A Pol�cia Federal deflagrou nesta sexta, 1, a Opera��o M�cula para apurar a origem e autoria do derramamento de �leo que atingiu mais de 250 praias nordestinas brasileiras. A a��o cumpre dois mandados de busca e apreens�o no Rio de Janeiro - na Lachmann Ag�ncia Mart�tima e da empresa Witt O Brien�s. As companhias teriam rela��o com o navio mercante Bouboulina, de propriedade da Delta Tankers, que � apontado como a origem da mancha de �leo que atinge a costa nordestina. A Lachmann afirmou na tarde desta sexta que n�o � alvo da investiga��o, ao passo que a Witt O Brien's negou que 'jamais' teve como cliente a empresa Delta Tankers, dona do navio Bouboulina.
As ordens foram expedidas pela 14� Vara Federal Criminal de Natal (RN).
Segundo o delegado Agostinho Cascardo, um dos respons�veis pela investiga��o no Rio Grande do Norte, as empresas que s�o alvos das buscas n�o s�o suspeitas em princ�pio, mas podem ter arquivos, informa��es e dados que sejam �teis �s investiga��es.
Mais de 100 megabytes de informa��es foram apreendidos durante as dilig�ncias.
De acordo com nota conjunta divulgada pelo Minist�rio da Defesa, pela Marinha e pela Pol�cia Federal, por meio de geointelig�ncia a PF identificou uma imagem sat�lite do dia 29 de julho relacionada a uma mancha de �leo a 733,2 km (cerca de 395 milhas n�uticas) a leste do estado da Para�ba. Segundo os �rg�os, essa imagem foi comparada com imagens de datas anteriores, em que n�o foram identificadas manchas.
Considerando que an�lises de laborat�rio haviam indicado que o �leo coletado nas praias do Nordeste, as investiga��es trabalharam com dados de carga, portos de origem, rota de viagem e informa��es de armadores.
"Dos 30 navios suspeitos, um navio tanque de bandeira grega encontrava-se navegando na �rea de surgimento da mancha, na data considerada, transportando �leo cru proveniente do terminal de carregamento de petr�leo San Jos�, na Venezuela, com destino � �frica do Sul", informa a nota. O cruzamento das imagens de sat�lite com os outros dados apontaram esse navio como principal suspeito.
N�o est� claro, por�m, se foi um derramamento acidental ou intencional, quais s�o as dimens�es da mancha original e qual � o volume de �leo derramado.
De acordo com dados do Centro Integrado de Seguran�a Mar�tima (Cismar), o navio manteve seus sistemas de monitoramento alimentados e n�o houve qualquer comunica��o � Marinha sobre derramamento. Navios com os sistemas desligados, conhecidos como �dark ships�, tamb�m foram avaliados, mas n�o foram relacionados com a ocorr�ncia ap�s an�lise das imagens de sat�lite.
Com informa��es da Marinha, a Diretoria de Intelig�ncia Policial da PF concluiu que �n�o haveria indica��es de outro navio que poderia ter vazado ou despejado �leo, proveniente da Venezuela�.
O mesmo navio ficou detido nos Estados Unidos por quatro dias, indicou a Marinha, devido a �incorre��es de procedimentos operacionais no sistema de separa��o de �gua e �leo para descarga no mar�.
De acordo com a Pol�cia Federal, a embarca��o, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, onde permaneceu no Pa�s por tr�s dias. Depois seguiu rumo a Singapura, pelo oceano Atl�ntico, tendo aportado na �frica do Sul.
O Boubolina tem capacidade para carregar 80 mil toneladas de Petr�leo, segundo Cascardo.
Para os procuradores Cibele Benevides e Victor Mariz, "h� fortes ind�cios de que a (empresa), o comandante e tripula��o do Navio deixaram de comunicar �s autoridades competentes acerca do vazamento/lan�amento de petr�leo cru no Oceano Atl�ntico." Eles classificaram as buscas como �necess�rias e urgentes� para coletar documentos que auxiliem no esclarecimento dos fatos.
Segundo a PF, o navio grego est� vinculado, inicialmente, � empresa de mesma nacionalidade, mas ainda n�o h� dados sobre a propriedade do petr�leo transportado pelo navio identificado, e por isso a necessidade de continuar a apura��o.
A Pol�cia Federal indicou ainda que solicitou dilig�ncias em outros cinco pa�ses pelo canal da Interpol, a fim de obter dados adicionais sobre a embarca��o, a tripula��o e a empresa respons�vel.
As investiga��es ocorreram em a��o integrada com a Marinha do Brasil, o Minist�rio P�blico Federal, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, a Ag�ncia Nacional do Petr�leo (Ibama), a Universidade Federal da Bahia, a Universidade de Bras�lia e a Universidade Estadual do Cear�, al�m do apoio espont�neo de uma empresa privada do ramo de geointelig�ncia - respons�vel elas imagens de sat�lite que identificaram a macha de �leo original.
A PF informou que, paralelamente, realiza exames periciais no material recolhido em todos os estados brasileiros atingidos, bem como exames em animais mortos, j� havendo a constata��o de asfixia por �leo, assim como a similaridade de origem entre as amostras.
De acordo com a corpora��o, a opera��o foi denominada M�cula pois a palavra significa sujeira e impureza.
COM A PALAVRA, A LACHMANN AG�NCIA MAR�TIMA
"A Lachmann Ag�ncia Mar�tima esclarece que n�o � alvo da investiga��o da Pol�cia Federal. A ag�ncia foi t�o somente solicitada pela Pol�cia Federal a colaborar com as investiga��es. A ag�ncia segue � disposi��o das autoridades para quaisquer informa��es adicionais.
Fundada em 1927, a Lachmann Ag�ncia Mar�tima atende v�rios navios de diversos armadores que escalam os portos brasileiros, fornecendo servi�os relacionados � entrada e sa�da nos portos. Esses servi�os correspondem ao atendimento das normas relacionadas aos �rg�os anuentes, como Anvisa, Capitania dos Portos, Pol�cia Federal, Receita Federal, Docas e outros, e coordena��o da contrata��o de servi�os portu�rios relacionados, como praticagem, rebocadores, lanchas de amarra��o e outros.
A ag�ncia mar�tima � uma prestadora de servi�os para as empresas de navega��o, n�o tendo nenhum v�nculo ou inger�ncia sobre a operacionalidade, navegabilidade e propriedade das embarca��es."
COM A PALAVRA, A WITT O BRIEN�S
"Na manh� desta sexta-feira (01/11), a Pol�cia Federal esteve na sede do escrit�rio da Witt O�Brien�s Brasil, no Rio de Janeiro, para a��o da opera��o "M�cula", que investiga a proced�ncia do atual vazamento de �leo na costa brasileira.
Prezando pela transpar�ncia, a Witt O�Brien�s informa que, esse navio ou seu armador JAMAIS foi cliente da Witt O�Brien�s no Brasil, e que o Brasil n�o exige que navios tenham contratos pr�-estabelecidos para combate a emerg�ncias.
A Witt O�Brien�s Brasil informa tamb�m que pa�ses como Canad�, Estados Unidos, Panam� e Argentina exigem que os navios que se dirigem aos seus portos tenham contratos pr�-estabelecidos com empresas de atendimento e gerenciamento de emerg�ncias.
A Witt O�Brien�s americana � uma das grandes provedoras desse tipo de servi�o de prontid�o para gerenciamento de emerg�ncias em navios nos Estados Unidos, por�m seus contratos n�o guardam nenhuma rela��o com a empresa no Brasil.
No Brasil, esse tipo de exig�ncia n�o existe e esse tipo de contrato n�o � praticado pela Witt O�Brien�s Brasil.
A Witt O�Brien�s Brasil afirma que est� � disposi��o das autoridades brasileiras e que contribuir� com todas as informa��es necess�rias."
COM A PALAVRA, A DELTA TANKERS
A reportagem tenta contato com a empresa. O espa�o est� aberto apara manifesta��es.
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