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Estado de Minas GERAL

'N�s n�o aceitamos essa integra��o com o homem branco', diz Raoni


postado em 15/10/2019 14:00

"N�s, povos ind�genas origin�rios, queremos sobreviver da natureza. N�s n�o aceitamos essa integra��o com o homem branco." A afirma��o � de Raoni Metuktire, uma das vozes mais ouvidas no mundo sobre a quest�o ind�gena.

Ele foi alvo do presidente Jair Bolsonaro em discurso na Organiza��o das Na��es Unidas h� 17 dias. A revanche esperada por ambientalistas, que n�o ocorreu, seria a nomea��o ao Pr�mio Nobel da Paz. Mas o l�der caiap� n�o deixou de vestir uma postura de "guerra" por suas ideias. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, disse que continuar� "defendendo os direitos dos povos ind�genas", como descreveu em um v�deo publicado na semana passada. � reportagem, disse que Bolsonaro est� "errado e isolado" e as florestas e os povos ind�genas est�o em maior risco que nunca.

Ele manteve um tom apaziguador, mas sem esconder a braveza do guerreiro que �. Por Skype, em sua l�ngua nativa e com tradu��o feita por um neto, Raoni levantou o dedo e em tom grave disse que nunca vai aceitar os planos do governo de integrar os povos ind�genas ao modo de viver dos n�o �ndios. "Na �poca dos (irm�os) Villas-Boas, vi muitos parentes j� integrados, misturados, casados com brancos, com filhos. Mas n�o quero isso. N�s precisamos ter nosso cocar, nosso colar. Outros parentes de v�rias regi�es j� se entregaram ao homem branco, j� querem comer como branco, sobreviver como branco. N�s que dependemos da floresta n�o queremos isso", afirmou.

Estima-se que Raoni tenha cerca de 90 anos. Aprendeu a falar portugu�s ap�s ter contato com os irm�os Villas-Boas, em 1954. Viajou com eles e se tornou um tradutor n�o s� da voz dos ind�genas como de sua cultura e do ambiente em que viviam. N�o tardaria muito para que se tornasse uma esp�cie de negociador da quest�o ind�gena. Ficou famoso no Pa�s em 1984, quando foi a Bras�lia pintado de vermelho para guerra, com uma borduna, e literalmente puxou a orelha do ent�o ministro do Interior, Mario Andreazza, cobrando demarca��o definitiva do Parque do Xingu, criado pelos Villas-Boas em 1961. "Aceito ser seu amigo. Mas voc� tem de ouvir o �ndio."

Conhecido internacionalmente depois de 1989, quando fez uma turn� mundial com o cantor Sting para chamar a aten��o para os riscos � Amaz�nia, Raoni j� foi recebido por presidentes e por dois papas. Neste ano, se encontrou com Emmanuel Macron, presidente da Fran�a e com o papa Francisco, em prepara��o para o s�nodo da Amaz�nia. Desde o in�cio do ano, por�m, n�o foi recebido pelo presidente Bolsonaro. "Sempre tive contato com os presidentes do Brasil e eles nunca falaram mal de mim, nunca criticaram a minha luta. De repente veio esse Bolsonaro falando mal do meu trabalho, falando mal da minha pessoa. Desde a campanha para presidente, ele vem nos dividindo - seja branco, �ndio, negro. Com plano de destruir os direitos de cada povo."

Ele tamb�m n�o deixou de comentar a presen�a da ind�gena Ysani Kalapalo ao lado de Bolsonaro na ONU e a fala do presidente, que decretou o "fim do monop�lio do sr. Raoni". Bravo, disse que nunca se colocou nesse papel. "Eu nunca disse que eu era dono de todos os �ndios do Brasil. O meu trabalho e o meu foco at� hoje � somente de falar para manter a floresta, para manter o rio, os animais", afirmou.

Sobre Ysani, disse que nunca ouviu falar dela. "Nem o pessoal do Alto Xingu me informou. Ela pensa errado. Talvez tenha nascido na cidade, crescido na cidade e tem outra mentalidade." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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