O sepultamento e o ato ecum�nico em homenagem a Vladimir Herzog foram os momentos mais marcantes da trajet�ria p�blica do rabino Henry Sobel, morto nesta sexta-feira, 22, e que, ao longo das d�cadas, se firmou como uma das principais lideran�as religiosas do Brasil cr�ticas � ditadura militar e defensora dos direitos humanos.
Filho do jornalista, Ivo Herzog se refere ao rabino como um dos grandes "her�is" brasileiros. O rabino contrariou a vers�o das autoridades de que o jornalista teria cometido suic�dio, em 1975, e permitiu que Herzog fosse enterrado no meio do Cemit�rio Israelita do Butantan - em vez das proximidades dos muros, destinadas aos suicidas.
O rabino tamb�m participou de um ato ecum�nico em homenagem a Herzog na Catedral da S�, acompanhado de D. Paulo Evaristo Arns e do reverendo Jaime Wright. O epis�dio reuniu cerca de oito mil pessoas e se tornou um marco da resist�ncia � ditadura militar.
"Um her�i � aquela pessoa que, apesar adversidades, tem coragem de super�-las em fun��o do que acredita. Ele fez isso, quando se colocou no ato ecum�nico, por exemplo, Parte da pr�pria comunidade era contra e ele era uma pessoa rec�m-chegada no Brasil, sofreu muita press�o para que n�o fizesse, n�o s� de parte comunidade quanto do pr�prio governo", diz Ivo.
"Era um momento dif�cil e ele bateu p�, preferiu acreditar e esteve presente, superou essas adversidades. A gente precisa lembrar que a ditadura continuou por mais 10 anos, e ele sempre esteve firme, sempre firme, sempre presente, n�o recuou em nenhum momento."
Ivo ressalta que Sobel foi o primeiro representante de uma institui��o a denunciar o assassinato de Herzog. "O ato ecum�nico foi um marco do in�cio fim da ditadura e in�cio do processo da democratiza��o do Brasil", comenta. "Ao longo dos anos, (Sobel) sempre se manteve fiel aos seus valores, princ�pios. Acho que ele era uma dessas pessoas que jogava o jogo dos valores dele, n�o do contexto do momento."
Ao longo dos anos, Ivo e o rabino se encontraram em eventos p�blicos, como diversas edi��es do Pr�mio Vladimir Herzog, de jornalismo. "Sempre foi uma pessoa muito acolhedora, que olhava nos olhos da gente. Me conhecia, me chamava �meu amigo�, era um grande ser humano", conta. "Era uma figura que ilustrava uma resist�ncia contra toda aquela opress�o daquela �poca. Ele sempre foi muito consist�ncia nessa luta, contra a opress�o."
Ivo tamb�m diz que o rabino e outras lideran�as que denunciaram a morte de Herzog far�o falta no contexto pol�tico atual. "Henry Sobel j� se foi, D. Paulo Evaristo Arns j� se foi, Aud�lio Dantas j� se foi. Essas pessoas se foram, e isso � muito ruim para n�s, em um momento novamente muito dif�cil, muito complicado, de um endurecimento do governo que, apesar de eleito democraticamente, tem um gosto por coisas que aconteciam naquela �poca (ditadura militar) e que declara isso publicamente."
Quando o rabino se mudou do Brasil, em 2013, o Instituto Vladimir Herzog fez um evento de despedida de Sobel. "Faz falta mais D. Paulos Evaristos, Henrys Sobel, Aud�lios Dantas para nos ajudar a criar contrapontos a esse processo novamente de endurecimento, de viol�ncia institucional do Estado."
A morte de Sobel foi lamentada nas redes sociais por autoridades, institui��es e personalidades da m�dia. Entre essas pessoas, est�o os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Luiz In�cio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT).
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