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Estado de Minas GERAL

Canonizada pelo papa Francisco, Irm� Dulce vira Santa Dulce dos Pobres


postado em 13/10/2019 14:32

�s 10h34 (5h34 no hor�rio de Bras�lia) deste domingo, 13, o papa Francisco oficialmente fez de Irm� Dulce, a Santa Dulce dos Pobres, a 37� personalidade brasileira canonizada pela Igreja Cat�lica. Ela � a primeira mulher nascida no Pa�s a se tornar santa.

A cerim�nia, na Pra�a S�o Pedro, no Vaticano, reuniu, segundo a guarda local, cerca de 50 mil pessoas e fez outros quatro novos santos: um te�logo ingl�s, uma freira italiana, uma freira indiana e uma catequista su��a.

"Em honra da Sant�ssima Trindade, pela exalta��o da f� cat�lica e para incremento da vida crist�, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos Ap�stolos Pedro e Paulo, e Nossa, depois de refletir por muito tempo, ter invocado a ajuda divina e ouvido a opini�o de irm�os bispos, declaramos e definimos santos os beatos John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Maria Thresia Chiramel Mankidiyan, Dulce Lopes Pontes (Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes) e Marguerite Bays, e os inscrevemos no registro dos santos, estabelecendo que em toda a Igreja eles sejam devotamente honrados entre os santos", afirmou o papa, no momento solene.

O p�blico aplaudiu fervorosamente.

Foi vis�vel o n�mero de brasileiros entre os fi�is. Bandeiras do Pa�s e trajes verde e amarelo podiam ser notados em todas as partes da pra�a.

Agraciados pelos milagres de Irm� Dulce presentes no Vaticano

Em um dos momentos mais emocionantes da cerim�nia, foi exibida uma rel�quia de Irm� Dulce: um peda�o de osso de sua costela, impregnado em uma pedra de ametista.

O m�sico Jos� Maur�cio, considerado curado milagrosamente por gra�a de Santa Dulce, estava presente. Foi a recupera��o de sua cegueira o milagre decisivo para a canoniza��o da santa brasileira. Na homilia, o papa destacou o fato de que dos cinco novos santos, tr�s eram freiras. "Invocamos como intercessores", referiu-se aos novos santos. "Mostram-no que a vida religiosa � um caminho de amor nas periferias existenciais do mundo."

J� o primeiro milagre de Irm� Dulce ocorreu em 2001, quando a sergipana Claudia Santos, hoje com 50 anos, enfrentava uma grave hemorragia ap�s o parto do segundo filho e chegou a ficar em coma, com insufici�ncia renal. Ap�s a equipe m�dica usar todos os recursos que poderia, a recomenda��o foi que se preparassem para a morte.

"Estou aqui desde as 20 horas de ontem. Eu n�o poderia deixar de vir. A emo��o � muito grande de relembrar tudo aquilo que passou, hoje a minha f� � muito maior", afirmou � reportagem. "Depois do que passei, vi que n�s realmente n�o somos nada."

Claudia come�ou a melhorar de forma milagrosa com a visita do padre Jos� Almir de Menezes, devoto de Dulce. Ela compareceu ao Santu�rio Irm� Dulce, em Salvador, usando como pingente a santinha que recebeu do religioso durante as ora��es.

O milagre foi oficializado pelo Vaticano em 2011, dez anos ap�s a recupera��o de Claudia.

"Foi uma b�n��o de Deus, agrade�o primeiramente a Deus e pela intercess�o de Irm� Dulce. N�o era nem para eu estar aqui, ela � minha santinha", afirmou.

Comitiva de autoridades brasileiras

A comitiva de autoridades brasileiras foi acomodada � esquerda do altar, em espa�o reservado para convidados n�o religiosos. O vice-presidente Hamilton Mour�o (PRTB); os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP); da C�mara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ); o governador da Bahia, Rui Costa (PT); e o prefeito de Salvador, Ant�nio Carlos Magalh�es Neto (DEM), estavam entre os presentes.

Al�m dos pol�ticos brasileiros, participaram da cerim�nia o presidente da It�lia, Sergio Mattarella, o pr�ncipe Charles, do Reino Unido, al�m de autoridades da �ndia, da China, da Irlanda e da Su��a.

Antes da missa, o padre brasileiro Antonio Maria, o sanfoneiro cearense Waldonys e a cantora baiana Margareth Menezes tocaram e cantaram a m�sica oficial da canoniza��o da freira brasileira.

Na hagiografia de Irm� Dulce consolidada pelo Vaticano, ela passa a ser apresentada como algu�m que "desde a inf�ncia, se destacou por uma grande sensibilidade para com os pobres e necessitados".

"Sua caridade era maternal, carinhosa", diz o texto, impresso no livreto da canoniza��o. "A sua dedica��o aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e do Alto recebia for�as e recursos para dar vida a uma maravilhosa atividade de servi�os aos �ltimos."

O documento ainda afirma que, quando a freira morreu, j� gozava de "grande fama de santidade".

Biografia

Nascida em 26 de maio de 1914 em Salvador, Irm� Dulce foi batizada Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes. Era filha de um dentista e professor da Universidade Federal da Bahia, Augusto, e uma dona de casa, Dulce. Perdeu a m�e aos 7 anos e, por isso, decidiu homenage�-la, adotando seu nome na vida religiosa, aos 19 anos - quando ingressou na Congrega��o das Irm�s Mission�rias da Imaculada Concei��o da M�e de Deus.

Sua voca��o para ajudar os mais necessitados se tornou p�blica na adolesc�ncia. Aos 13 anos, ela come�ou a acolher doentes e moradores de rua em sua casa. O centro de atendimento informal acabou conhecido como "a portaria de S�o Francisco".

Logo depois de assumir o h�bito, tornou-se professora de uma escola mantida por sua congrega��o. Por forma��o, Dulce era normalista, oficial de farm�cia e auxiliar de servi�o social. Deu aulas principalmente de Geografia e Hist�ria.

Criou um movimento oper�rio crist�o e, um pouco mais tarde, fundou a organiza��o que existe at� hoje, com destaque para o atendimento a doentes.

Irm� Dulce tamb�m gostava de artes, principalmente m�sica. Em 1948, fundou o Cine Teatro Roma, palco de shows de grandes nomes da MPB, como Roberto Carlos e Raul Seixas. A religiosa ainda criaria cinemas em Salvador.

Ainda em vida, recebeu o apelido de "o anjo bom da Bahia". "Mis�ria � a falta de amor entre os homens", dizia a freira.

Em 1988, ela foi indicada ao Pr�mio Nobel da Paz.

"O amor supera todos os obst�culos, todos os sacrif�cios. Por mais que fizermos, tudo � pouco diante do que Deus faz por n�s", � outra de suas frases famosas.

Seus �ltimos 30 anos de vida foram especialmente dif�ceis por conta de um enfisema pulmonar, que reduziu sua capacidade respirat�ria em 70%. Irm� Dulce chegou a pesar apenas 38 quilos.

Canoniza��o

Na hist�ria contempor�nea da Igreja, � o terceiro caso mais r�pido de canoniza��o: Irm� Dulce se tornou santa 27 anos depois de sua morte. O papa Jo�o Paulo II foi canonizado nove anos ap�s a morte; j� Madre Teresa de Calcut� (1910-1997), 19 anos depois.

O processo de canoniza��o de Irm� Dulce foi iniciado em janeiro de 2000. Na ocasi�o, seus restos mortais que estavam na Igreja da Concei��o da Praia, em Salvador, foram transferidos para a Capela do Convento Santo Ant�nio, na sede das Obras Sociais Irm� Dulce (Osid), na mesma cidade.

Em abril de 2009, o papa Bento XVI reconheceu suas virtudes heroicas. Irm� Dulce passou a ser considerada ent�o vener�vel.

Em outubro de 2010, a Congrega��o para a Causas dos Santos atestou a autenticidade do primeiro milagre atribu�do � religiosa - ora��es para ela, em 2001, teriam interrompido hemorragia de 18 horas de uma parturiente, em Sergipe. Em 22 de maio de 2011, Irm� Dulce foi beatificada em missa presidida pelo cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, em Salvador.

Neste ano de 2019, veio o reconhecimento do segundo milagre: a cura de uma cegueira causada por glaucoma, em 2014. Em 14 de maio, papa Francisco anunciou que Irm� Dulce seria canonizada.

Mas o maior milagre de Irm� Dulce tem muito mais de �rduo trabalho humano do que de for�as divinas. Em 1959, a freira fundou uma institui��o filantr�pica em Salvador. A Osid � hoje um complexo composto de 17 n�cleos, com uma gama de servi�os gratuitos que v�o de escola de ensino integral a hospital com tratamento de c�ncer. O centro m�dico atende a 2 mil pessoas por dia.

Anualmente, s�o realizados ali 2 milh�es de procedimentos, com 12 mil cirurgias e 18 mil interna��es. Tudo de gra�a. O complexo realiza 3,5 milh�es de atendimentos por ano.


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