A morte de quatro pessoas da mesma fam�lia em um apartamento em Santo Andr�, no ABC paulista, neste domingo, 14, trouxe novas discuss�es sobre a seguran�a do uso de equipamentos a g�s em ambientes dom�sticos. No Brasil, h� uma s�rie de normas t�cnicas, selos e manuais que indicam os produtos e formas de instala��o mais seguros.
Com a queima, o g�s - normalmente, natural (GN) ou liquefeito de petr�leo (GLP) - passa por rea��es qu�micas que o transforma em di�xido de carbono e �gua. Quando a combust�o � incompleta (como em um vazamento), contudo, pode dar origem ao mon�xido de carbono. Em geral, � poss�vel identificar vazamentos pelo cheiro.
Ao contr�rio do que se pensa, os vazamentos dom�sticos de g�s promovem mais asfixias do que inc�ndios. O GLP, utilizado em fog�es e aquecedores, al�m de inflam�vel � altamente t�xico. Uma vez disperso no ar em volume suficiente, uma simples fa�sca pode ocasionar sua explos�o. J� os efeitos da inala��o do g�s podem ser menos aparentes, mas n�o menos nocivos. O GLP � feito de butano e propano, subst�ncias prejudiciais � sa�de, especialmente de crian�as, idosos e animais dom�sticos.
Confira a seguir perguntas e respostas sobre o uso de aquecedores a g�s:
Como deve ser o g�s usado?
De acordo com a Associa��o Brasileira de Aquecimento a G�s (Abag�s), o g�s combust�vel usado em aparelhos instalados em apartamentos pode ser dos tipos natural (GN) ou liquefeito de petr�leo (GLP). Esses gases s�o os que alimentam o aparelho para produzir a chama, t�m cheiro caracter�stico e, por sua natureza, s�o inflam�veis. Por isso, o risco de vazamento e ac�mulo de g�s combust�vel est� associado ao perigo de inc�ndio e explos�o.
J� os produtos da combust�o s�o gases resultantes da queima (n�o s� de g�s combust�vel, mas de lenha, carv�o, qualquer tipo de chama). Um dos componentes dos produtos da combust�o � o mon�xido de carbono, um g�s que n�o tem cheiro e que � t�xico: se houver ac�mulo no ambiente (seja por problemas com o duto de exaust�o quando h�, ou com as aberturas de ventila��o permanentes) existe risco de asfixia e envenenamento.
Quais s�o os procedimentos corretos para a instala��o de um aquecedor a g�s?
O presidente da Abag�s, Leonardo Abreu, ressaltou que a instala��o de qualquer aparelho para aquecimento a g�s deve cumprir uma norma da Associa��o Brasileira de Normas T�cnicas (ABNT), a NBR-13.103.
"Essa norma estabelece que o local de instala��o do equipamento deve atender aos requisitos de volume m�nimo e ter aberturas de ventila��o permanente adequados ao tipo de equipamento e sua pot�ncia", explicou o presidente da Abag�s. "Em um ambiente interno, como uma resid�ncia, todos os aparelhos necessitam de duto de exaust�o (chamin�)."
Quem garante a instala��o? E quem fiscaliza?
Segundo a Esgotecnica, empresa especializada em detectar vazamentos, a companhia contratada para instala��o do aparelho deve seguir regras da ABNT. Na �rea de g�s canalizado, a fiscaliza��o � compet�ncia de �rg�os estaduais, conforme o determinado pela Constitui��o. Em S�o Paulo, cabe � Ag�ncia Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de S�o Paulo (Arsesp).
O condom�nio deve ter alguma responsabilidade, por exemplo, de monitorar se h� chamin�s e dutos instalados corretamente?
Na avalia��o do diretor de rela��es institucionais da Associa��o das Administradoras de Bens Im�veis e Condom�nios de S�o Paulo (AABIC), Eduardo Zangari, o condom�nio pode interferir apenas se identificar vazamentos na tubula��o que passa em �reas comuns do pr�dio.
"A forma de aquecimento de �gua � uma decis�o do apartamento, que pode ter aquecedor a g�s ou el�trico. N�o cabe ao condom�nio legislar sobre a casa de algu�m, cabe fiscalizar somente o que pode colocar em risco os outros moradores", afirmou o diretor da AABIC, associa��o que representa mais de 16 mil condom�nios na capital paulista - cerca de metade deles com aquecedor a g�s.
Zangari afirmou que, se os vizinhos ou a administra��o do condom�nio notarem um problema em um apartamento, como vazamento de g�s, e o morador n�o tomar nenhuma medida, o caso pode ser levado � Justi�a. "� como se ele fizesse uma obra, por exemplo, e derrubasse uma pilastra, o que colocaria em risco a estrutura do pr�dio. � preciso um forte ind�cio de que aquela unidade coloca em risco a massa condominial."
O g�s que vaza tem cheiro?
O mon�xido de carbono, um dos componentes dos produtos da combust�o, n�o tem cheiro, mas � aplicado um aditivo chamado mercaptano, respons�vel pelo odor forte exalado quando h� uma vazamento e usado para alertar as pessoas do risco.
Quais s�o os sinais de risco? Como identificar um vazamento?
O principal alerta � o forte cheiro de g�s. Os manuais do Programa Nacional de Racionaliza��o do Uso dos Derivados do Petr�leo e do G�s Natural (Conpet) indicam uma t�cnica simples para verificar se h� vazamento: aproximar uma esponja de cozinha com �gua e sab�o do botij�o, cilindro ou aquecedor a g�s. Se aparecerem bolhas, h� vazamento. Independentemente do resultado, em caso de suspeitas, � recomendado procurar assist�ncia t�cnica especializada.
H� algum aparelho capaz de detectar qualquer g�s no ambiente? Como funciona?
Sim, h� um dispositivo obrigat�rio em alguns pa�ses da Europa que consegue identificar os gases presentes no ambiente. Segundo o presidente da Abag�s, Leonardo Abreu, detectores de concentra��o disparam um alarme quando um g�s t�xico atinge um n�vel perigoso. O aparelho, por�m, n�o � usado no Brasil.
"Na Europa, o espa�o dos apartamentos � muito menor. Com um hist�rico maior de acidentes, aumentaram-se as exig�ncias de dispositivos de seguran�a", declarou Abreu.
O que fazer em caso de vazamento de g�s?
De acordo com a Abag�s, caso haja suspeita de vazamento ou mau funcionamento dos equipamentos a g�s, como cheiro forte, ru�do excessivo e diferente, n�usea ou mal-estar s�bito com o aparelho ligado, as instru��es abaixo devem ser seguidas:
- N�o acender luzes ou acionar equipamentos el�tricos;
- N�o utilizar f�sforos ou isqueiros;
- Ventilar o local com a abertura de janelas e portas;
- Fechar as v�lvulas de bloqueio dos equipamentos;
- Sair do ambiente;
- Comunicar imediatamente a ocorr�ncia para o n�mero de emerg�ncia da concession�ria que fornece o g�s natural encanado ou o Corpo de Bombeiros.
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