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Estado de Minas GERAL

Gari vai uniformizado a defesa de TCC em faculdade de Goi�nia


postado em 29/08/2019 10:45

Quem viu o gari Luciano Magalh�es Diniz, de 44 anos, no dia em que ele defendeu seu Trabalho de Conclus�o de Curso (TCC) mal notou que ele era estudante. Nos corredores da faculdade particular onde estudou Jornalismo em Goi�nia, ele compareceu no dia decisivo com seu uniforme de trabalho, de camisa laranja com listras fosforescentes e cal�a verde. O tema da pesquisa: justamente a invisibilidade da pr�pria categoria.

"Sempre me preocupei primeiro em pagar a escola dos meus filhos. N�o acreditava que o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) seria poss�vel para mim pelas exig�ncias do programa", disse. Foi em 2006 que Diniz foi aprovado em concurso da Companhia Municipal de Urbaniza��o de Goi�nia (Comurg) e se dedicou � jardinagem.

"Passei a enxergar uma cidade que a gente olha, mas n�o v�. Queria ser um caminho para mostrar o valor do que um gari faz", conta.

Diniz passou a fotografar os jardins que os trabalhadores de limpeza cuidam. Mas ele pr�prio acabou notado e foi remanejado para a assessoria de imprensa da companhia. Quando foi buscar cursos de fotografia, sentiu vontade tamb�m de escrever.

Mulheres garis

Ap�s se matricular em Jornalismo na Faculdade Sul-Americana (Fasam), ele se viu seduzido pela necessidade de um olhar positivo sobre as garis. "Elas se organizam, t�m casa, ajudam a comprar o carro da fam�lia, cuidam dos filhos e netos, das plantas e das pra�as e se orgulham disso", afirma Diniz. "Saem cantando pela rua, mesmo quando algu�m nega um copo de �gua limpa."

Intitulada "Sou Mulher, Sou Gari", a pesquisa busca retratar a alma feminina, saber o que ela representa para sua fam�lia e para a sociedade em geral e mostra como as trabalhadoras sobrevivem com o sal�rio que ganham.

"Ao passar por uma gari, poucos sabem que elas s�o vaidosas e tamb�m est�o cheias de sonhos e realiza��es pessoais com uma hist�ria de alegria e muitas conquistas", afirma.

Diniz espera que o TCC mostre para a sociedade n�o s� a import�ncia do trabalho das garis, mas tamb�m que possa levar � reflex�o quanto aos h�bitos de discrimina��o e preconceito para desmantelar o machismo.

"Meu trabalho mostra um lado pouco conhecido dessas profissionais, contado por elas mesmas. Tamb�m como elas encaram esse trabalho com muita naturalidade, suas vaidades por tr�s do uniforme e a independ�ncia financeira que conseguiram ao longo da caminhada", afirma o gari e jornalista.

Para o TCC, Diniz ouviu e fotografou 30 depoimentos de garis de Goi�nia. As mulheres somam quase 2,7% do total dos trabalhadores de limpeza urbana da Comurg. Segundo a prefeitura, essas funcion�rias percorrem em m�dia 3,6 quil�metros lineares por dia, com jornada de 44 horas semanais, empurrando um carrinho com capacidade para 150 litros e que pesa 22 quilos quando est� vazio.


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