'Remonta a escravatura', diz delegado que investiga chibatadas em supermercado

O delegado Pedro Luis de Souza, titular do 80� Distrito Policial (Vila Joaniza), � respons�vel pela investiga��o do caso de um jovem de 17 anos submetido a 40 minutos de tortura, ap�s tentar furtar chocolate de uma unidade do supermercado Ricoy na zona sul da capital paulista. Ao jornal O Estado de S. Paulo, ele afirma que nunca havia se deparado com situa��o semelhante em mais de quatro d�cadas na Pol�cia Civil.

"� uma barbaridade que remonta os idos da escravatura, aos s�culos 16 e 17. Foi essa imagem que me veio � tona. Talvez at� por isso eu n�o tenha conseguido ver aquele garoto sendo barbaramente a�oitado. � uma situa��o terr�vel", disse o delegado, afirmando que n�o conseguiu assistir ao v�deo que mostrava o rapaz sendo torturado.

Segundo a investiga��o, os seguran�as terceirizados Davi de Oliveira Fernandes e Valdir Bispo dos Santos seriam os respons�veis por despir, amarrar, a�oitar e filmar o jovem em uma sala do supermercado. A Justi�a decretou a pris�o dos suspeitos na quarta-feira, 4, e ambos est�o foragidos.

Mais trabalhadores tamb�m podem acabar indiciados por omiss�o, de acordo com o delegado. A Pol�cia Civil investiga, ainda, se houve outros casos semelhantes na rede. Com hist�rico de pequenos furtos, o jovem � viciado em crack e estava vivendo nas ruas da Vila Joaniza. Ele perdeu o pai no in�cio deste ano. A m�e, que sofre de alcoolismo, tem paradeiro desconhecido, segundo relato de familiares.

Nesta quinta-feira, 5, o rapaz foi atendido por quatro conselheiros tutelares da regi�o. No encontro, decidiu-se que a guarda deve ser transferida para um dos seus sete irm�os. Segundo o advogado Ariel de Castro, que acompanha o caso, o rapaz tamb�m deve ser encaminhado para acompanhamento do Centro de Refer�ncia da Assist�ncia Social (Creas) e do Centro de Apoio Psicossocial (Caps).

Em nota publicada no site, a rede Ricoy diz que "repudia todos os casos de viol�ncia que ocorreram dentro e nos arredores de suas lojas por funcion�rios ou terceirizados". Afirma, ainda, que os seguran�as n�o trabalham mais no local.