No dia que o Edif�cio Andr�a desabou, a empregada dom�stica Cleide Maria da Cruz, de 60 anos, deu um beijo em seu filho antes de sair de casa. Assim que chegou ao servi�o, viu funcion�rios trabalhando em uma das colunas de sustenta��o do pr�dio e at� comentou com o porteiro como aquilo era perigoso. Ela entrou na casa da patroa por volta das 10h e foi para a cozinha preparar um caf�. Mal terminara de tomar a primeira x�cara quando tudo ruiu.
"Era uma trag�dia anunciada", resume o motorista de aplicativo Leandro Carvalho, de 39 anos, o filho de Cleide, uma das sete v�timas resgatadas com vida do desabamento que ocorreu na manh� de ter�a-feira, 15, em Fortaleza. O pr�dio de sete andares, onde moravam 13 fam�lias, ficava localizado na Rua Tib�rcio Cavalcante, no Dion�sio Torres, bairro nobre da capital cearense. At� o momento, o Corpo de Bombeiros confirma quatro mortes. Sete pessoas seguem desaparecidas - entre elas, a patroa de Cleide.
Carvalho conta como sua fam�lia e a dos moradores do Edif�cio Andr�a eram pr�ximas: a m�e trabalhava para eles h� 21 anos. Em casa, ligou a televis�o e soube que havia acontecido um desabamento na regi�o. N�o teve d�vidas de qual pr�dio era. "Se a gente tivesse na varanda, de vez em quando caia um peda�o de revestimento", relata.
Ele diz que sua m�e sempre voltava para casa com hist�rias que denunciavam a degrada��o do pr�dio, como janelas tortas ou portas que paravam de fechar por causa do desn�vel do ch�o. O motorista diz que situa��o era assim h� pelo menos 14 anos. "Minha m�e t� bem, mas e quem t� l�? Porque as pessoas se recusaram a fazer uma reforma, se recusaram a gastar um dinheiro."
Cleide Maria teve uma fratura exposta na perna e passou por cirurgia ainda na ter�a. Est� na enfermaria do Instituto Jos� Frota (IJF), com quadro est�vel. Al�m dela, Gilson Moreira, de 53 anos, tamb�m est� internado no hospital. Ele fraturou as duas pernas e passou por duas cirurgias at� o momento.
Das outras v�timas resgatadas com vida, duas foram liberadas: Fernando Marques, de 20 anos, e Jo�o �caro Coelho, de 35. Ant�nia Peixoto, de 72 anos, encontra-se em estado grave no hospital Otocl�nica, da rede particular, mesmo local em que est� Davi Sampaio, de 22 anos, em situa��o est�vel. Francisco Rodrigues Alves, de 59 anos, aguardava transfer�ncia para o IJF na tarde desta quarta-feira, 16.
Atendimento
Pr�ximo ao local do desabamento, um edif�cio cedeu espa�o para atendimento aos familiares das v�timas, al�m de aux�lio aos volunt�rios e bombeiros. Conforme a professora de enfermagem da Universidade de Fortaleza (Unifor), Isabela Bonfim, h� psic�logos, psiquiatras e enfermeiros no local.
"A espera por not�cias est� mexendo muito com eles. Como hoje foi a tarde inteira sem resgate nenhum, alguns tiveram crises, s�ndrome do p�nico e desmaios. Est� muito complicado", disse a docente, que participa da equipe de aux�lio voluntariamente. Os familiares recebem informa��es apenas dos Bombeiros e de integrantes da Defesa Civil. � a partir deste contato que � realizado a identifica��o das v�timas.
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