Dodge denuncia conselheiro do TCE por atrapalhar investiga��o sobre Marielle

Em seu adeus � Procuradoria-Geral da Rep�blica, Raquel Dodge denunciou nesta ter�a-feira, 17, o crime de obstru��o � investiga��o dos assassinatos da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorridos em mar�o de 2018, e pediu a federaliza��o do inqu�rito sobre o mandante do duplo homic�dio, alegando "inefici�ncia" na investiga��o conduzida na esfera estadual.

O principal alvo da den�ncia � Domingos Braz�o, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. De acordo com a PGR, Braz�o, aliado a um dos funcion�rios de seu gabinete, Gilberto Ribeiro da Costa, ao PM Rodrigo Ferreira, � advogada Camila Nogueira e ao delegado da PF H�lio Khristian, atuaram para que as investiga��es em �mbito estadual "passassem longe dos reais autores do crime". A suspeita de Raquel Dodge � que Braz�o possa ser um mandante.

Para Raquel Dodge, h� provas de que Braz�o influiu no curso das investiga��es com o objetivo de que os verdadeiros culpados pelos assassinatos n�o fossem identificados, e que o miliciano Orlando Oliveira Ara�jo e o vereador Marcelo Moraes Siciliano fossem responsabilizados pelos crimes, respectivamente, como executor e mentor.

De acordo com a den�ncia, a estrat�gia do conselheiro afastado do TCE/RJ a fim de direcionar as investiga��es para outro rumo foi a de plantar not�cias falsas que chegassem at� a Pol�cia Civil do Rio, por meio de articulado esquema, passando, inclusive, pela Pol�cia Federal. Braz�o se cercava de pessoas influentes que o ajudavam na concretiza��o do plano de afastar a linha investigativa que poderia identific�-lo como o autor intelectual dos crimes. Por cerca de um ano, a estrat�gia - que envolveu policiais militares, advogados e assessores do conselheiro no TCE/RJ - funcionou, com a coopta��o de pessoas para prestar depoimentos falsos e desviar o foco das investiga��es, que chegaram a Marcelo Siciliano como autor intelectual dos crimes.

"Com base nos relatos preliminares de Siciliano e do pr�prio Orlando, n�o h� como desconsiderar que este cen�rio fosse de interesse de Domingos Braz�o que, ap�s seus percal�os policiais e judiciais desde a Opera��o Quinto do Ouro - que o levou � pris�o e o afastou de sua fun��es como conselheiro e vice-presidente do TCE/RJ em 29/03/2017 - vinha perdendo terreno em importantes redutos eleitorais para o vereador", diz trecho da den�ncia.

Quanto � apura��o sobre os mandantes do crime, a procuradora-geral solicitou a federaliza��o do caso justificando o insucesso nas apura��es estaduais. Se aceito o pedido, ser� aberto um novo inqu�rito, que ter� como investigado Braz�o. Caber� ao Superior Tribunal de Justi�a (STJ) decidir se o caso ser� deslocado para a PGR ou n�o.

"H� in�rcia e dificuldade de investigar e identificar os mandantes, elucidando esta parte da trama criminosa", justificou.

A acusa��o e o pedido de abertura de inqu�rito n�o alteram o processo sobre os executores do crime, Ronnie Lessa e Elcio Queiroz. O caso seguir� no Rio de Janeiro.

Na den�ncia apresentada nesta ter�a-feira, Raquel acusa Braz�o e outros investigados por supostamente desviarem a investiga��o para n�o se desvelar organiza��o criminosa e por inser��o de declara��es falsas em depoimento oficial.

"O modo como foram engendrados depoimentos que conduziram a Pol�cia Civil, a um certo tempo, a indicar que os autores eram pessoas que n�o tinham participado da atua��o. O inqu�rito inicial apontou para receptores que n�o eram os verdadeiros. Estou pedindo o deslocamento de compet�ncia para que haja uma investiga��o para se chegar aos mandantes", diz.

Segundo Raquel Dodge, Domingos Braz�o valeu-se do cargo e da estrutura do gabinete no TCE-RJ, acionou um dos servidores - um agente da PF aposentado - que exercia cargo no gabinete para engendrar simula��o para conseguir desvirtuar a investiga��o, com ajuda do delegado da Pol�cia Federal Helio Khristian.