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Estado de Minas GERAL

Os v�rios 'Brasis' que se mudaram para Portugal


postado em 14/07/2019 12:02

S�o megainvestidores milion�rios, estudantes, empres�rios, escultores de areia, motoristas de aplicativo, artistas, desempregados. S�o brasileiros, em Portugal. N�meros e relatos obtidos pelo jornal O Estado de S�o Paulo mostram "zucas" (como se tratam e s�o chamados pelos lusitanos) de todas as idades e classes sociais, fazendo a rota oposta � do Descobrimento - repetindo as desigualdades sociais e os desafios do outro lado do Atl�ntico. Mas sem pensar em voltar.

O Servi�o de Imigra��o e Fronteiras (SEF) registrou em 2018 acr�scimo da popula��o estrangeira residente, que chegou a 480.300, maior n�mero da s�rie iniciada em 1976. S� que os "zucas" j� s�o um em cada cinco: 105.423. Dois anos antes, eram 81.251, um avan�o de 29,7%.

Dados solicitados pela reportagem ao SEF mostram que os brasileiros residentes em Portugal t�m um perfil bem mais feminino e no auge da idade, quando se fala em capacidade produtiva, entre 30 e 44 anos. No total, registraram-se 42.848 homens e 62.575 mulheres. Desse grupo, 43.396 (41,16%) est�o nessa faixa et�ria.

O advogado Luiz Ugeda, do escrit�rio Porto Advogados, explica que o pa�s europeu, com uma popula��o envelhecida, precisa de m�o de obra qualificada. J� do ponto de vista do Brasil, "h� um desconforto de certas camadas da popula��o brasileira com a crise que o Pa�s vive". "N�o s� a econ�mica e pol�tica, mas a de valores mesmo. Tem muita gente qualificada, dos meios acad�micos, profissionais liberais e empres�rios." Dessa forma, os que chegam t�m um perfil diferente de fluxos migrat�rios anteriores - em 2012, havia praticamente o mesmo n�mero de residentes "zucas" (105.622). "Voc� continua tendo profissionais que se submetem a subempregos, que buscam qualquer meio de sobreviv�ncia, mas h� tamb�m os qualificados."

S� o Aeroporto de Lisboa, a capital, recebe diariamente 12 liga��es a�reas provenientes do Brasil. Entre quem n�o est� a turismo, grande parte j� fica por ali mesmo. Na sua maioria, esses cidad�os passam a residir nos distritos de Lisboa (42.847), Porto (12.994) e Set�bal (10.728), onde h� mais oferta de empregos. Os brasileiros j� est�o entre os estrangeiros que mais investem na antiga "metr�pole" europeia. Em 2017, responderam por 19% dos investimentos (atr�s s� dos franceses, com 29%).

Mercado imobili�rio. E a chegada de estrangeiros procurando resid�ncia sobretudo em Lisboa j� � apontada como um dos fatores que colabora para a "crise" do mercado imobili�rio (falta de moradias). Al�m disso, a alta do turismo est� transformando diversos im�veis em locais de estadia tempor�ria (estilo Airbnb). Muita procura e pouca oferta fazem os pre�os dos alugu�is dispararem.

"Est� dif�cil encontrar casas a pre�os acess�veis. Al�m disso, para brasileiros, muitas vezes os locadores exigem 12 alugu�is adiantados", alerta Cyntia de Paula, presidente da associa��o Casa do Brasil, que d� orienta��es aos rec�m-chegados. Entre 2013 e 2018, os pre�os dos im�veis cresceram 46%, de acordo com o grupo Confidencial Imobili�rio.

Danilo Bethon, de 29 anos, produtor cultural, adotou Portugal como novo lar h� dois anos e diz ter sido sempre tratado com muita cortesia. Contudo, teve dificuldade em alugar um apartamento por ser "zuca". "S� de falar pelo telefone pedindo informa��o, percebiam o meu sotaque e diziam que o lugar j� tinha sido alugado", lembra. "Teve a dona de uma casa que, no dia de assinar o contrato, quando viu que eu era brasileiro, pediu seis alugueis adiantados de cau��o, em vez de dois. N�o tinha todo esse dinheiro e n�o fizemos neg�cio."

As principais raz�es invocadas para a concess�o de novos t�tulos foram reagrupamento familiar - quando a mulher, ou muitas vezes o marido, vai na frente para a Europa e depois traz os demais - para trabalho e estudo. Al�m da alta de pedidos de resid�ncia, muitos brasileiros t�m buscado a nacionalidade portuguesa, por casamento, por ter antepassados lusitanos, ou por autoriza��o de resid�ncia antiga no pa�s. Em 2018, 11.586 obtiveram o documento; no ano anterior, haviam sido 10.805.

E h� um empoderamento feminino. "A imigra��o costuma ser associada ao homem, mas na verdade muitas mulheres buscam a mudan�a de pa�s de forma aut�noma", afirma Cyntia. Segundo ela, contribui o fato de serem mais pobres e ganharem menos. "Elas imigram para buscar melhor qualidade de vida, de trabalho e de estudo." Ugeda levanta ainda a hip�tese de o fator seguran�a sensibilizar mais as mulheres. "Isso faz com que busquem Portugal como projeto de vida e tenham porcentual maior de regulariza��o."

Bem-estar mais que ocupa��o. A queda no desemprego (de 17,3% h� seis anos para 6,6% agora) � sempre citada como atrativo para Portugal. Mas h� quem n�o se preocupe com isso. "Nossa fam�lia levava uma vida confort�vel: mor�vamos numa boa casa e as minhas filhas, de 10 e 14 anos, estudavam em col�gio particular, t�nhamos uma vida social movimentada", afirma Nelson Pires da Costa, de 43 anos, que deixou o Rio no ano passado e seguiu para Cascais. Hoje, ele ainda n�o tem ocupa��o fixa - trabalhava com reboques no Brasil - e cogita partir para o Uber, mas n�o pensa em voltar. "Minha filha mais velha, que no Rio n�o andava nem um quarteir�o por medo, agora vai sozinha para a escola."

A advogada Gilda Pereira, s�cia da Ei assessoria imigrat�ria, conta que seus clientes sempre citam a seguran�a, as escolas e a sa�de p�blica de qualidade como fatores que pesam. "Tive um cliente que teve c�ncer depois de chegar e se surpreendeu com a qualidade do atendimento no sistema p�blico."

Mesmo com o melhor mercado de empregos, n�o � f�cil a coloca��o para um "zuca" - e em certas �reas o idioma ajuda menos do que se poderia esperar. "Tenho conseguido bons trabalhos em Portugal, mas sei que minhas possibilidades s�o limitadas porque o portugu�s que falo � o do Brasil. As duas personagens de novela que fiz eram brasileiras", conta a atriz Thaiane Anjos, de 30 anos, que trocou o Rio por Lisboa h� quatro anos. No Pa�s, atuou nas novelas Flor do Caribe, Al�m do Horizonte e Malha��o, da Rede Globo de Televis�o.

Outro problema � a burocracia, como explica a publicit�ria Aline Camargo, de 34 anos, que foi para Lisboa h� quatro anos e meio. Inicialmente, ela e o marido entraram na Europa como turistas, mas depois decidiram ficar e buscar trabalho remunerado. "Para conseguir a resid�ncia, h� um processo que chegava a levar dois anos esperando a marca��o da entrevista", diz. Foi depois de ter filha em Portugal que ela correu atr�s de regularizar a situa��o. "Consegui minha resid�ncia s� este ano."

Preconceitos. O fator discrimina��o tamb�m influencia, de algum modo, a comunidade de imigrantes. Segundo o Relat�rio Anual sobre a situa��o da Igualdade e N�o Discrimina��o Racial e �tnica em Portugal, a nacionalidade brasileira, enquanto fator de discrimina��o na origem, surge na terceira posi��o, referida em 45 queixas, que representam 13% do total - no ano anterior, foram 18 casos. Em abril, teve repercuss�o internacional uma montagem feita na Universidade de Lisboa que "oferecia" pedras para atirar em "zucas".

S� que at� nesse ponto o fluxo migrat�rio traz contradi��es bem brasileiras. � o caso da professora de circo Glaucia Manzzaneira, de 36 anos, que trocou S�o Paulo pelo Porto h� sete meses. "A partir de 2016 comecei a sentir uma mudan�a no Brasil, uma libera��o do discurso de �dio contra a comunidade LGBT." Ela e a mulher passaram a ser alvo de xingamentos, brincadeiras e amea�as nas ruas. "Aqui (em Portugal) pode at� haver algum preconceito, noto alguns olhares, mas ningu�m ousa nos abordar nas ruas", diz ela, que tamb�m foi v�tima da crise econ�mica e teve de fechar a escola de circo que tinha. "Portugal foi um lugar que nos pareceu seguro e f�cil para emigrar."

'Estamos � procura de trabalho'

O n�mero de brasileiros barrados est� em alta, segundo o Servi�o de Fronteiras (SEF) -, mas precisa ser relativizado. O n�mero de detidos saltou de 300 em 2013 para 2.865 no ano passado, um acr�scimo de 855%. Mas foi recusada a entrada s� de 0,2% do total. Os principais fundamentos foram: aus�ncia de motivos que justificassem a entrada e aus�ncia de visto adequado ou documento caducado.

"Meu companheiro entrou como turista e deu tudo certo, j� chegou com trabalho. A gente juntou dinheiro e eu fui em abril. Mas me barraram na imigra��o", conta Yelre Felipe, de 23 anos, que morava em An�polis (GO). "S� depois que voltei para o Brasil que percebi o que aconteceu: a ag�ncia de viagens reservou um hotel em Ericeira, mas eu disse para o agente que estava indo para Lisboa." Dois meses depois, ele entrou em Portugal, via Paris.

Mas h� ainda os que conseguem entrar no pa�s, mas n�o conseguem ficar. Conforme dados oficiais, o n�mero de imigrantes que voltaram ao Brasil com ajuda do Programa de Retorno Volunt�rio, da ag�ncia de migra��o da Organiza��o das Na��es Unidas (ONU), tamb�m cresceu. O n�mero passou de 52 em 2016 para 232 em 2017 e chegou a 353 no ano passado. A falta de emprego e o custo de vida est�o entre os principais problemas.

Al�m disso, como no Brasil, n�o se est� livre de golpes nessa �rea. "Chegamos em Portugal no fim do m�s passado, eu, esposo e dois filhos: uma menina de 4 anos e um menino de 13 anos. Comprei passagens de ida e volta e a reserva do hotel com uma ag�ncia do Porto, indicada por um pastor", conta uma auxiliar administrativa de 34 anos, de Vit�ria, que pediu para n�o ser identificada. "Quando chegamos � imigra��o, o policial nos informou que as passagens de volta haviam sido canceladas e n�o havia reserva em meu nome." Com o gasto de R$ 10 mil com um advogado, conseguiram sair, mas n�o sabem o que fazer agora. "Compramos comida, arranjamos uma casa e o que nos resta s�o � 200. Agora estamos � procura de trabalho."

Clandestino. E se nos n�meros oficiais a comunidade brasileira j� � grande, na vida real ela � bem maior. "As estat�sticas do SEF n�o incluem quem tem dupla nacionalidade, ou quem est� em situa��o irregular", diz Cyntia.

Mas h� os que nem se preocupam com isso, como Jonhy Jonhatan, de 22 anos, um "faz-tudo" que saiu do Paran� para Amadora, na �rea metropolitana de Lisboa, h� oito meses, e hoje trabalha com um amigo fazendo esculturas de areia na praia, sem pensar em se regularizar. "N�o me preocupo com isso agora. Apesar de tudo, n�o penso em voltar para o Brasil."

Receita: inova��o, turismo e educa��o

Nos �ltimos quatro anos a chegada dos brasileiros se acentuou por causa do aquecimento de dois setores da economia portuguesa: turismo e tecnologia. E pela abertura cada vez maior do sistema universit�rio. "S�o setores (turismo e tecnologia) que crescem muito. Na �rea de TI especialmente, h� empresas globais se mudando para o pa�s, e o evento internacional Web Summit, mas n�o existe m�o de obra qualificada suficiente", diz a advogada Gilda Pereira, s�cia da Ei assessoria imigrat�ria. Dessa forma, sobram vagas. "Os brasileiros t�m a oportunidade de emigrar com boas possibilidades de emprego, para um pa�s que fala o mesmo idioma."

A empreendedora brasileira Vanessa Caldas Alexandre, de 38 anos, chegou a ter uma startup nos Estados Unidos, e relata que estudou a possibilidade de mudan�a para sete pa�ses e, entre eles, Portugal era o que estava mais atrasado nos neg�cios de e-commerce. "Muita gente criticou a escolha. V�rias empresas de tecnologia est�o vindo para c�, o governo incentiva o empreendedorismo. Neste momento Portugal est� preparado para promover a inova��o tecnol�gica. E o Brasil tem a aprender: algumas empresas daqui vendem em at� 20 ou 30 pa�ses; e � preciso conquistar cada cultura."

Na �rea de tecnologia, de acordo com o relat�rio The State of European Tech, Portugal foi o segundo pa�s com maior crescimento em postos de trabalho entre 2017 e 2018 no Velho Continente, atr�s somente da Fran�a. O estudo mostra ainda que 27% das vagas para a �rea tecnol�gica continuavam abertas ao fim de 60 dias, por causa de uma escassez de m�o de obra.

No ano passado, conforme relat�rio World Travel & Tourism Council, o turismo cresceu 8,1% em rela��o a 2017, a maior taxa entre os pa�ses da Uni�o Europeia. Naquele ano, o setor empregava 1,05 milh�o de trabalhadores; as proje��es indicam que neste ano os empregados do turismo cheguem a 1,2 milh�o.

Enem. O Exame Nacional do Ensino M�dio (Enem) passou a ser utilizado como sele��o pelas institui��es portuguesas em 2014. No total, 1,2 mil brasileiros j� foram aprovados para estudar no pa�s europeu at� o ano passado - com 35 universidades adotando o exame.

Isso sem falar na exig�ncia menor: em Direito, por exemplo, um dos cursos mais concorridos no Brasil, a nota de corte m�nima do Enem no Sistema de Sele��o Unificada (Sisu), plataforma do Minist�rio da Educa��o que re�ne vagas no ensino superior p�blico, foi de 676 pontos em 2017, na Universidade Estadual do Piau� (Uespi). Para estudar nas universidades de Lisboa, do Porto ou de Algarve, a nota exigida � de 600. Resultado: do ano letivo 2017/18 para 2018/19, a alta na chegada de "zucas" � de 32%, segundo a Dire��o-Geral de Estat�sticas da Educa��o e da Ci�ncia.

"No Brasil, comecei Engenharia Ambiental, mas n�o me identifiquei. Estava pensando em mudar para o curso de Ci�ncias do Mar da Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo), quando uma amiga comentou que eu poderia usar a nota do Enem para fazer Biologia Marinha na Universidade do Algarve", conta Jos� Renato Batista, de 24 anos, que h� 1 ano e 8 meses trocou Santos pelo Faro, no sul portugu�s.

"Fiquei sabendo que a institui��o � refer�ncia na Europa nessa �rea. Mandei minha nota, os outros documentos que pediam, e esperei", afirma Batista. "Foi um processo bem simples - e eles me aceitaram."

DOCUMENTA��O

Nacionalidade

Filhos, netos e c�njuges de cidad�os portugueses t�m direito. O processo leva oito meses at� a conclus�o, contados da entrega de todos os documentos no consulado. O requerimento custa R$ 1.038, e o valor total do tr�mite pode chegar a R$ 2 mil. Ap�s a conclus�o, pode-se converter o certificado de aquisi��o de nacionalidade para atribui��o, e dar in�cio ao processo para outro familiar.

Visto

Quem deseja ficar mais de um ano em Portugal pode requisitar o visto de resid�ncia. � necess�rio comprovar fonte de renda para o per�odo de estadia e justificar a motiva��o. O visto custa R$ 400 e demora, em m�dia, dois meses. Familiares de quem obteve o visto de resid�ncia podem pedir aval para morar no pa�s, na categoria Reagrupamento Familiar.

Autoriza��o de Resid�ncia

Estrangeiros podem obter autoriza��o para resid�ncia tempor�ria, com dispensa de visto, se investirem no pa�s. � necess�rio exercer atividade de investimento ou ter empresa reconhecidas em Portugal. O interessado assume o compromisso de fazer investimentos m�nimos, que v�o de 250 mil a 1 milh�o de euros, ou a cria��o de 10 postos de trabalho, no per�odo de cinco anos. A taxa de an�lise da requisi��o � de 513 euros, e o prazo da resposta � de 72 horas.

Depoimentos

Johny Jonhatan, 22 anos, de Presidente Castelo Branco (PR) para Amadora

"No Brasil eu estava sem emprego, j� fiz de tudo um pouco. Minha mulher tinha fam�lia em Portugal, e eles arrumaram tudo para n�s dois. Entramos no pa�s como turistas, mas eu j� tinha acertado de trabalhar de mec�nico na oficina onde o tio dela era gerente. O apartamento que a gente morava era dele.

S� que, depois de um m�s aqui, eu sofri um acidente de tr�nsito a caminho do trabalho: quebrei clav�cula e bacia, meu pulm�o foi afetado. Fui bem atendido no hospital, recebi alta para ir para casa.

Os m�dicos me deram cinco meses de licen�a, mas a fam�lia dela n�o gostou. Disseram que eu era folgado, que eu j� estava bom.

N�s dois passamos a brigar muito e acabamos nos separando. Com isso, eu perdi o emprego e a casa. Consegui ter onde ficar com ajuda do Jonas, que conheci em Lisboa, e me alugou um quarto. De brincadeira, o chamo de "pai". Agora trabalho com ele todos os dias, fazendo esculturas de areia. N�o me preocupo."


Nelson Pires da Costa, 43 anos, do Rio de Janeiro para Cascais

"No Brasil, a viol�ncia estava muito perto. Em 2016, come�amos a pensar na mudan�a. Meu pai era portugu�s, ent�o eu pude pedir a cidadania. Nos organizamos financeiramente, juntamos algum dinheiro. Minha ideia era ter um reboque aqui, mas tive problemas com a categoria da carteira de motorista e n�o deu certo. Agora vou come�ar a dirigir para o Uber. Minha esposa e minha m�e, que tamb�m veio conosco, est�o fazendo doces e salgados. Vivemos de maneira simples, compramos o que � realmente necess�rio. Como n�o temos mais empregada, todo mundo precisa fazer suas tarefas para manter a casa em ordem. Hoje acho que � assim que deveria ter vivido sempre. A conviv�ncia familiar melhorou. Sentimos saudade das pessoas que ficaram, mas esse � o �nico ponto negativo."

Thaiane Anjos, 30 anos, do Rio de Janeiro para Lisboa

"H� quatro anos, quis fazer uma viagem pelo mundo, sem roteiro certo. Comecei por Portugal, fiquei tr�s meses, e n�o quis mais saber. Voltei ao Rio, vendi tudo e vim tentar come�ar a carreira aqui. Eu tinha conhecido uma escritora portuguesa e, quando ela fechou contrato para uma novela, me convidou para participar. Inicialmente seria uma participa��o pequena em Ouro Verde, de 20 epis�dios. Acabei fazendo mais de 200. J� fiz duas novelas, estou atuando com uma companhia de teatro na Ilha da Madeira e tenho um curta metragem para este ano - ser� meu primeiro trabalho do tipo. Aqui o esquema de trabalho � muito diferente. Por ser uma produ��o menor, tenho muito mais abertura. Eu me sinto mais pr�xima para poder opinar."

Glaucia Manzzaneira, 36 anos, de S�o Paulo para o Porto

"Em 2016 comecei a sentir uma mudan�a no Brasil, uma libera��o do discurso de �dio contra a comunidade LGBT. Minha esposa e eu mor�vamos em S�o Paulo, perto da Avenida Paulista, uma regi�o com muitos homossexuais, onde antes costum�vamos nos sentir seguras. Mas passamos a receber abordagens na rua: ser xingadas, zoadas, amea�adas. Um dia, quando atravess�vamos uma rua a p�, um carro acelerou para cima de n�s, com o motorista gritando pela janela. Portugal foi um lugar que nos pareceu seguro e f�cil para emigrar. Tivemos ajuda de um coletivo, o Queer Tropical. Minha esposa veio para Portugal fazer um mestrado e eu vim junto, como fam�lia. Consegui um emprego em um restaurante."

Jos� Renato Fonseca Batista,24 anos, de Santos para Faro

"A parte que deu um nervoso foi o visto. Dei entrada no consulado de Portugal em S�o Paulo logo, mas eram tantos pedidos que, o que era para levar 30 dias, levou 90. Perdi o come�o do semestre, mas no final deu tudo certo. Na faculdade h� bastante estrangeiros - a maioria do Brasil. J� aconteceu de um colega fazer piada, dizer que brasileiro � praga, mas de maneira geral sou bem tratado, consegui me integrar com os portugueses. Alguns professores duvidam da nossa capacidade. O ensino m�dio daqui � diferente: eles j� t�m Geologia, C�lculo e uma Qu�mica mais avan�ada. Mas todas as vezes em que um professor disse que os brasileiros teriam "lacunas a serem preenchidas", vimos que isso n�o passava de suposi��o falsa."

Vanessa Caldas Alexandre,38 anos, de S�o Paulo para Oeiras

"Sempre empreendi no Brasil e cheguei a ter uma startup nos EUA. Quando voltei ao Pa�s, inspirados no ecossistema de S�o Francisco, meu marido e eu montamos um neg�cio que ajuda empresas do varejo e da ind�stria a acelerar as opera��es de e-commerce. Fiquei tr�s anos em S�o Paulo, mas com vontade de ter outra experi�ncia internacional. Viemos para Portugal por entender que ter�amos mais a contribuir, que aqui agregar�amos valor. V�rias empresas de tecnologia est�o vindo. Escolhi aqui sem nunca ter pisado no pa�s. Nem sabia que havia praias t�o bonitas. Como temos uma filha com 6 anos, falar o mesmo idioma foi um b�nus, que facilitou a adapta��o dela. Viemos para desbravar um mercado, e at� agora tem dado tudo certo." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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