Caixas misteriosas no litoral nordestino s�o de navio naufragado na 2� Guerra

Ao mesmo tempo em que buscavam decifrar as causas do derramamento de �leo que atinge a costa da regi�o Nordeste, pesquisadores da Universidade Federal do Cear� (UFC) descobriram que as centenas de caixas de borracha encontradas nas praias desde o ano passado pertenciam a um navio alem�o abatido em 1944.

H� um ano as caixas de borracha come�aram a aparecer misteriosamente no litoral nordestino. Desde ent�o, centenas delas - pelo menos 200 - foram encontradas do Norte da Bahia ao Maranh�o. Em mar�o, elas surgiram na costa cearense.

Agora, os materiais que tanto despertaram a curiosidade da popula��o, tiveram a origem identificada por tr�s pesquisadores do Instituto de Ci�ncias do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Cear�.

O material pertence a um navio da Alemanha torpedeado por tropas americanas pr�ximo a Recife, em Pernambuco, em janeiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Os pesquisadores identificaram inscri��es em alem�o numa placa met�lica em um das caixas encontradas numa praia de Itarema, munic�pio localizado a cerca de 200 quil�metros de Fortaleza. Foi a partir da� que uma pesquisa hist�rica elucidou o enigma.

"Conseguimos identificar um cargueiro, chamado Rio Grande, num banco de dados americano sobre naufr�gios no Atl�ntico Sul durante a Segunda Guerra. Esse cargueiro transportava principalmente fardos de borracha bruta", explica o ocean�grafo f�sico Carlos Teixeira, um dos respons�veis pela pesquisa.

Para ratificar o levantamento hist�rico, os pesquisadores fizeram ent�o uma simula��o num�rica computadorizada. Pelo m�todo, s�o liberadas part�culas a partir do lugar onde o navio afundou. O resultado mostra que as part�culas chegam exatamente ao litoral nordestino, refor�ando a tese de que a antiga embarca��o � a fonte das caixas vistas em v�rias praias desde o fim de 2018.

Alguns fatores como dire��o das correntes mar�timas, temperatura, salinidade e ventos foram considerados na simula��o, que permitiu saber de onde os materiais v�m e para onde est�o sendo transportados pela correntes.

O navio civil, constru�do em 1939, foi afundado em janeiro de 1944, ap�s deixar a capital pernambucana no dia 2 de janeiro daquele ano fugindo do bloqueio naval imposto pela marinha americana. Ap�s abatido, os sobreviventes conseguiram sair em pequenos botes rumo a Fortaleza, onde foram presos na 10� Regi�o Militar. A embarca��o foi encontrada somente em 1996, a cerca de 5.700 metros de profundidade.

A rela��o dos fardos de borracha oriundos do naufr�gio com as recentes manchas de �leo que atingem o litoral nordestino est� descartada, no momento. "O petr�leo cru encontrado nas �ltimas semanas � um �leo considerado novo e n�o proveniente de uma embarca��o que naufragou h� tantas d�cadas", afirma Teixeira.

Mesmo assim, os pesquisadores cearenses v�o enviar, na pr�xima semana, amostras de �leo das praias cearenses para o Instituto Oceanogr�fico de Woods Hole, nos Estados Unidos. A an�lise da composi��o vai comprovar se o �leo, de fato, pertence a uma extra��o recente.