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Estado de Minas IBGE

Um a cada cinco negros que moram em zona rural ainda � analfabeto


postado em 13/11/2019 10:33 / atualizado em 13/11/2019 13:32

Embora a escolariza��o venha avan�ando nos �ltimos anos, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para reduzir as desigualdades raciais no campo da educa��o. Um em cada cinco negros que vivem em zonas rurais ainda � analfabeto, ou seja, est� entre as pessoas com pelo menos 15 anos de idade que n�o sabem ler nem escrever. Os dados s�o do Estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Ra�a, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) nesta quarta-feira, 13.

A taxa de analfabetismo de pretos e pardos (9,1%) � mais do que o dobro do que a dos brancos (3,9%). Na zona rural, a taxa de analfabetismo de pretos e pardos sobe a 20,7%, contra 11% dos brancos. Mesmo em �reas urbanas, o analfabetismo � mais de duas vezes maior entre negros: a taxa de analfabetismo de brancos � de 3,1%, enquanto a de pretos e pardos � de 6,8%.

A taxa ajustada de frequ�ncia escolar l�quida - que frequentam a etapa escolar na idade adequada - mostra que as desigualdades raciais se aprofundam conforme avan�a o n�vel de ensino. Em 2018, havia uma pequena diferen�a entre as propor��es de crian�as de 6 a 10 anos brancas e pretas ou pardas cursando os anos iniciais do ensino fundamental (96,5% e 95,8%, respectivamente).

No entanto, a propor��o de jovens de 18 a 24 anos de cor branca que frequentavam ou j� tinham terminado o ensino superior (36,1%) era quase o dobro da registrada entre os pretos ou pardos da mesma faixa et�ria (18,3%).

Desigualdade racial at� entre os mais ricos

A desigualdade de escolariza��o persiste mesmo quando comparadas as popula��es brancas e pretas ou pardas por faixas de renda, incluindo a popula��o mais abastada. Entre os 20% da popula��o com maiores rendimentos per capita, a evas�o escolar de jovens adultos com 18 a 24 anos era de 4,3% entre os brancos. Entre os negros nessa faixa et�ria, essa evas�o subia a 7,6%.

"Mesmo quem est� no quinto de maiores rendimentos, h� desigualdade entre popula��o branca e preta ou parda. N�o � s� quest�o de rendimento", observou a analista da Coordena��o de Popula��o e Indicadores Sociais do IBGE, Luanda Botelho.

A taxa de ingresso da popula��o preta ou parda no n�vel superior (35,4%) � menor do que a da popula��o branca (53,2%). O problema j� est� presente na etapa anterior: a taxa de conclus�o do ensino m�dio da popula��o preta ou parda (61,8%) � que a da popula��o branca (76,8%).

Saneamento b�sico

As desigualdades raciais persistentes no Pa�s tamb�m se refletem nas condi��es de moradia dos brasileiros. O Brasil tem quase tr�s vezes mais negros do que brancos vivendo com ao menos uma restri��o de acesso ao saneamento b�sico.

Na popula��o que habitava em moradias com alguma defici�ncia no saneamento em 2018, 69,404 milh�es eram pretos ou pardos, outros 25,015 milh�es eram brancos.

No ano passado, era maior propor��o da popula��o preta ou parda residindo em domic�lios sem coleta de lixo (12,5%, contra uma fatia de 6% da popula��o branca), sem abastecimento de �gua por rede geral (17,9%, contra 11,5% da popula��o branca), e sem esgotamento sanit�rio por rede coletora ou pluvial (42,8%, contra 26,5% da popula��o branca).

O resultado significa que os pretos e pardos est�o em maior condi��o de vulnerabilidade e exposi��o a vetores de doen�as, lembrou o IBGE.

Os negros tamb�m t�m menos acesso aos bens dur�veis do que os brancos. Em 2018, 44,8% da popula��o preta ou parda residia em domic�lios sem m�quina de lavar roupa, o dobro da fatia da popula��o branca nessa mesma condi��o (21%).

Popula��o negra ou parda em desvantagem; origem hist�rica

Para os pesquisadores do IBGE, as desigualdades �tnico-raciais t�m origens hist�ricas e s�o persistentes, levando a popula��o preta ou parda a sofrer "severas desvantagens" em rela��o � branca em indicadores do mercado de trabalho, distribui��o de renda, condi��es de moradia, educa��o, viol�ncia e representa��o pol�tica.

"Os ciclos econ�micos do Pa�s ao longo de 300 anos tiveram pilar no trabalho escravo. Formalmente, a liberdade tem 130 anos. E esse desenvolvimento econ�mico ao longo da sua hist�ria construiu uma estrutura social que os indicadores est�o mostrando, esses n�meros n�o est�o soltos", justificou Claudio Crespo, analista da Coordena��o de Popula��o e Indicadores Sociais do IBGE. "Tem indicadores de transforma��o, mas a dist�ncia social ainda � bastante relevante, tem uma raiz hist�rica. A posse da terra, a valoriza��o cultural, a estigmatiza��o que ao longo dos anos os pretos e pardos s�o submetidos."

Segundo dados de 2017, uma pessoa preta ou parda tinha 2,7 vezes mais chances de ser v�tima de homic�dio intencional do que uma pessoa branca. A taxa de homic�dios era de 16 entre as pessoas brancas e de 43,4 entre as pretas ou pardas a cada 100 mil habitantes.


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