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Estado de Minas

Menino assassinado pela m�e e a companheira dela sofreu maus tratos por cinco anos

Rosana Auri da Silva e Kacyla Priscyla Damasceno passaram por audi�ncia de cust�dia nesse domingo, tiveram pris�o preventiva decretada e foram para a carceragem do Departamento de Pol�cia Especializado


postado em 03/06/2019 09:22 / atualizado em 03/06/2019 09:46

(foto: Arquivo pessoal)
(foto: Arquivo pessoal)

Em Samambaia, regi�o administrativa do Distrito Federal, uma garota de oito anos vivia uma rotina de medo. Sem ir � escola h� pelo menos dois anos, ela sa�a de casa apenas para ir � igreja. Dentro da resid�ncia, tinha pouca liberdade e os sinais de maus-tratos eram vis�veis.

O sofrimento chegou ao fim na manh� de ontem, quando a pequena conseguiu reencontrar o pai, o servidor p�blico Rodrigo Oliveira, que a procurava havia cinco anos. Ele ficou sabendo do paradeiro da filha ap�s a morte do irm�o de cria��o dela, Rhuan Maycon, de 9 anos, que foi assassinado pela pr�pria m�e, Rosana Auri da Silva Candido, 27, e pela companheira dela, Kacyla Priscyla Santiago Damasceno, 28, m�e da menina.

Kacyla fugiu com a filha de Rio Branco, no Acre, em 2014, junto com Rosana e Rhuan. Eles passaram por dezenas de endere�os, como Trindade (GO), Goi�nia (GO) e Aracaju (SE), at� chegar ao Distrito Federal. H� dois meses, moravam em Samambaia, na casa onde o garoto foi assassinado e esquartejado. Ainda n�o se sabe se a garota viu o momento da morte de Rhuan, mas, ao chegar � delegacia, ela fez um desenho de um corpo ensanguentado com os �rg�os de fora. Aos investigadores da 26ª Delegacia de Pol�cia (Samambaia Norte), as mulheres disseram que a menina dormia na hora do crime. 

De acordo com o Conselho Tutelar da regi�o, as duas crian�as eram maltratadas pelas acusadas e obrigadas a manterem rela��es sexuais entre elas. Viviam em c�rcere privado, segundo constataram agora os conselheiros. No abrigo, a garota agradeceu pelas refei��es e informou que s� comia p�o havia tr�s dias. H� cerca de um ano, Rhuan teve o p�nis cortado pelas mulheres. O procedimento foi feito em casa e, desde ent�o, ele n�o foi a uma unidade de sa�de. Aos agentes, as acusadas contaram que o menino queria ser uma garota e, por isso, o teriam mutilado.

Rodrigo Oliveira, pai da filha de Kacyla, desembarcou no Aeroporto Internacional de Bras�lia �s 8h30 de ontem. Em seguida, foi � delegacia, em Samambaia, para se reunir com o delegado e com representantes do Conselho Tutelar. Poucos minutos depois, seguiu para o abrigo onde a filha estava, em Taguatinga. Bastante agitada, com p�s ressacados, cortes na cabe�a e ferimentos no pesco�o, a pequena, finalmente, conseguiu reencontrar o pai. Emocionado, ele n�o teve condi��es de conversar com a equipe do Correio. “Consegui achar minha filha por causa de uma trag�dia. N�o � o momento ideal para falar sobre o assunto”, lamentou. 
Kacyla Priscyla Santiago (dir.) fugiu do Acre com a filha de 8 anos(foto: Alexandre de Paula/CB/D.A Press)
Kacyla Priscyla Santiago (dir.) fugiu do Acre com a filha de 8 anos (foto: Alexandre de Paula/CB/D.A Press)

Preventiva


Rosana e Kacyla passaram por audi�ncia de cust�dia na manh� de ontem. Ambas tiveram a pris�o preventiva decretada e foram encaminhadas � carceragem do Departamento de Pol�cia Especializado (DPE). Esta semana, ser�o levadas � Penitenci�ria Feminina do Distrito Federal. “Elas responder�o por homic�dio qualificado, por motivo torpe, sem possibilidade de defesa da v�tima, e por se tratar de um menor de 14 anos. A pena varia de 12 a 30 anos de pris�o”, informou o delegado � frente do caso, Guilherme Sousa Melo. 

Ele acrescenta que as mulheres ser�o investigadas tamb�m por manter as crian�as em c�rcere privado e por les�o corporal. O investigador ressaltou que h� suspeitas de que os meninos teriam sido agredidos em Goi�nia (GO), um dos endere�os usados pelas acusadas durante o per�odo de fuga. Sousa Melo ir� ao Acre na quarta-feira. “Vamos fazer um panorama externo das autoras e da v�tima”. 

A filha de Kacyla tamb�m ser� monitorada nos pr�ximos dias. Um agente da delegacia est� escalado para acompanhar o caso da garota. Al�m disso, o Conselho Tutelar garantiu que acompanhar� o processo, mesmo em outra unidade da Federa��o. O delegado ainda conversar�, novamente, com o pai e com outros parentes da menina, no Acre. “Tudo j� foi definido. Ao longo desta semana, entrarei em contato com todos familiares”, destacou.

(foto: 'Quero dar um enterro digno ao meu filho', diz Maycon Lima, pai de Rhuan)
(foto: 'Quero dar um enterro digno ao meu filho', diz Maycon Lima, pai de Rhuan)
 

Vel�rio


“Quero dar um enterro digno ao meu filho”, desabafou o pai de Rhuan, Maycon Douglas Lima de Castro, 27. Desempregado, ele se desesperou quando soube da morte do menino, e por n�o ter condi��es financeiras de fazer o transporte do corpo. No entanto, de acordo com o Conselho Tutelar, a Justi�a do Acre arcar� com as despesas do traslado. “Meu menino estava desaparecido. Fizemos de tudo para encontr�-lo. Eu nunca perdi minhas esperan�as, at� meu pai me chamar e me contar toda essa hist�ria. Ainda � dif�cil de acreditar”, se emocionou. 

Maycon contou que teve um relacionamento r�pido com Rosana. “Ela morava na casa dos meus pais junto com Rhuan. Eu j� estava separado dela havia cinco anos, quando decidimos pedir a guarda. Depois disso, ela sumiu. Toda vez que encontr�vamos uma pista, a gente viajava atr�s do meu filho”, lembrou. De acordo com ele, o desespero tomou conta da fam�lia quando o garoto sumiu. “Todo mundo era muito apegado, por isso, nunca desistimos de procur�-lo”, ressaltou. 

O homem tem mais dois filhos, de outro casamento. Sustentado pelo pai, ele tentou fazer uma vaquinha para pagar o transporte do corpo, antes de saber que receberia ajuda. “Quero traz�-lo para a terrinha dele, onde era feliz e brincava. Agora, est� chovendo e isso s� me lembra o Rhuan, que adorava tomar banho de chuva. Afinal, toda crian�a gosta”, disse Maycon, sem conseguir conter as l�grimas.

O Conselho Tutelar informou que a filha de Kacyla continuar� no abrigo por tempo indeterminado. Por estar h� muito tempo afastada do pai e por causa do crime, ela ainda estava muito assustada no momento do reencontro. Equipes do �rg�o trabalhar�o para amenizar a situa��o. Rodrigo j� tinha a tutela da filha, por isso, n�o h� tr�mites legais em rela��o a essa quest�o.

Barb�rie


Rosana e Kacyla assassinaram Rhuan no fim da noite de sexta-feira. O garoto estava dormindo quando recebeu diversos golpes de faca. Em seguida, ele teve o rosto desfigurado, foi decapitado e esquartejado. As mulheres ainda tentaram queimar a carne dele em uma churrasqueira, para poder descart�-la em um vaso sanit�rio. No entanto, pararam por causa da grande quantidade de fuma�a. 

Elas distribu�ram as partes do corpo do menino em uma mala e duas mochilas escolares. Rosana jogou um dos itens em um bueiro de Samambaia, mas foi vista por pessoas que estavam na rua. Curiosos abriram o objeto e encontraram o corpo. A Pol�cia Civil foi acionada e prendeu o casal na resid�ncia. Os investigadores n�o descartam a possibilidade de que as acusadas fariam o mesmo com a garota filha de Kacyla, que estava dormindo quando os agentes chegaram. 

Palavra de especialista


Ind�cios de psicopatia

Diagn�stico � algo muito dif�cil, depende de muitas avalia��es. Por�m, para mim, como psiquiatra e como pessoa, fica claro que uma atitude dessas � doente. E, quando a gente fala que a pessoa � doente, pensam que � uma coitadinha, e n�o � necessariamente o caso, por exemplo, quando se trata de psicopatas. � um caso grav�ssimo, extremamente bizarro, e que precisa ser mais estudado. Infantic�dio n�o � t�o raro. Mas o quadro chama aten��o por envolver, al�m de infantic�dio, extrema brutalidade, com pr�-amputa��o peniana.

Essas duas mulheres, em outros pa�ses, seriam sentenciadas � pena de morte ou � pris�o perp�tua. E, provavelmente, se forem inseridas novamente na sociedade, podem causar problemas. Chama a aten��o o fato de, um ano antes, elas terem cortado o p�nis do menino. N�o foi um tapa, um chute, como em 99% dos casos. Tudo tende a nos levar a enquadr�-las para o lado da psicopatia.

Raphael Boechat, psiquiatra, doutor em ci�ncias da sa�de, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Bras�lia (UnB)
 


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