Imagine encomendar pelo aplicativo um burrito por R$ 35, digitar a senha do cart�o quando o entregador chega e descobrir depois que o pedido, na verdade, custou R$ 2 mil. Foi o que aconteceu com a produtora cultural Th�ssia Moro no dia 14 de setembro, quando ela foi v�tima do "golpe do delivery". Al�m dos R$ 2 mil tirados dela no cart�o de d�bito - que a fizeram entrar no cheque especial -, os criminosos tamb�m passaram R$ 1,2 mil no cr�dito.
"Eu pagava e dava erro, e nisso foram v�rias tentativas, no cr�dito e no d�bito, com dois cart�es diferentes", contou Th�ssia, que registrou boletim de ocorr�ncia e tenta reaver o dinheiro com o app iFood, por onde fez o pedido. "Tentei falar com o iFood de todas as maneiras, fiz reclama��o. Disseram que iam me pagar at� o dia 26, mas isso n�o aconteceu at� agora", explica ela, que agora estuda levar o caso � Justi�a.
Segundo Th�ssia, o delegado que a atendeu suspeita que bandidos consigam alterar as mensagens no visor da m�quina enquanto as compras v�o sendo efetuadas. Dessa forma, a mensagem de erro pode esconder um d�bito na conta corrente.
J� o iFood explicou que os crimes acontecem quando os entregadores usam m�quinas de pagamentos n�o vinculadas � empresa e, "se aproveitando da distra��o dos consumidores", adulteram o valor da compra.
Outra v�tima foi o gerente de projetos Luis Sanches. No caso dele, a comida indiana de R$ 108,50 era para o seu jantar de anivers�rio. "Pedi para pagar na entrega por medo de digitar meus dados online. Achei que passando o cart�o na m�quina seria mais seguro."
Sanches pegou apressado as sacolas das m�os do motoboy depois de digitar a senha em uma m�quina com o visor danificado. Segundo o entregador, uma queda sofrida por ele teria arranhado o aparelho. No dia seguinte, o cliente reparou na mensagem de texto em seu celular que acusava pagamento de R$ 4.621,68 na noite anterior, valor parcelado em nove vezes.
� reportagem, o iFood disse estar ciente dos golpes aplicados e "atuou rapidamente, desativando o cadastro dos envolvidos, quando comprovada a conduta il�cita do entregador". A plataforma disse que seus entregadores operam "de forma independente" e que a fun��o do iFood � "conectar restaurantes, entregadores e consumidores".
Apesar disso, a empresa se comprometeu a ressarcir os clientes lesados e orienta que v�timas de golpes "devem entrar em contato pelos canais oficiais de atendimento ao cliente via aplicativo, enviando o boletim de ocorr�ncia e extrato banc�rio para que a empresa possa retornar o mais breve poss�vel".
Na entrega
O iFood se tornou a plataforma preferida de golpistas por permitir pagamentos na entrega dos pedidos, em dinheiro, cart�o de cr�dito, d�bito ou vale-refei��o. � nessa modalidade que os criminosos conseguem aplicar os golpes. Os concorrentes UberEats e Rappi s� permitem que os pagamentos sejam feitos online, com cart�es de cr�dito ou d�bito cadastrados nos seus apps, o que evita golpes do delivery.
Segundo o presidente da Comiss�o de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Jos� Pablo Cortes, uma vez que o cliente identifica ter sido v�tima do golpe, o primeiro passo � entrar em contato com o emissor do cart�o e comunicar o ocorrido. O segundo � avisar o aplicativo e pedir o ressarcimento. "E sempre documentando tudo."
Cabe ao aplicativo, segundo Cortes, reaver o valor perdido, uma vez que o entregador golpista est� a servi�o da plataforma. Se comprovada a inten��o de fraude do entregador, ele pode responder pelo crime de estelionato.
Fique atento:
1. Forma - Sempre que poss�vel, pague pelo aplicativo e n�o no momento da entrega.
2. Ambiente - Pe�a ao entregador para tirar o capacete e tente pagar em um ambiente filmado.
3. M�quina - Certifique-se de que o valor digitado corresponde ao pedido. Se a m�quina estiver danificada, pe�a outra.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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