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Estado de Minas GERAL

S�nodo da Amaz�nia exp�e polariza��o do Vaticano; papa tenta conter divis�es


postado em 04/10/2019 07:27

A partir de domingo, dia 6, 184 bispos se reunir�o para o S�nodo da Amaz�nia, que discutir� durante 20 dias, no Vaticano, a presen�a da Igreja Cat�lica na regi�o. A quest�o ambiental estar� no centro das discuss�es - at� por causa dos inc�ndios florestais -, mas o olhar dos cl�rigos se voltar� tamb�m para temas que refletem o momento de polariza��o do Vaticano, incluindo discuss�es sobre ordena��o de casados e amplia��o da participa��o feminina.

Os dois temas est�o no documento preparat�rio para o S�nodo porque a escassez de padres impede a expans�o da Igreja na regi�o amaz�nica. Se a Igreja vai adaptar suas diretrizes sobre esses assuntos, s� se saber� quando o papa proferir a exorta��o apost�lica p�s-sinodal - o que n�o tem data estipulada para acontecer. Mas o fato � que o s�nodo acontece em um momento em que Francisco � "espremido" pelos dois lados.

Na extrema direita da Igreja - para usar termos comuns � polariza��o -, cardeais pedem que ele renuncie e conclamam os fi�is a jejuarem para que as "heresias" pregadas pelo pont�fice n�o sejam aprovadas. No outro extremo, os progressistas alem�es est�o prestes a realizar o Caminho Sinodal para discutir se o celibato obrigat�rio � a melhor maneira de um padre viver no s�culo 21 e questionar o fato de que mulheres n�o podem ser ordenadas como diaconisas ou padres - o papa, ali�s, at� pediu um estudo teol�gico a respeito, que negou a exist�ncia hist�rica.

E h� press�es di�rias a respeito. Nesta quinta-feira, 3, por exemplo, houve novos protestos da associa��o Voices of Faith, que re�ne religiosas de todo o mundo e cobra do papa que as mulheres tenham direito a voto no s�nodo - h� 35 delas entre os participantes, mas s� com direito � observa��o. Indagado, o secret�rio-geral do evento, cardeal Lorenzo Baldisseri, voltou a dizer nesta quinta-feira que s� ter�o votos os bispos e as pessoas autorizadas por Francisco.

Ao grupo mais tradicional, que pede sua ren�ncia, Francisco n�o responde. Aos alem�es, escreveu uma carta dirigida aos fi�is na qual disse "compartilhar a preocupa��o sobre o futuro da Igreja na Alemanha". No entanto, tamb�m alertou sobre o risco de se colocar em pauta processos que podem prejudicar a unidade da Igreja. Para ele, separadas, a Igreja universal e as Igrejas particulares "se enfraquecem, secam e morrem".

Ren�ncia

S� a possibilidade de abrir brechas pastorais j� movimenta cr�ticos. Os conservadores normalmente evitam se pronunciar abertamente - mais ciosos da unidade da Igreja, temem que seus pronunciamentos coloquem "mais lenha na fogueira". Mas h� exce��es, como o autor chileno Jos� Antonio Ureta, ligado � Sociedade de Defesa da Tradi��o, Fam�lia e Propriedade (TFP). Para ele, como brincou Francisco h� pouco tempo, h� algo de "comunista" nessas ideias. "N�o � novo. A Teologia da Liberta��o busca isso desde os anos 1970."

H� 15 dias, o cardeal americano Raymond Burke e o bispo Athanasius Schneider (auxiliar de Castana, no Casaquist�o) assinaram uma declara��o de oito p�ginas na qual lan�am um alerta contra seis "graves erros teol�gicos e heresias" no documento preparat�rio do S�nodo. Assim, refor�am a posi��o do cardeal alem�o Walter Brandm�ller, que considerou o evento pr�ximo de contradizer "o ensino irrevog�vel da Igreja".

As cr�ticas falam de "pante�smo impl�cito", uso de "supersti��es pag�s e xamanismo" e redu��o a costumes abor�gines, al�m das cr�ticas a ordena��es de casados e � concess�o de minist�rios a mulheres. O documento de trabalho do S�nodo, defendido nesta quinta pelo relator, o brasileiro Dom Cl�udio Hummes, fala da possibilidade de se discutir a quest�o dos "viri probati", homens reconhecidos pela comunidade e de f� comprovada que se responsabilizariam por alguns sacramentos em locais isolados - e supririam a falta de padres. Na mesma linha, se cobra o reconhecimento das mulheres - que se encarregam de grande parte do servi�o religioso na regi�o.

Quanto ao Instrumento de trabalho, o cardeal Hummes afirmou que "n�o � do S�nodo, mas para o S�nodo". "� a voz do povo local." Baldisseri destacou que n�o se trata de um "documento pontif�cio", mas de uma coleta das express�es do povo da Amaz�nia. "� o ponto de partida para come�ar a trabalhar."

Para os opositores, por�m, essa partida leva � heresia. Para combat�-la, sugerem "jejum" e at� ren�ncia de Francisco. J� o papa, ap�s viagem a Mo�ambique no dia 10, avisou que n�o tem "medo de cismas". "Mas oro para que n�o ocorram. O caminho do cisma n�o � crist�o."

"O papa n�o quer uma ruptura com o corpo da Igreja", explica Maria Clara Bingemer, professora titular do Departamento de Teologia da PUC-Rio. "Ap�s o S�nodo da Fam�lia, Francisco j� abriu o discernimento das igrejas locais sobre a Eucaristia para os casados de segunda uni�o. Depois deste s�nodo, � capaz de ter abertura de uma brecha para a ordena��o de padres casados, como quer a Alemanha. Mas � tudo muito lento, mesmo." Na mesma linha, at� assessores pr�ximos do pont�fice, como o cardeal canadense Marc Oullet, se dizem "c�ticos" quanto a qualquer nova diretriz p�s-s�nodo.

Estar no meio desse embate � exatamente o grande m�rito deste pontificado, afirmam os te�logos. "O car�ter mais prof�tico de Francisco � que ele se torna um homem de di�logo quando a sociedade ocidental parece ter desistido de dialogar", afirma Francisco Borba, coordenador do N�cleo de F� e Cultura da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP). Francisco faria a s�ntese: reconhece a necessidade de um arejamento doutrinal, mas mant�m posi��es como a valoriza��o do misticismo e a prega��o de que g�nero � apenas o biol�gico. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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