O ano letivo ainda nem come�ou, mas o gasto com a educa��o dos filhos j� causa dor de cabe�a entre os pais. Na busca pelo caderno ou mochila mais em conta, as fam�lias recorrem a negocia��es coletivas, compra ou troca de itens usados e grupos nas redes sociais. A Associa��o Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (Abfiae) estima alta de 8% nas papelarias - acima da infla��o oficial, que deve ficar em cerca de 4%. Mas uma pesquisa bem feita pode trazer al�vio ao bolso: na cidade de S�o Paulo, o valor dos produtos chega a variar 333%, segundo o Procon paulista.
A engenheira Tha�s Aparecida Costa, de 37 anos, m�e da Sarah, de 3, est� em um grupo de m�es de alunos da escola da filha no WhatsApp. "Compartilhamos or�amentos para verificar onde � mais vantajoso comprar. Uma papelaria prop�s que, se fecharmos a compra de mais de cinco m�es, temos 13% de desconto na parte de papelaria e material de uso coletivo, como giz de cera, tinta e cola."
A pesquisa do Procon de S�o Paulo analisou os pre�os de 126 produtos entre os dias 9 e 11 de dezembro em oito estabelecimentos de todas as regi�es da capital. Para o estojo de giz com 12 cores, por exemplo, a varia��o de pre�o chegou a 266% - de R$ 1,50 a R$ 5,50. A maior varia��o foi na borracha l�tex branca - de R$ 0,60 a R$ 2,60. Em n�meros absolutos, a maior varia��o foi na caneta hidrogr�fica Pilot 850L J�nior 12 cores. Em uma loja, estava por R$ 59,90 e em outra, por R$ 24,50. A maior varia��o, de 333%, � a da borracha.
Ao menos no grupo de Tha�s, a compra coletiva deve funcionar. "J� h� 11 m�es interessadas", diz ela, que calcula gasto de R$ 350, mesmo com o desconto. E a escola ficou respons�vel por negociar pre�os de livros did�ticos com as editoras.
A administradora Ana Cl�udia Rocha, de 39 anos, m�e de Daniel, de 9, opta pela anteced�ncia. "Pesa muito no in�cio do ano, mas n�o tem para onde correr. Costumo fazer pesquisa de pre�os para ver se a diferen�a � muito grande entre as lojas", disse ela, que j� foi �s compras nesta ter�a-feira, 7, e v� nos livros de Ingl�s e Espanhol os principais vil�es do or�amento.
Assim como Tha�s, Ana participa de um grupo no WhatsApp. "Encontramos uma livraria que ofereceu �timo desconto. Gastaria R$ 1 mil. Na livraria, conseguimos desconto de R$ 300. Com esse valor estou comprando o material restante."
Apesar do susto com as cifras, pelos c�lculos da Abfiae a alta de pre�os ficou menor. Entre 2018 e o ano passado, o aumento observado pela entidade foi de 10%. J� segundo o Procon, a diferen�a de 2019 para este ano ficou perto da infla��o.
A compra coletiva � uma das recomenda��es do Procon, al�m de observar as op��es de pagamento. A Abfiae orienta a pesquisa em v�rios estabelecimentos e de produtos seguros, certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
Conforme a Lei 12.886, de 2013, v�lida em todo o Pa�s, os col�gios n�o podem exigir a compra de qualquer item escolar de uso coletivo, como materiais de escrit�rio, higiene ou limpeza. Tamb�m n�o podem cobrar a compra de produtos de marcas espec�ficas.
Tenta��o
Nesta �poca, lidar com as vontades dos filhos - atra�dos por cadernos e mochilas coloridos e de personagens infantis - � outro desafio para os pais. Nesse caso, o melhor � conversar com os pequenos e evitar compras desnecess�rias.
"Gosto de cadernos de caveiras, carros e games", disse Basile, de 10 anos, que acompanha a m�e H�lcia Chatzoglou nas compras de material escolar. "Sempre vim com ele e negociamos. Se ele v� algo caro, a gente negocia e v� o que d� para levar", diz a artes�, de 49 anos.
No fim e no come�o do ano letivo, col�gios particulares fazem feiras de troca e doa��es de materiais escolares. No Col�gio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros, zona oeste, a a��o foi em dezembro e ser� retomada entre os dias 20 e 23. No Col�gio Santa Maria, no Jardim Marajoara, zona sul, houve um brech� de uniformes em dezembro.
Pesquisa
A mais recente Pesquisa de Or�amento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), j� apontava que as despesas das fam�lias com educa��o subiram. Entre os bi�nios 2007-2008 e 2017-2018, o peso dos gastos com material, matr�cula e mensalidades no or�amento dom�stico cresceu 56%.
"O primeiro passo � saber exatamente quais s�o os gastos mensais e quanto poder� dispor para a aquisi��o do material escolar. � fundamental ir �s compras com anteced�ncia para n�o precisar ser obrigado a pagar mais caro de �ltima hora", orienta Reinaldo Domingos, presidente da Associa��o Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin).
Para a especialista em educa��o financeira e s�cia da consultoria Ella's Investimentos, Rebeca Nevares, � preciso diluir os gastos com material ao longo do ano, fazendo uma pequena reserva mensal. "O ideal � pesquisar em pelo menos tr�s lojas de bairros diferentes. D� trabalho, mas a economia pode chegar a 50%", alerta.
Ainda de acordo com Rebeca, os gastos com educa��o entre as fam�lias brasileiras das classes A e C ficam entre 30% e 45% do or�amento familiar. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
GERAL