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Estado de Minas GERAL

Chuvas extremas em SP ser�o cada vez mais comuns, diz cientista


postado em 10/02/2020 17:30

As intensas chuvas que atingiram a Regi�o Metropolitana de S�o Paulo na madrugada e na manh� desta segunda-feira, 10, s�o exemplo de um fen�meno que tem se tornado cada vez mais comum na regi�o, causado em parte pelas mudan�as clim�ticas e o processo de urbaniza��o desorganizada da cidade.

Uma revis�o dos registros de chuvas ao longo das �ltimas sete d�cadas aponta que houve um aumento significativo no volume total de precipita��o nas temporadas de chuva ao longo do per�odo. Enquanto na d�cada de 1950 praticamente n�o havia dias com chuvas fortes - express�o usada para designar precipita��es com mais de 50 mm -, hoje elas t�m ocorrido de duas a cinco vezes por ano nos �ltimos dez anos.

� o que mostra um trabalho rec�m-publicado por v�rios pesquisadores brasileiros liderados pelo climatologista Jos� Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). "Os eventos extremos est�o cada vez mais frequentes, ao mesmo tempo em que a vulnerabilidade da popula��o tamb�m. Por isso desastres como enchentes, enxurradas e deslizamentos de terra afetam cada vez mais pessoas", disse Marengo ao Estado.

Nesta segunda, ao falar sobre como o governo est� lidando com o problema, tanto o governador Jo�o Doria (PSDB) quanto o secret�rio estadual de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, argumentaram que as chuvas t�m aumentado por causa das mudan�as clim�ticas. Doria chegou a afirmar que "evitar por completo" os estragos com investimentos em infraestrutura n�o ser� poss�vel em raz�o disso.

"Evitar por completo n�o ser�, evidentemente, algo poss�vel, j� que a incid�ncia de chuvas ao longo dos anos, a mudan�a clim�tica, est� impondo um volume de chuvas maior", disse Doria, logo ap�s um evento de inaugura��o de um escrit�rio da ag�ncia de investimentos estadual, a Investe SP, em Dubai.

"Mudan�a clim�tica n�o � discurso de ambientalista. Est� chovendo nessa d�cada o que n�o choveu no s�culo passado", disse Penido. Segundo a pasta, apenas nesta madrugada, choveu 66% do total esperado para todo o m�s de fevereiro. De acordo com Penido, os mais de 78 pontos de alagamento registrado pelo Centro de Gerenciamento de Emerg�ncias Clim�tica (CGE) aconteceram porque o volume de chuva ultrapassou o que estava previsto na s�rie hist�rica de 100 anos, usada para calcular o sistema de drenagem das chuvas. "Tudo foi implantado com essa l�gica."

De fato, an�lises feitas sobre as s�ries hist�ricas de registro de chuva feitas pelo Instituto de Astronomia, Geof�sica e Ci�ncias Atmosf�ricas da Universidade de S�o Paulo (IAG-USP) e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Mirante de Santana, apontam que entre os meses do ver�o, houve um aumento neste s�culo da incid�ncia de dias com fortes chuvas e na frequ�ncia de eventos extremos de chuva na Regi�o Metropolitana de S�o Paulo.

"O n�mero de dias secos consecutivos tamb�m aumentou gradualmente, sugerindo que os eventos de chuva intensa concentram-se em menos dias, com longos per�odos mais secos entre eles. Com menos noites frias e mais dias quentes, aumentam as chances de ocorr�ncia de chuvas convectivas, trazendo aumento da frequ�ncia e intensidade de chuvas extremas, que podem causar desastres naturais, inunda��es e deslizamentos de terra, afetando pessoas vulner�veis em regi�es expostas", escrevem os autores em artigo nos Anais da Academia de Ci�ncias de Nova York.

Marengo afirma que as mudan�as clim�ticas podem ter rela��o com esse aumento de frequ�ncia, mas tamb�m o processo de urbaniza��o. "� uma tend�ncia que se observa em todo mundo de que os extremos de chuva est�o aumentando. A chuva est� caindo de forma mais violenta. Isso pode estar ligado ao clima, mas tamb�m pode ser atribu�do � cidade. Em S�o Paulo, onde antes era a Mata Atl�ntica, hoje � uma cidade. O ambiente mudou. Isso cria um microclima que de certa forma ajuda a chuva a ficar mais violenta", explica.

E pondera tamb�m que atribuir o problema �s mudan�as clim�ticas � esquecer que a forma como as cidades est�o constru�das, com c�rregos subdimensionados, vias impermeabilizadas e ocupa��es irregulares, trazem um ingrediente fundamental para o desastre. "O que ocorre n�o � s� a chuva forte, mas uma combina��o com popula��es morando em �rea de risco. As pessoas n�o morrem pela chuva, mas pela enxurrada, pelo deslizamento de terra, que s�o amplificados por essas condi��es", diz.

"N�o � segredo que as chuvas est�o aumentando, mas as cidades continuam n�o preparadas. N�o � a primeira vez que acontece isso e n�o ser� a �ltima. Pelo contr�rio, esse tipo de evento como o de hoje tende a ficar cada vez mais frequente."

Os autores ressaltam que as mudan�as clim�ticas v�o ampliar os riscos sociais e ambientais existentes e criar novos riscos para as cidades. "Compreender e antecipar essas mudan�as ajudar� as cidades a se prepararem para um futuro mais sustent�vel. Isso significa tornar as cidades mais resistentes a desastres relacionados ao clima e gerenciar riscos clim�ticos de longo prazo de maneira a proteger as pessoas e incentivar a prosperidade", escrevem.


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