
Enormes avenidas vazias. Pontos tur�sticos fechados durante o feriado do ano-novo lunar. Nas raras sa�das de casa, m�scaras de prote��o como item obrigat�rio. O cen�rio fantasma em nada lembra a rotina fren�tica da na��o mais populosa do mundo. Brasileiros que vivem na China relatam temor de que o surto do coronav�rus em Wuhan, na Prov�ncia de Hubei, se espalhe por outras regi�es do pa�s.
A cerca de 300 quil�metros a sudoeste de Pequim, o engenheiro geol�gico J�lio C�zar Kattah, de 24 anos, foi orientado a n�o deixar o alojamento da universidade onde estuda em Shijiazhuang, capital da Prov�ncia de Hebei. "A universidade n�o permite que a gente saia daqui a menos que tenha alguma circunst�ncia especial", diz Kattah. "Muitos est�o pensando em ir embora." O mineiro de Belo Horizonte conseguiu escapar ao ajudar uma professora na compra de mantimentos para a universidade. Kattah se surpreendeu com a cidade vazia e gravou v�deos para registrar a "situa��o muito estranha".

''As ruas parecem um grande deserto. Isso � um pouco impressionante nesta �poca do ano''
Radialista Denise Melo, de 35 anos
"Todo mundo est� ficando dentro de casa mesmo. Ningu�m est� saindo. Voc� v� no WeChat (aplicativo de mensagens chin�s) o pessoal perguntando se algu�m tem uma s�rie para recomendar", diz Kattah. "Colegas que ligam para mim, fazem videoconfer�ncia para preencher esse tempo."
"As ruas parecem um grande deserto. Isso � um pouco impressionante nesta �poca do ano", diz a radialista Denise Melo, de 35 anos. "Em Pequim, fecharam todos os pontos tur�sticos: a famosa Cidade Proibida, o Pal�cio de Ver�o, que normalmente � lotado, est� tudo fechado."

Paulistana, Denise mora na capital chinesa h� um ano e meio. Ela tem sa�do de casa apenas para ir ao trabalho na Xinhua, ag�ncia de not�cias do governo chin�s. Mesmo a mais de mil quil�metros do epicentro do surto, n�o se sente totalmente segura. Pequim tem casos de infec��o e anteontem as autoridades confirmaram a primeira morte na capital chinesa.
Sem medo
J� em Qindgdao, na Prov�ncia de Shandong, a mais de mil quil�metros de Wuhan, a engenheira eletricista Joice Fiaux diz que o cen�rio n�o � de p�nico, apesar da recomenda��o para ficar em casa e de algumas restri��es em viagens intermunicipais. "N�o h� p�nico. A��es est�o acontecendo de modo coordenado", diz a carioca, que cursa mestrado na Universidade de Petr�leo da China.
Os tr�s brasileiros lembram que muitos servi�os j� estariam fechados por causa do ano-novo lunar. O governo chin�s decidiu estender o feriado at� o pr�ximo domingo. "A China sempre se prepara para um ano-novo muito colorido e, neste ano, n�o foi diferente. Tem lanternas, luzes, grandes est�tuas e cartazes", lembra Joice. "A diferen�a � que as pessoas est�o mais em casa." Os brasileiros contam que a vigil�ncia sanit�ria � r�gida. Na entrada dos mercados e esta��es ferrovi�rias, h� agentes de sa�de que medem a temperatura das pessoas. Nas universidades, Kattah e Joice s�o examinados diariamente. E ningu�m � visto na rua sem m�scara.
Denise diz que tem um estoque de m�scaras em casa. J� Kattah afirma que o item est� em falta em Shijiazhuang e s� conseguiu comprar pela internet, pagando caro. Ele diz que alguns golpistas est�o retirando m�scaras do lixo e desinfetando-as para revend�-las.
Os tr�s acham afirmam estar preparados para enfrentar o coronav�rus. "N�o tenho medo. Observo bem as medidas de seguran�a do governo chin�s e vejo que eles est�o realizando um trabalho muito s�rio", diz Joice. "Manter a calma e esperar � o melhor a fazer." Denise pede que brasileiros que t�m parentes na China n�o entrem em p�nico, pois a situa��o n�o � desesperadora. "Acho que � (um recado) mais para minha m�e", brinca.