A megaopera��o para tirar de S�o Paulo o principal chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e mais 21 lideran�as, em 13 de fevereiro, contou com uma a��o de intelig�ncia para isolar outros 134 presos, apontados como mensageiros da fac��o. Dois meses depois, o Minist�rio P�blico (MPE-SP) e a gest�o Jo�o Doria (PSDB) monitoram a ascens�o de novos l�deres, sob promessa de transferi-los para pris�es federais caso ganhem for�a no comando do crime.
Embora fosse considerada importante para desestabilizar a cadeia de comando do PCC, a transfer�ncia para o sistema federal deixou autoridades preocupadas com poss�veis retalia��es - a exemplo do que houve em maio de 2006, quando o PCC promoveu uma s�rie de ataques em S�o Paulo. Por isso, for�as de seguran�a elaboraram uma estrat�gia: dificultar a emiss�o de "salves".
"Isso foi feito com o setor de intelig�ncia identificando presos que poderiam mandar algum tipo de mensagem para quem est� na rua", disse o coronel Nivaldo Restivo, secret�rio estadual de Administra��o Penitenci�ria (SAP). "Essa decis�o de concentrar e isolar potenciais fornecedores de informa��o e de ordens acabou tirando a voz do bando."
Uma semana antes de deflagrar a Opera��o X (nome dado � a��o), a SAP abriu cerca de 300 vagas na Penitenci�ria 1 de Presidente Venceslau, localizada na regi�o oeste, transferindo detentos de l� para unidades pr�ximas. Na manh� do dia 13, os espa�os serviram para receber 129 "mensageiros do PCC", trazidos do Estado inteiro, com prazo de perman�ncia de 30 dias. Mais cinco chegaram depois. As demais vagas eram destinadas a presos que poderiam se envolver em motins ou a��es intimidat�rias em repres�lia � transfer�ncia dos seus l�deres - o que n�o aconteceu.
O primeiro pedido de transfer�ncia foi feito pelo MPE-SP � Justi�a em 28 de novembro de 2018. Por cautela, o Judici�rio optou por autorizar a opera��o ap�s o Natal, j� que nessa �poca parte dos presos estaria nas ruas por causa das chamadas "saidinhas".
V�cuo de lideran�a
A Opera��o X foi planejada por 52 dias, com o Minist�rio P�blico e com o governo federal. Os 22 chefes do PCC foram transportados em avi�es da For�a A�rea Brasileira (FAB) para unidades da Uni�o, onde ficam em celas isoladas e submetidos a um sistema de seguran�a m�xima. No per�metro das pris�es, o policiamento recebeu refor�o das For�as Armadas.
Entre os alvos da transfer�ncia, n�o havia s� membros da chamada Sintonia Geral Final - a alta c�pula do PCC, da qual Marcola faz parte -, mas tamb�m criminosos do segundo e do terceiro escal�o, considerados sucessores naturais.
"(S�o pessoas que) sempre estiveram perto de Marcola, pr�ximas do poder", afirmou o promotor Lincoln Gakiya, do MPE-SP, respons�vel pelo pedido de transfer�ncia � Justi�a. "Isso leva, momentaneamente, a uma quebra no comando. Ao menos desde 2002, era a mesma c�pula que comandava as a��es da fac��o."
O PCC, no entanto, n�o deve ficar por muito tempo "ac�falo", diz Gakiya. Segundo investiga��es, Marcola j� havia instru�do outros membros sobre como manter a opera��o criminosa - que � ancorada no tr�fico de drogas - em caso de aus�ncia. "Os neg�cios comuns do PCC n�o pararam um minuto porque tem muita gente na rua e muita gente no sistema (penitenci�rio) com condi��o de dar continuidade a esses neg�cios il�citos", afirmou o promotor.
O exemplo mais recente envolve a apreens�o de um helic�ptero, flagrado no �ltimo s�bado pela Pol�cia Federal durante a Opera��o Flying Low. A aeronave vinha do Paraguai e pousou em Presidente Prudente para reabastecer. Nela, os agentes encontraram meia tonelada de coca�na - a principal suspeita � de que a droga seja do PCC.
Para Gakiya, a disputa de poder deve ocorrer entre membros que ficaram em S�o Paulo e pode ser marcada por viol�ncia. "Vai acontecer o que j� aconteceu em outras m�fias conhecidas mundialmente, que n�o ficam sem comando", disse. "Algu�m da rua ou de dentro do sistema pode querer tomar essa lideran�a para si."
Tanto o MPE-SP quanto a SAP monitoram "candidatos" a l�der da fac��o. Representantes dos dois �rg�os afirmam que, em caso de identifica��o, a pol�tica ser� a mesma: transferir para pris�es federais. "Temos feito acompanhamento 24 horas por dia. Se detectarmos, vamos adotar todas as provid�ncias para sufocar isso novamente", disse Restivo. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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