Um grupo de WhatsApp sem meme, sem fake news e sem "bom dia", "boa noite" ou "gratid�o" enviados por amigos, familiares ou participantes. Esse � um dos feitos do publicit�rio Daniel Rodrigues Santiago, de 34 anos, ao criar o Vigia Mooca.
Trata-se de uma iniciativa com a vizinhan�a do bairro da Mooca, na zona leste paulistana, com o objetivo de reportar atitudes suspeitas, assaltos, sequestros, den�ncias e emerg�ncias. "A rigidez das regras tem um prop�sito claro: quando alguma mensagem aparecer no grupo � porque algo est� acontecendo ou existe uma suspeita", diz Santiago. "Como n�o podemos 'silenciar' o grupo nunca, � importante que ele seja usado com seriedade."
A ideia surgiu depois que a casa de uma tia de Santiago foi assaltada. Depois disso, ele imaginou uma vizinhan�a conectada e capaz de interagir em momentos de dificuldade. No come�o, no m�s de outubro, s� tinha a abrang�ncia de uma rua e contava com a participa��o de menos de cem pessoas. Com o boca a boca e o crescente interesse de moradores de outras partes do entorno, Santiago dividiu a regi�o em 20 quadrantes e, consequentemente, 20 grupos de WhatsApp. Atualmente, o Vigia Mooca tem a participa��o de 1 mil pessoas. "Com o bairro dividido, fica mais f�cil de algum tipo de ajuda ser mais efetivo", afirma ele.
Entrevista
Para entrar, al�m do boca a boca, existem conversas individuais entre os administradores e os interessados. A inten��o � a de apurar se a pessoa mora realmente na regi�o e levantar informa��es b�sicas (profiss�o, amizade com outros participantes, etc). Em alguns grupos existem ex-policiais e policiais - mas que n�o est�o l� representando a institui��o - n�o existe nenhuma rela��o oficial com a pol�cia.
Nos poucos meses de funcionamento, o Vigia Mooca j� teria evitado a invas�o de uma resid�ncia, furto de um ve�culo, furto de fia��o de uma empresa e encontrado pelo menos tr�s cachorros fuj�es. "Tem o caso de uma garota que estuda a noite e chega muito tarde. Ela usa o grupo como uma seguran�a. Um lugar em que os vizinhos podem avis�-la, caso tenha algo suspeito nas ruas", conta a publicit�ria Carol Moraes, uma das administradoras.
O objetivo do Vigia Mooca, segundo seus administradores, � o de estreitar a rela��o entre vizinhos e melhorar a troca de informa��es. "N�o queremos transformar ningu�m em justiceiro. A ideia � que a gente possa se ajudar com coisas simples e, claro, acionar a pol�cia quando houver alguma necessidade. N�s n�o temos armas", observa a psic�loga Luciana Ribeiro, de 39 anos, tamb�m administradora do grupo. Ainda assim, a ideia do Vigia Mooca � estreitar rela��es com Conselho de Seguran�a (Conseg) local, Pol�cia Militar, bombeiros e outros �rg�os, de forma a tornar mais efetiva a sua participa��o na seguran�a do entorno.
Outros bairros
Moradores de Aclima��o e Vila Prudente j� procuraram Santiago para cria��o de grupos similares. Nenhum deles, por enquanto, foi adiante com a ideia. "As pessoas acham que vai dar trabalho, que � dif�cil de organizar e tal. Mas se voc� imp�e regras tudo come�a a funcionar", assegura Santiago. "Fora que � uma forma de unir o bairro. Quando voc� come�a a conhecer os seus vizinhos, voc� se sente mais segura", completa Carol. O pr�ximo passo � a organiza��o de reuni�es presenciais entre os participantes de cada grupo.
Conforme as estat�sticas da Secretaria da Seguran�a P�blica (SSP), o bairro da Mooca est� entre os mais seguros da capital paulista. No ano passado, teve 481 inqu�ritos policiais instaurados. Um bairro como Cap�o Redondo, por exemplo, registrou, no mesmo per�odo, 2.041 processos semelhantes.
Para o ex-secret�rio nacional de Seguran�a P�blica, o coronel da reserva da PM paulista Jos� Vicente da Silva Filho, a iniciativa � positiva. "A melhor arma da pol�cia � a informa��o. Hoje, a tecnologia tem ajudado muito. Agora, � preciso que essas informa��es coletadas pelo grupo de WhatsApp cheguem � pol�cia e tamb�m � Prefeitura - com esses dados o Poder P�blico pode atuar de diversas formas." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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