
Confrontos entre presos deixaram ao menos 55 mortos em quatro penitenci�rias do Amazonas nos �ltimos dois dias, uma trag�dia condenada a se repetir no Brasil caso as autoridades n�o enfrentem os problemas estruturais de seu sistema carcer�rio, segundo especialistas.
Nesta segunda-feira, 40 detentos morreram em atos de viol�ncia ocorridos em quatro pres�dios do Estado, a maioria com ind�cios de �bito por asfixia, informaram as autoridades.
No Instituto Penal Ant�nio Trindade (Ipat), a 28 km de Manaus, ocorreram 25 mortes, e no Complexo Penitenci�rio An�sio Jobim (Compaj), outros quatro detentos foram executados.
Na Unidade de Pris�es de Puraquequara (UPP) morreram 6 detentos; e outros cinco no Centro de Deten��o Provis�ria Masculino (CDPM 1).
No domingo, 15 detentos morreram no Compaj, durante o hor�rio de visitas. A mesma pris�o foi palco em janeiro de 2017 de uma rebeli�o sangrenta que durou vinte horas e deixou 56 mortos, um dos piores massacres j� registrados em pres�dios brasileiros.
A Secretaria de Administra��o Penitenci�ria do Amazonas (SEAP) informou que os assassinatos seriam motivados por uma ruptura entre presos que integravam a mesma fac��o criminosa que atua no tr�fico de drogas no Estado", e que a interven��o dos agentes evitou a morte de ao menos outros 200 detentos "jurados de morte".
Os presos n�o utilizaram facas ou armas de fogo, destacou a SEAP.
O fato de as mortes serem coordenadas em quatro pres�dios diferentes sugere foi "um ajuste de contas", disse Robert Muggah, diretor do instituto de pesquisas Igarape, do Rio de Janeiro.
Problemas estruturais
Superpopula��o, condi��es desumanas e fac��es no controle dos pres�dios: o Brasil enfrenta h� d�cadas problemas estruturais em seu sistema carcer�rio, cuja popula��o n�o para de crescer.
O Brasil tem a terceira maior popula��o carcer�ria do mundo, com 726.712 detentos, segundo cifras oficiais de junho de 2016.
Esta popula��o � o dobro da capacidade prisional do pa�s, que no mesmo ano era estimada em 368.049.
"As pris�es continuam sendo locais de viola��es graves de direitos humanos e que ferem a dignidade. As condi��es s�o p�ssimas, com uma maioria de presos pobres, negros, pouco escolarizados e das periferias, que cometeram crimes vinculados ao tr�fico ou patrimoniais", disse � AFP Juliana Melo, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e especialista no sistema carcer�rio do pa�s.