Tr�s meses ap�s o in�cio das regras que regulamentam o uso de patinetes el�tricos em S�o Paulo, o n�mero de equipamentos em circula��o caiu e a Prefeitura ainda n�o criou as esta��es onde eles devem ser deixados. Enquanto parte dos paulistanos se queixa da dificuldade de encontrar os patinetes em locais que j� haviam se tornado tradicionais, h� quem sinta um certo al�vio.
Na Pra�a Silvio Romero, no Tatuap�, na zona leste, n�o havia nenhuma unidade quando a reportagem visitou a �rea, na sexta-feira, 7. Nas Avenidas Faria Lima, na zona oeste, e Paulista, na regi�o central, que h� um ano estavam tomadas pelo modal, tamb�m � poss�vel observar um menor n�mero de equipamentos. Procuradas, as empresas n�o informaram quantos patinetes circulam na capital nem qual foi a redu��o de equipamentos nas �ltimas semanas.
O comerciante Paulo Vin�cius Aires, de 18 anos, ficou surpreso com a retirada de patinetes no Tatuap�. "Eu sempre usei, desde o in�cio (da implementa��o do modal), para ir at� o Carr�o. Era uma alternativa mais r�pida."
Na Faria Lima, a reportagem encontrou dez patinetes estacionados no acesso ao metr� e outros cinco quebrados e sem bateria atr�s de uma banca de jornal, � espera de funcion�rios das empresas que alugam o equipamento compartilhado. O cen�rio � diferente do observado em outubro do ano passado, quando havia um n�mero maior de patinetes no mesmo local.
O consultor de neg�cios Vitor Soares, de 22 anos, tamb�m observou a redu��o da oferta do modal. "Os patinetes est�o sumindo. J� me acostumei a us�-los do metr� Faria Lima at� a Avenida Pedroso de Moraes, onde trabalho, mas agora tem vezes que n�o encontro nenhum equipamento."
Na Paulista, a situa��o � semelhante. Menos de dez patinetes estavam na cal�ada do lado oposto ao Museu de Arte de S�o Paulo (Masp), mesmo local onde j� teve o dobro de unidades.
"O n�mero de patinetes por aqui caiu bastante, infelizmente. O equipamento agiliza o meu deslocamento, consigo chegar mais r�pido ao destino. Mas acredito que � preciso ter mais infraestrutura e respeito por parte dos usu�rios tamb�m", avalia o gar�om Leandro Henrique, de 32 anos.
Enquanto usu�rios j� acostumados com o modal lamentam, h� quem considere a redu��o um al�vio. "Muitas pessoas usam, mas ainda vejo crian�as com o equipamento, mesmo com a proibi��o. � preciso refor�ar a fiscaliza��o para evitar acidentes e incentivar o uso de capacete", avalia o administrador de empresas Danilo Alves, de 37 anos.
Desde que os patinetes come�aram a circular no Pa�s, no segundo semestre de 2018, uma s�rie de acidentes foram relatados. O mais grave aconteceu em setembro do ano passado, em Belo Horizonte. O empres�rio Roberto Pinto Batista J�nior, de 43 anos, morreu ao bater a cabe�a em um bloco de concreto, depois de cair do equipamento. Batista J�nior deixou vi�va e dois filhos.
"(Mesmo com a regulamenta��o) muitos usu�rios n�o respeitam (as regras) e usam at� a cal�ada, mesmo na Avenida Faria Lima, onde tem a ciclovia. Bicicletas tamb�m disputam espa�o com patinetes. Falta cidadania", se queixa Alves.
A opini�o � compartilhada pela comerciante Diva Garcia, de 41 anos. "As pessoas usam patinetes nas avenidas, atravessam no meio de carros e largam em qualquer lugar. Deixam de qualquer jeito no ch�o."
Sa�da de S�o Paulo
O sumi�o dos patinetes est� relacionado � sa�da de empresas que operavam em S�o Paulo ou da redu��o da opera��o daquelas que continuam aqui. Procuradas, startups afirmaram que a decis�o de deixar S�o Paulo foi tomada em raz�o de quest�es estrat�gicas ou de sustentabilidade financeira. Apesar de manifestar insatisfa��o na �poca da regulamenta��o, nenhuma operadora citou as novas regras como motivo para sa�da ou diminui��o da opera��o na cidade.
Procurada, a Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes afirmou que a redu��o de patinetes est� relacionada a "uma decis�o de mercado das pr�prias empresas".
"A expectativa � de que seja poss�vel readequar essa equa��o e que, juntos, mercado, sociedade, poder p�blico e demais operadoras encontrem o denominador socioecon�mico vi�vel para seguir e explorar da melhor maneira esse mercado", disse Jos� Muritiba, diretor executivo da Associa��o Brasileira de Startups (Abstartups).
Para o professor Paulo Furquim, coordenador do Centro de Regula��o e Democracia do Insper, a cria��o de uma regulamenta��o restritiva - e n�o a falta de demanda - � a hip�tese mais "plaus�vel" para a sa�da de empresas de S�o Paulo. "� um modelo de neg�cio com viabilidade econ�mica. O ponto principal para ele funcionar bem - tanto para a cidade quanto para a empresa - � que se tenha alguma pol�tica voltada para tornar vi�vel e segura a utiliza��o desse meio (de transporte)", diz o professor.
Em rela��o ao sucesso e viabilidade do modelo de neg�cio, ele acredita que o compartilhamento tem potencial na cidade, por ser um op��o de transporte complementar a �nibus, metr� e trem. "Tem demanda grande n�o s� para pequenos deslocamentos, como nas ciclovias das Avenidas Faria Lima e Paulista. (O compartilhamento de patinetes e suas varia��es) � o futuro da mobilidade, pois conecta os troncos de transporte p�blico - metr�, trem e corredores de �nibus", avalia.
"A gente tem visto pessoas comprando patinete para uso pessoal. Se � vi�vel para uma pessoa comprar e subutiliz�-lo - usar uma hora por dia, por exemplo -, ent�o � economicamente muito mais vi�vel voc� compartilhar esse equipamento", acrescenta.
Furquim afirma que o poder p�blico focou na restri��o do uso antes que o modal tivesse se popularizado a ponto de virar um problema para a cidade. "Em Paris, por exemplo, primeiro houve a inten��o de viabilizar, de fazer crescer o uso at� o ponto de ficar problem�tico, e depois as autoridades vieram com medidas restritivas. Aqui em S�o Paulo a gente inverteu: primeiro jogou as restri��es para depois falar em criar uma estrutura."
Ainda assim, o professor destaca alguns pontos positivos na regula��o, como a obrigatoriedade do uso de capacetes e as regras para estacionamento nas vias.
Esta��es
As esta��es para onde as operadoras levar�o os patinetes ap�s o uso, previstas na regulamenta��o, ainda n�o foram criadas pela Prefeitura. Segundo a gest�o Bruno Covas, a secretaria de Transportes, por meio da Companhia de Engenharia de Tr�nsito (CET), "est� se reunindo com as empresas credenciadas para definir os locais" onde elas ser�o instaladas. Segundo as regras municipais, os patinetes n�o podem ser deixados em qualquer lugar.
J� os usu�rios podem estacionar o equipamento em vias com ciclovias ou ciclofaixas, independentemente da velocidade regulamentada ou em vias sem ciclovias ou ciclofaixas, com velocidade menor ou igual a 40 km/h, respeitando determinadas condi��es, como per�odo de perman�ncia. Da rua, o equipamento ser� levado para as esta��es, assim que elas forem instaladas.
Outro ponto que ainda est� sendo analisado pelo Comit� Municipal de Uso do Vi�rio (Cmuv), �rg�o ligado � Prefeitura, � a obrigatoriedade do capacete. Em maio, decreto provis�rio do prefeito Bruno Covas exigiu o uso do equipamento, mas a medida foi suspensa ap�s pedido de uma das operadoras � Justi�a. Na mesma �poca, houve ainda apreens�o de patinetes nas ruas, por parte da Prefeitura. O decreto definitivo foi publicado em agosto.
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