Cenas de terror e medo em Parais�polis, com a suspeita de a��o truculenta da Pol�cia Militar, assustam os moradores da segunda maior comunidade de S�o Paulo h� pelo menos dez anos. Na madrugada deste domingo, 1�, nove pessoas morreram pisoteadas e outras 12 ficaram feridas durante tumulto ap�s a��o da PM em um baile funk.
Em 2009, moradores de Parais�polis denunciaram � reportagem do jornal O Estado de S. Paulo agress�es, sess�es de tortura e invas�es sem mandados judiciais por policiais durante os tr�s meses de Opera��o Satura��o da PM.
A opera��o teve in�cio depois dos tumultos provocados por algumas dezenas de moradores, em 2 de fevereiro, que deixaram tr�s PMs baleados. Entre os agitadores havia chefes do tr�fico de drogas. Como resposta, nos dias que se seguiram ao quebra-quebra, parte da tropa deixou rastros de abusos e viol�ncia.
"Durante a ocupa��o, tentativas de desestabiliza��o das for�as de seguran�a foram levadas a efeito por parte de pessoas que se sentiam incomodadas com a presen�a da pol�cia", afirmou � reportagem, em 2009, o capit�o Emerson Massera, porta-voz da PM.
Entre o fim de 2012 e o in�cio de 2013, durante uma onda de viol�ncia que atingiu a capital e a regi�o metropolitana, deixando mais de 100 mortos, a Opera��o Satura��o prendeu mais de 100 pessoas em Parais�polis. A a��o teve como objetivo capturar criminosos e sufocar o tr�fico de drogas na comunidade, de onde partiriam ordens para a execu��o de PMs. A pol�cia encontrou uma lista com o nome de 40 agentes de seguran�a marcados para morrer.
Por�m, os moradores novamente reclamaram de abusos da PM. Um dos casos mais marcantes foi o de uma jovem de 17 anos que perdeu um olho, segundo seu relato, por um tiro de bala de borracha disparado por policiais.
A comunidade relatou � Defensoria P�blica de S�o Paulo outras ocorr�ncias de invas�es a resid�ncias, determina��o de toque de recolher e destrui��o de bares pelos policiais.
� �poca, os moradores se organizaram para tentar denunciar os abusos dos policiais. Os depoimentos, todos an�nimos, foram colhidos pela organiza��o n�o governamental (ONG) Tribunal Popular. Na favela, o grupo de policiais violentos ficou conhecido como o "Bonde do Careca".
Em 2019, segundo os relatos, a escalada da tens�o se iniciou ap�s o assassinato na comunidade do sargento da PM Ronald Ruas, h� um m�s. De acordo com os moradores, aumentaram em Parais�polis a��es policiais, com den�ncias de amea�as e trucul�ncia.
Nas redes sociais, moradores vinham comentando nos �ltimos dias sobre uma poss�vel "invas�o" da PM na comunidade.
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