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Estado de Minas

Marin�sio tem perfil de assassino em s�rie com tra�os de psicopatia

Especialistas ouvidos pela reportagem confirmam que elementos do caso indicam que Marin�sio dos Santos Olinto, acusado de matar duas mulheres, � um serial killer com tra�os de psicopatia e alertam para a possibilidade de mais mortes


postado em 28/08/2019 10:14 / atualizado em 28/08/2019 10:28

(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press))
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A.Press))


Mesmo sendo assassino confesso de Let�cia Curado, 26 anos, e de Genir Pereira de Sousa, 47, e acusado de mais uma s�rie de ataques a mulheres no Distrito Federal, a Pol�cia Civil ainda evita classificar Marin�sio dos Santos Olinto, 41, como serial killer. Os investigadores esperam an�lises psicol�gicas e psiqui�tricas mais profundas para tra�ar um perfil apurado do criminoso. Especialistas ouvidos pela reportagem, no entanto, dizem que os fatos revelados at� agora re�nem elementos para acreditar que se trata, sim, de um assassino em s�rie com tra�os de psicopatia.

Mesmo sem se aprofundar especificamente nos detalhes do caso, a crimin�loga e escritora Ilana Casoy, uma das principais especialistas em serial killers do pa�s, acredita que o perfil de Marin�sio � mesmo o de um assassino em s�rie. “Ele deve ser, sim, e � preciso, como a pol�cia est� fazendo, procurar nos arquivos anteriores, porque acredito que v�o encontrar outras mortes. O est�gio de viol�ncia do crime � muito alto para ele estar num segundo assassinato”, analisa Ilana (leia Quatro perguntas para).

Na opini�o dela, o desafio para a investiga��o, a partir de agora, � encontrar as conex�es corretas entre os casos que podem ter sido cometidos por Marin�sio. “S� o tipo de crime n�o conecta. O modo de agir tamb�m pode variar em cada caso. � preciso buscar a assinatura de crime. O que ele n�o precisava fazer e fez para ter satisfa��o”, destaca. “Descobrir essas conex�es � importante para n�o cometer erros na identifica��o de autores de outros casos e deixar, por exemplo, livre um assassino que cometeu crime parecido”, alerta.

A apura��o policial, at� agora, indica atua��o fria e similar em todos os casos que envolvem Marin�sio. Nos dois assassinatos e nos casos das sobreviventes, ele usava o mesmo recurso para atrair as v�timas: aproximava-se de pontos de �nibus e locais de espera e oferecia a elas carona ou se passava por motorista de transporte pirata. No caminho, revelava o verdadeiro intuito e tentava manter rela��es sexuais com elas.

No caso de Let�cia e Genir, a hip�tese � de que ele as matou ap�s a negativa. Outras mulheres alvo dele conseguiram fugir antes da rea��o violenta. “Hoje, n�s temos duas mulheres mortas sem motiva��o e mais v�timas que narram a mesma forma de agir e que conseguiram fugir. � poss�vel que apare�am outras v�timas com a divulga��o das imagens”, afirma a delegada Jane Kl�bia, da 6ª Delegacia de Pol�cia (Parano�). “S� uma an�lise psicol�gica pode nos dizer o que Marin�sio �. Ele responde com seriedade, mas sem coer�ncia”, revela.

O psiquiatra Raphael Boechat, da Universidade de Bras�lia (UnB), ressalta que, para uma conclus�o precisa, � necess�rio fazer uma an�lise espec�fica do caso. Ainda assim, ele acredita que os elementos revelados sugerem que Marin�sio tem transtorno de personalidade antissocial. “Ele � o que cham�vamos antes de psicopata. � um quadro muito dif�cil, mas � o quadro geral desses crimes mais bizarros e que n�o envolvem a perda do ju�zo. A pessoa sabe o que est� fazendo exatamente. Nesse caso, pelo que se sugere, trata-se de um psicopata, que sabe o que est� fazendo, que repetiu e que vai repetir isso”, analisa.

Controle

Na segunda-feira (26/8), Marin�sio conversou com a imprensa na 31ª Delegacia de Pol�cia (Planaltina). Apesar de usar a justificativa de que perdeu o controle e s� via o resultado dos crimes quando recobrava a consci�ncia, Marin�sio n�o deu ind�cios de ser uma pessoa descontrolada. Estava envergonhado, mas falava de forma articulada e parecia saber a quais perguntas n�o deveria responder.

Ao comentar os crimes, o investigado n�o deu detalhes e se esquivou das perguntas dos rep�rteres. E fez quest�o de mandar um recado para a pr�pria fam�lia: um pedido de desculpas. Um dos apelos do homem era para que a popula��o n�o julgasse seus parentes e sentisse raiva apenas dele. Apesar disso, mostrou-se triste por n�o ter recebido visitas: “Ningu�m veio me ver, e eu at� entendo”.

Marin�sio nasceu em Bayeux, cidade paraibana com cerca de 96 mil habitantes, localizada na Regi�o Metropolitana de Jo�o Pessoa. Mudou-se para o Distrito Federal aos 5 anos, com a fam�lia. Morou at� os 20 no Parano�, quando se mudou para Planaltina. Tem cerca de 1,60m e usava cabelos longos.

Atualmente, Marin�sio morava em uma casa simples, no Vale do Amanhecer. � casado e tem uma filha de 17 anos. A constru��o tem partes edificadas e outras feitas com madeirite e lona. Quando o Correio esteve no local, um cachorro e um colch�o velho estavam largados no quintal em meio � poeira do espa�o.

Marin�sio era cozinheiro. Trabalhou nos restaurantes comunit�rios de Sobradinho e Planaltina. Recentemente, passou cerca de dois meses desempregado, mas, h� 40 dias, conseguiu uma oportunidade e estava em per�odo de experi�ncia em um supermercado da Asa Norte.


Linha do tempo

Os crimes praticados por Marin�sio dos Santos Olinto, 41 anos, segundo a pol�cia e v�timas

1º de abril 

» Uma adolescente de 17 anos contou ter sido estuprada por Marin�sio em 1º de abril. Ela afirma que, ap�s a viol�ncia sexual, ele tentou asfixi�-la. Ela registrou ocorr�ncia da viol�ncia sexual em julho. Na manh� desta ter�a-feira (27/8), foi � unidade policial para identific�-lo e garante que o crime foi praticado por ele.

2 de junho 

» O cozinheiro desempregado aborda Genir Pereira de Sousa, 47, em uma parada de �nibus do bairro Arapoanga, em Planaltina, e, durante o percurso, a mata, ap�s a mulher reagir ao ass�dio sexual.

11 de agosto

» Uma v�tima embarcou na Blazer de Marin�sio na Rodovi�ria de Planaltina, em dire��o ao Vale do Amanhecer. No caminho, ela saltou do carro em movimento, ap�s o homem passar a m�o na perna dela.

23 de agosto 

» Marin�sio para no ponto de �nibus do Arapoanga, onde a advogada Let�cia Curado, 26 anos, aguardava por um transporte para ir trabalhar. Ela � convencida a entrar no carro e acaba assassinada depois de reagir ao ass�dio.

24 de agosto

» Um dia depois de assassinar Let�cia, Marin�sio ofereceu carona para duas irm�s, uma de 18 e outra de 21 anos. No caminho, o assassino fez um trajeto diferente do combinado e passou a assedi�-las. Elas conseguiram escapar depois que uma das jovens amea�ou quebrar o carro com uma barra de ferro que estava no banco de tr�s do ve�culo.

Quatro perguntas para

Ilana Casoy, crimin�loga e escritora, especialista em serial killers


Qual � a defini��o de serial killer?
Existem v�rias defini��es. O FBI classifica a partir de tr�s mortes, mas, para mim, pode ser definido como assassino em s�rie aquele que comete dois ou mais assassinatos, envolvendo ritual com as mesmas necessidades psicol�gicas, mesmo que com modus operandi diverso, caracterizando, no conjunto, uma assinatura particular. Os crimes devem ter ocorrido em eventos separados e em datas diferentes com algum intervalo de tempo relevante entre eles. As v�timas devem ter um padr�o de conex�o entre elas, e a motiva��o do crime deve ser simb�lica, e n�o pessoal.

Pela an�lise preliminar da senhora, Marin�sio pode ser classificado assim?
Tudo indica que sim, e � preciso, como a pol�cia est� fazendo, procurar nos arquivos anteriores, porque acredito que v�o encontrar outras mortes. O est�gio de viol�ncia do crime � muito alto para ele estar num segundo assassinato.

Assassinos desse tipo come�am de que maneira?
Eles n�o come�am matando, em geral. Come�am pelo estupro e v�o se satisfazendo com uma gratifica��o da viol�ncia. O estupro, nesses casos, � uma quest�o de satisfa��o pela agress�o, e n�o pelo sexo em si. O sexo � s� uma forma de agredir. O que mais atinge uma mulher? A viol�ncia sexual. N�o � desejo, � raiva. O que gratifica � a humilha��o.
 
O que mais � poss�vel observar pelos fatos desse caso at� agora?
Existe uma hip�tese de que ele escolhesse as v�timas aleatoriamente, e isso pode n�o ser aleat�rio de fato. Ele falou, em algum momento, que teria visto essa mo�a antes. Isso indica que ele pode fazer uma ca�a a v�timas do perfil que procura. Pode ser que ele observasse antes de oferecer a carona. Para saber tudo isso, � preciso perguntar para as sobreviventes para montar um perfil mais apurado desse indiv�duo.


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