Esta��o ferrovi�ria do s�culo 19 � demolida e saqueada em Sorocaba (SP)

Uma esta��o hist�rica da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) foi demolida e saqueada por invasores, em Sorocaba, interior de S�o Paulo. Os v�ndalos retiraram tijolos, madeiras, batentes, portas e janelas, al�m de ferragens que restavam no pr�dio, localizado no bairro de Brigadeiro Tobias, na zona leste da cidade. Conforme o site Esta��es Ferrovi�rias do Brasil, refer�ncia no setor, o edif�cio datava provavelmente de 1875, ano de inaugura��o da ferrovia.

A esta��o foi desativada em 1927, com a constru��o de um novo pr�dio durante uma retifica��o da linha, mas continuou sendo utilizada pela Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), que incorporou a Sorocabana. No final dos anos 90, quando j� integrava o patrim�nio da Uni�o, o pr�dio ficou abandonado. O pequeno conjunto ferrovi�rio, incluindo a esta��o nova, ainda existente, foi invadido por fam�lias de sem-teto por volta de 2010.

Abandono

H� tr�s anos, a Movimento de Preserva��o Ferrovi�ria - Sorocabana relatou o estado de abandono ao Minist�rio P�blico Federal (MPF) e pediu o tombamento da esta��o pelo conselho municipal do patrim�nio hist�rico. O pr�dio foi um dos primeiros constru�dos com tijolos na cidade.

Na pr�tica, nada foi feito para preservar o im�vel, que est� sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Moradores vizinhos relatam que a demoli��o teve in�cio no final de maio e prosseguiu ao longo do m�s de junho.

Agentes da Guarda Municipal informaram a prefeitura, que notificou o DNIT. O �rg�o federal informou que, ao verificar a situa��o, abriu procedimento administrativo para apurar os fatos. "O primeiro passo foi a evolu��o da den�ncia � esfera da pol�cia judici�ria - Departamento de Pol�cia Federal, em Sorocaba -, autoridade competente que executar� as dilig�ncias necess�rias para elucida��o e responsabiliza��o do ato depredat�rio", disse em nota.

A PF informou que uma equipe se dirigiu ao im�vel para realizar uma per�cia que instruir� um inqu�rito policial em andamento.

A esta��o demolida tinha uma relev�ncia hist�rica ainda maior por se situar em terras que pertenceram ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, presidente da prov�ncia de S�o Paulo e l�der da Revolu��o Liberal de 1842. Relat�rio da Sorocabana de 1873, dois anos antes da inaugura��o da linha, informava que propriet�rios da Fazenda Passa Tr�s, sucessores do brigadeiro, cederam os terrenos cortados pela ferrovia, "obrigando-se a Companhia a estabelecer e conservar na fazenda uma parada, ao menos para passageiros". Ao redor da esta��o surgiu o bairro que recebeu o nome de Brigadeiro Tobias.

Restauro

A destrui��o da esta��o de Brigadeiro Tobias n�o foi a �nica m� not�cia recente para os defensores do patrim�nio hist�rico de Sorocaba. A Secretaria da Cultura da cidade encerrou na ter�a-feira, 30, um chamamento p�blico para a restaura��o da esta��o principal da Sorocabana na cidade sem receber uma �nica proposta de empresas interessadas. O restauro seria feito sem custo para o munic�pio, com patroc�nios e recursos captados atrav�s das leis de incentivo � cultura.

O edif�cio, inaugurado em julho de 1875, ainda preserva parte da estrutura original, mas sofre com a falta de conserva��o e est� deteriorado. Parte do acabamento interno em argamassa decorada j� ruiu. A esta��o � considerada um dos principais exemplares do que restou do patrim�nio arquitet�nico de Sorocaba e da "era das ferrovias" no Estado de S�o Paulo. Sua constru��o � considerada o marco inicial da ferrovia projetada para ligar o munic�pio � capital da ent�o Prov�ncia de S�o Paulo - do nome da cidade originou-se o da estrada de ferro, a Sorocabana.

Os trilhos se estendiam at� a Esta��o J�lio Prestes, no centro de S�o Paulo. O edif�cio foi o primeiro constru�do com tijolos na cidade. At� ent�o, as edifica��es eram de taipa, barro socado. O pr�dio foi tombado em 2003 pelo Conselho Municipal do Patrim�nio. O complexo ferrovi�rio de Sorocaba, que inclui a esta��o, est� em processo de tombamento pelo patrim�nio estadual. A prefeitura informou que estuda abrir novo prazo de chamamento para o restauro.