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Estado de Minas GERAL

Quando o bom velhinho desperta medo


postado em 22/12/2019 09:58

Na fila para contar ao Papai Noel do Shopping Higien�polis o que pretende ganhar no Natal, Jos� Luiz, de 3 anos, parecia animado. Mas, ao chegar a vez dele, o humor mudou: o menino decidiu n�o se aproximar e ficar em p�, guardando uma dist�ncia segura do bom velhinho. "Ele n�o � nada t�mido. Mas acho que essa deve ser uma das primeiras experi�ncias dele com essa figura", contou a av� Silvia Cataldo, de 67 anos.

Apesar de a maioria das crian�as agir com familiaridade e desenvoltura, empilhando uma lista de pedidos que deixariam qualquer papai (Noel ou n�o) de cabelo em p�, tamb�m teve quem repetisse Jos� Luiz - e segurasse a m�o do personagem natalino com inseguran�a, que abrisse o berreiro ou, simplesmente, ficasse mudo.

Esse medo pontual do Papai Noel pode se transformar em fobia? Embora n�o seja reconhecida oficialmente pelo Manual Diagn�stico e Estat�stico de Transtornos Mentais (DSM), feito pela Associa��o Americana de Psiquiatria, os medos relacionados �s festas de fim de ano e � pr�pria figura de Noel est�o cada vez mais presentes no dia a dia dos consult�rios e na experi�ncia de quem interpreta o personagem de barba branca e gorro vermelho.

"Eu n�o gosto quando os pais insistem. Acho que tem de respeitar o tempo das crian�as. O Noel � uma figura que deve conquistar a confian�a. E precisa ser visto como amigo", disse Cl�udio Altruda, de 79 anos, Noel de shopping h� mais de 26 anos.

Psic�loga com especializa��o em Avalia��o Psicol�gica e Neuropsicol�gica e Terapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Cl�nicas, Elaine Di Sarno compara o medo de Papai Noel com a cl�ssica fobia de palha�o. "S�o figuras muito diferentes daquilo que as crian�as mais novas est�o acostumadas. Elas n�o t�m ideia de quem � aquele velhinho de barba branca, uma figura vermelha que fica tocando um sino... A�, as crian�as s�o obrigadas a se apresentar ao Noel, falar com ele, interagir... Algumas acabam desenvolvendo um medo que pode se desdobrar para a vida adulta", disse. Ali�s, na vida adulta, segundo Elaine, esse tipo de fobia acaba se transformando no estresse de fim de ano, na vontade de ficar sozinho em datas como Natal e ano-novo.

Para a psicanalista especialista em programa��o neurolingu�stica (PNL) e constela��o familiar Ta�s Ribeiro, a fobia de Natal tamb�m se reflete em medos peculiares como o do pisca-pisca e de �rvores de Natal. "Parece estranho, mas j� tratei casos assim. Na maioria das vezes, diria em 80% dos casos, s�o traumas de inf�ncia", contou. "N�o ajuda quando os pais ficam contando hist�rias do 'homem do saco', aquela figura que viria capturar a crian�a se ela fizesse alguma m�-cria��o. A figura do 'homem do saco' pode ser confundida com o Papai Noel na cabe�a das crian�as", completou.

Os casos mais graves, que se transformam em ansiedade na vida adulta, podem nascer de diversas fontes. "Conhe�o uma pessoa que tinha medo de Noel porque um dia flagrou um tio de quem n�o gostava fantasiado de bom velhinho", falou Ta�s. "Teve uma que o pai bebia muito durante o Natal e estragava a festa. Fazia coisas terr�veis como gritar com a mulher, dar um soco no bolo e atirar um peru pela janela", lembrou.

De acordo com a especialista, algumas situa��es s� conseguem ser "atacadas" com hipnose, com o paciente conseguindo "ressignificar" alguns momentos importantes da pr�pria vida.

O psic�logo Carlos Alberto Vieira pontua que � importante resgatar a diferen�a entre medo e fobia. "No primeiro, o sujeito est� diante de algo que apresenta alguma raz�o objetiva no risco que se atribui �quilo que est� em quest�o, enquanto que na fobia n�o h� raz�o concreta a amea�ar o sujeito."

Segundo ele, em ocasi�es t�picas do per�odo natalino � mais comum encontrar adultos que apresentam algum tipo de desconforto, ou de sofrimento, mesmo em fun��o de situa��es relacionadas � solid�o. "Pode ser um desconforto decorrente de uma experi�ncia de atualiza��o, podemos assim chamar, de um per�odo de luto vivido no passado, ou mesmo uma experi�ncia em que o sujeito faz um balan�o da sua vida e de si mesmo, colocando quest�es importantes em perspectiva, num momento de avalia��o das coisas naquela altura da vida, podendo vir � tona uma sensa��o de medo por algo que se d� em um contexto de incerteza referente ao seu futuro." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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