Um em cada cinco motorista admite usar o celular no tr�nsito

No tr�nsito, � comum ver motoristas utilizando o celular em liga��es ou para envio de mensagens. Em um levantamento in�dito do Minist�rio da Sa�de, um em cada cinco condutores admitiu utilizar o aparelho enquanto dirige. Nessa pesquisa, as pessoas entre 25 e 34 anos e aquelas com mais de 12 anos de escolaridade lideram o ranking da infra��o, considerada grav�ssima pelo C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB).

Os dados s�o do Sistema de Vigil�ncia de Fatores de Risco e Prote��o para Doen�as Cr�nicas por Inqu�rito Telef�nico (Vigitel) e foram coletados entre fevereiro e dezembro de 2018. Foram ouvidas 52.395 pessoas nas capitais e no Distrito Federal. A capital que teve mais condutores que admitiram utilizar o aparelho foi Bel�m, seguida de Rio Branco, Cuiab� e Vit�ria. S�o Paulo aparece no grupo de quem faz menos uso do celular no tr�nsito (17,4%), ao lado de Rio e de Manaus. Salvador teve o menor �ndice, com 14,2%.

Especialistas alertam que mexer no equipamento favorece a ocorr�ncia de acidentes e interfere na fluidez do tr�fego. "Os riscos est�o comprovados. As pessoas se preocupam com pontos na carteira e com multas, mas esses s�o mecanismos para evitar sequelas e mortes. A facilidade que o celular propicia � um grande vetor de incentivo ao uso. Os carros mais modernos j� v�m com maneira de integrar o celular na eletr�nica do ve�culo, para n�o dividir aten��o", afirma o consultor em engenharia urbana Luiz C�lio Bottura.

Para ele, o ideal seria que as redes sociais n�o funcionassem enquanto os ve�culos estivessem em movimento. "A evolu��o dos celulares e da comunica��o virtual precisa se preocupar com isso, n�o d� para se concentrar em duas coisas. A intera��o poderia ser postergada."

Em abril , o empres�rio Thiago Martins, de 29 anos, quebrou as duas pernas ap�s seu carro bater em um caminh�o que freou bruscamente ao se deparar com um ve�culo que estava parado na Rodovia Ayrton Senna. "Era bem frequente usar o celular a caminho do trabalho. Ia respondendo e-mails e olhando o WhatsApp", conta.

Martins ficou 15 dias internado, dos quais cinco foram na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). "Agora, j� estou melhor. Abandonei a cadeira de rodas."

Engenheiro e mestre em transportes pela Escola Polit�cnica da Universidade de S�o Paulo (USP), Sergio Ejzenberg diz que o uso do equipamento para a comunica��o � algo "inconceb�vel", mas pondera que o aparelho � �til quando utilizado para encontrar os melhores trajetos para se chegar a um destino. "O celular n�o serve s� para falar. Ele tem aplicativos de deslocamento urbano que s�o imprescind�veis. � mais seguro olhar a rota no aplicativo do que procurar por placas, o que pode levar a decis�es de �ltima hora que podem ser perigosas. Mas n�o d� para digitar, porque isso acaba causando acidentes grav�ssimos. � preciso um controle dessa compuls�o."

Segundo Ejzenberg, o motorista perde a no��o do risco quando est� distra�do com o aparelho - e n�o percebe o trajeto que faz em poucos segundos. "Um ve�culo roda 17 metros por segundo a 60 km por hora. Se a pessoa ficar cinco segundos sem olhar para a frente, vai andar por um quarteir�o �s cegas. � preciso deixar isso claro para todo cidad�o que acha que n�o vai ter problema", alerta.

J� sobre o dado de que pessoas com maior escolaridade acabam cometendo mais a infra��o, que soma 7 pontos na carteira e tem multa de R$ 293,47, Bottura diz que a pr�tica tem mostrado que "n�o � a escolaridade que d� a cultura".

Outras infra��es

Al�m do uso do celular, a pesquisa tamb�m analisou outros comportamentos de risco no tr�nsito. Entre os entrevistados, 11,4% afirmaram que j� foram multados por excesso de velocidade no tr�nsito. Nisso, o Distrito Federal tem a maior parcela de condutores que admitem a falta (15,6%). Campo Grande (6,9%) e Porto Velho (7,1%) t�m os menores �ndices.

J� o porcentual de condutores que dirigem sob efeito de �lcool ficou em 5,3%. Nesse quesito, Recife (2,2%), Rio (2,9%) e Vit�ria (3,2%) tiveram os porcentuais mais baixos. Palmas (14,2%) e Teresina (12,4%) registraram os maiores �ndices.

O que diz a lei

- Infra��o grav�ssima: � proibido dirigir o ve�culo com uma s� m�o, exceto quando precisar fazer sinais regulamentares de bra�o, mudar a marcha ou acionar equipamentos e acess�rios do ve�culo. No caso de o motorista segurar ou manuseando o celular, a infra��o � grav�ssima, com multa de R$ 293,47.

- N�o tocar o aparelho: � proibido qualquer tipo de manuseio do celular durante a condu��o do ve�culo. Ou seja, � proibido fazer liga��es, digitar ou conferir mensagens. Essas condutas s�o vedadas em todos os momentos em que o ve�culo estiver ligado, mesmo parado no engarrafamento ou no sem�foro. � infra��o m�dia dirigir utilizando fones de ouvidos, de R$ 130,16.

- O que � permitido: O uso do celular com a fun��o de GPS, desde que esteja fixado no para-brisa ou painel dianteiro do ve�culo.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.