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Estado de Minas GERAL

Camel�s se arriscam entre carros na Marginal


postado em 27/12/2019 08:06

Will, de 40 anos, protegia-se da chuva embaixo da Ponte da Casa Verde, na Marginal do Tiet�, enquanto vendia �gua, refrigerante e pipoca para motoristas. Molhado, ele dividia espa�o com ratos, lixo e moradores de rua abrigados nos canteiros que beiram o rio, mas n�o se incomodava com a situa��o: o mais importante era lucrar no dia R$ 30.

Assim como metade dos brasileiros, a renda do vendedor est� abaixo de um sal�rio m�nimo: ele ganha cerca de R$ 600 por m�s, trabalhando de segunda a sexta-feira na Marginal, e complementa a renda com R$ 90 que recebe do Bolsa Fam�lia. "�s vezes falta para comer, a� pe�o ajuda de institui��es de caridade. Eu n�o vivo, apenas sobrevivo", lamenta.

A situa��o de Cl�udio, de 32 anos, � parecida. Vende �gua, pururuca e balas na via desde o in�cio do ano, quando foi demitido do emprego. Em dias de jogo de futebol, leva a mercadoria para a porta dos est�dios.

Ele consegue cerca de R$ 950 por m�s, dinheiro que, somado ao sal�rio m�nimo e � cesta b�sica da esposa, sustenta a fam�lia. "Comida na mesa n�o falta. Minha tristeza � n�o poder comprar roupa nova para as meninas usarem no Natal", conta.

Will e Cl�udio fazem parte de um contingente de homens e mulheres que, desempregados, trabalham entre os ve�culos em trechos das Marginais do Tiet� e do Pinheiros onde h� maior tr�nsito.

Nos �ltimos anos, a taxa de desemprego na Regi�o Metropolitana de S�o Paulo subiu de 13,2%, em 2015, para 16,6% em 2018 - mesma taxa de junho deste ano -, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED). "De 2017 para c�, aumentou bastante o n�mero de vendedores aqui, principalmente do fim da tarde para a noite", conta Will.

Para o motorista Alexandre Nascimento, que trabalha h� 20 anos com entregas e passa diariamente na Marginal do Tiet�, o aumento tamb�m � percept�vel. "Cada vez tem mais gente. � homem, mulher, muitos jovens e tamb�m crian�as."

Nascimento acredita que o maior perigo � a disputa de espa�o entre ambulantes e motoqueiros. "N�o h� respeito entre os dois."

Caminhoneiro desde 1994, Carlos Eduardo Greco conta que antes era dif�cil ver vendedores nas pistas. "A situa��o mudou bastante, principalmente nos �ltimos tr�s anos."

T� Legal

Na tentativa de regularizar a situa��o de trabalhadores informais, a Prefeitura criou em julho deste ano o programa T� Legal, que desburocratiza o processo de inscri��o junto ao Munic�pio para quem trabalha na rua. Mas, para os ambulantes que vendem comida e bebida entre os carros nas Marginais, o valor da di�ria cobrado � alto e inviabiliza a regulariza��o.

Os valores variam de R$ 5,36, para trabalhar um per�odo por dia, a R$ 10,72, dois per�odos por dia, e aumentam conforme o lugar escolhido - �reas nobres e com alto movimento s�o mais caras, por exemplo.

Will, por exemplo, pagaria � Prefeitura pouco mais de R$ 200 dos R$ 600 que ganha no m�s. "Se eu ficasse legal, teria s� como pagar o aluguel. Ficaria sem �gua e luz, n�o vale a pena", afirma. Cl�udio, por sua vez, calcula que viveria no vermelho e teria de fazer d�vidas. "Para quem vive com o m�nimo, qualquer centavo faz falta."

Desde que foi criado, o T� Legal recebeu 12,8 mil solicita��es e emitiu 8,8 mil autoriza��es tempor�rias de trabalho.

Curto prazo

Segundo a urbanista e coordenadora da Rede Nossa S�o Paulo, Carolina Guimar�es, a presen�a dos ambulantes em vias perigosas e a falta de interesse deles em formalizar o trabalho s�o reflexos do comportamento imediatista que a pobreza e o desemprego exigem das pessoas. "Os mais pobres n�o conseguem pensar em planos a longo prazo, porque precisam garantir o agora", afirma. "Fora isso, eles n�o podem guardar dinheiro, porque falta no fim do m�s." As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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