A elei��o para novos membros de conselhos tutelares se tornou uma disputa entre cat�licos, evang�licos e grupos anticonservadores pelo Pa�s. Nas ruas e nas redes sociais, os grupos t�m se mobilizado para conseguir votos - ou evitar a vit�ria dos que t�m ideias contr�rias. No Rio, o processo virou alvo at� de investiga��o do Minist�rio P�blico.
De car�ter municipal, os conselhos tutelares cuidam dos direitos de crian�as e adolescentes. Os conselheiros t�m de ter pelo menos 21 anos e "reconhecida idoneidade moral". Qualquer eleitor pode votar - o processo ser� realizado amanh�.
No �ltimo m�s, a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) publicou em seu site ao menos quatro textos em que chama a aten��o dos fi�is para as elei��es. As publica��es incluem guia para encontrar o local de vota��o, as responsabilidades do conselheiros, e argumentos sobre a import�ncia de eleger representantes "comprometidos" e sobre o "dever de votar". Segundo um dos textos, "� importante ter pessoas com valores e princ�pios e que, acima de tudo, tenham compromisso com Deus".
A elei��o tamb�m motivou manifesta��o de representantes da Igreja Cat�lica. O bispo auxiliar dom Devair Ara�jo da Fonseca, da Arquidiocese de S�o Paulo, escreveu uma carta ao clero paulista em que lamenta a baixa representa��o de cat�licos nos conselhos e refor�a a import�ncia de ir �s urnas no domingo. "Infelizmente a representa��o da Igreja Cat�lica nestes conselhos � baixa, a maioria das vagas � ocupada pelos nossos irm�os evang�licos", diz dom Devair, na carta. Ele anexou ainda nas mensagens cartazes informativos para serem fixados em lugares vis�veis nas par�quias para informar a comunidade. "Solicito o empenho na identifica��o e no apoio dos candidatos do seu bairro."
A movimenta��o das igrejas provocou ainda uma rea��o nas redes sociais para promover candidatos considerados "progressistas". Em grupos no Facebook de moradores do centro de S�o Paulo, por exemplo, circularam listas com nomes que estariam comprometidos com a defesa de direitos humanos, do Estado laico e de "ideais democr�ticos". O receio dessas pessoas � de que igrejas usem o espa�o nos conselhos tutelares para "combater ideologia de g�nero" e tratar problemas familiares e sociais de crian�as como uma quest�o de f� e religiosidade.
Representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Conselho Municipal de Direitos de Crian�as e Adolescentes de S�o Paulo, Ariel de Castro diz que, historicamente, tem crescido a participa��o de pessoas ligadas a igrejas e partidos pol�ticos nesses �rg�os. "Nesta edi��o est� ainda mais polarizado."
Em nota, a Igreja Universal classificou de tendenciosas as perguntas enviadas pelo jornal O Estado de S. Paulo. "Deveria a f� de uma pessoa desqualific�-la de participar de um livre processo democr�tico e de contribuir � sociedade?" A Arquidiocese de S�o Paulo n�o respondeu. Na capital, uma a cada quatro candidaturas para o Conselho Tutelar acabou indeferida, por supostamente n�o cumprir requisitos necess�rios para a fun��o.
Pr�ticas il�citas
A reportagem apurou haver indeferimento de cerca de 50 candidaturas no Rio. Ali, ainda se investigam den�ncias de compra de votos e aluguel de vans para transporte de eleitores. As suspeitas envolvem igrejas neopentecostais e at� grupos de milicianos "Essas pr�ticas influenciam muito. A inten��o � tentar prejudicar o equil�brio entre os candidatos", diz a promotora Rosana Cipriano, da Promotoria de Justi�a de Tutela Coletiva da Inf�ncia e Juventude. Em muitos casos, os conselhos s�o usados como trampolim pol�tico para quem quer se candidatar em 2020. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
GERAL