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Estado de Minas GERAL

Uso de jogos violentos por crian�as desafia pais


postado em 03/02/2020 07:29

A TV do quarto de Artur (nome fict�cio), de 12 anos, est� com a tela quebrada desde novembro. Ele ficou irritado com uma derrota no jogo Fortnite e atirou o controle na tela. Os pais definiram que o filho vai ter de comprar outra televis�o com a mesada de R$ 100 por m�s. At� l�, fica sem videogame.

O Fortnite � o mesmo que foi proibido em col�gios do Estado do Kentucky (EUA) na semana passada. O �rg�o local citou "o teor violento do jogo" para vetar torneios escolares desse game. A proibi��o reacende o debate sobre a influ�ncia dos brinquedos eletr�nicos no comportamento de crian�as e adolescentes. A m�e de Artur acredita em influ�ncia negativa do jogo.

O Fortnite, por exemplo, � um ambiente virtual onde mais de 100 milh�es de pessoas se conectam com amigos (da vida offline) para competir, assistir e compartilhar hist�rias em tempo real. � um game de sobreviv�ncia, no qual os jogadores coletam armas, fabricam ferramentas e tentam permanecer vivos o maior tempo poss�vel. H� refer�ncias de cultura pop, cronologia n�o linear e a��o suficiente para uma cascata de adrenalina. Est�o l� tamb�m pe�as de merchandising, investimentos conjuntos com marcas de brinquedos e produtos virtuais.

Bruno, de 10 anos, o filho mais novo da advogada Alessandra Parziale, � um deles. A m�e conta que ele joga o dia inteiro - se ela deixar. O mais velho, Cau�, de 18 anos, prefere o game League of Legends (Lol).

"Acredito que esses jogos influenciam no comportamento. Muito nervosismo e at� briga com amigos. Tenho medo. Meu filho s� fala palavr�o quando est� jogando. Fico preocupada se pensam que podem fazer fora o que fazem no jogo", diz ela, de 45 anos, que at� leva os aparelhos para o trabalho para impedir que os filhos joguem muito.

E h� rela��o entre jogos violentos e o comportamento de crian�as? Aderbal Vieira Junior, do Programa de Orienta��o e Atendimento a Dependentes da Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), diz que a resposta � complexa. "Uma crian�a com boa forma��o e bem colocada na vida n�o vai se transformar com um jogo violento", explica. "Por outro lado, n�o descarto que um adolescente disfuncional possa ser influenciado negativamente por um videogame violento. Por si s�, o videogame n�o � ingrediente para tirar a crian�a da trajet�ria normal. Pode ser um ingrediente a mais em um caldeir�o", diz.

"Estudos cient�ficos mostram que jogos t�m rela��o com a agressividade, mas isso n�o � necessariamente viol�ncia", diz Ivelise Fortim, do Laborat�rio de Psicologia e Tecnologias da Informa��o e Comunica��o da Pontif�cia Universidade Cat�lica de S�o Paulo (PUC-SP).

A psic�loga Cybele Chiquinati destaca que crian�as e adolescentes t�m per�odos distintos de desenvolvimento f�sico e cognitivo. "Crian�as ainda n�o t�m matura��o cerebral para compreender um jogo mais violento. Na fase de 2 a 7 anos, ainda est�o na fase do desenvolvimento simb�lico, com dificuldades de compreender o outro como sujeito", explica. "Entre 7 e 11 anos, ainda t�m dificuldades com o pensamento abstrato. Por outro lado, adolescentes s�o capazes de lidar com quest�es mais l�gicas e abstratas e criam situa��es hipot�ticas."

Al�m de cuidado com a exposi��o a conte�dos violentos, especialistas recomendam aten��o para que a divers�o n�o se torne v�cio. A Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS) incluiu em 2018 a compuls�o por games como dist�rbio de sa�de mental na Classifica��o Internacional de Doen�as. Segundo especialistas, n�o h� um n�mero de horas de jogo que caracterize v�cio, mas � preciso ficar atento para observar se o game atrapalha outras atividades, como os estudos, ou afete a sa�de, como o peso ou ciclo do sono.

Ivelise Fortim prepara uma cartilha sobre o uso de jogos eletr�nicos em parceria com a Safernet, associa��o que promove os direitos humanos na internet no Pa�s. Entre as a��es poss�veis para as fam�lias, afirma ela, � se aproximar do filho quando est� jogando. "Alguns pais conseguem jogar junto, o que � uma estrat�gia interessante", diz ela. Outra dica � dar o exemplo na rela��o com eletr�nicos. "N�o adianta regular o tempo da crian�a � frente do videogame, mas continuar olhando Netflix ou Instagram sem parar."

'Game over'

Nas f�rias escolares, os videogames estavam praticamente liberados na casa de Marcelo Albuquerque, diretor de �rea em uma empresa de comunica��o. Os filhos Felipe, de 5 anos, e Bianca, de 10, aproveitaram: jogavam mais ou menos seis horas por dia. A partir desta segunda-feira, na volta �s aulas, os consoles voltar�o �s prateleiras. Albuquerque, de 41 anos, diz que o limite di�rio em frente � tela ser� de duas horas por dia. Sem choro. E conta que consegue "domar as ferinhas" com di�logo e que nunca teve grandes brigas na hora de tirar o fio da tomada. "Quem n�o faz a li��o n�o joga videogame", diz.

Na casa da professora Michele Abbade, a volta �s aulas tem sido tranquila. Ela deu espa�o para que os dois filhos (Jo�o Pedro, de 16 anos, e Jos� Lucas, de 14) participassem da defini��o das regras, que ficam expostas em uma lista grudada na geladeira.

S� d� para jogar se fizer as tarefas - como cuidar do cachorro e arrumar a cozinha. Durante a semana, tr�s a quatro horas em frente ao videogame. Est� dando certo. "S� comecei a me ajustar depois de uma chamada de aten��o da pediatra. Ela me perguntou se em casa de ferreiro o espeto era de pau", diz. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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