
"A per�cia do local foi feita ontem pela Delegacia de Homic�dios da Pol�cia Civil do Rio de Janeiro. Tamb�m j� foram ouvidos os militares envolvidos, assim como algumas testemunhas civis. O Inqu�rito Policial Militar foi instaurado, est� em curso e, t�o logo o fato seja elucidado, o MPM far� a sua manifesta��o."
GERAL