(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas PROIBIDO

�ndio ou negro? Fantasia vira pol�mica

O debate n�o � novo, mas a discuss�o foi retomada neste carnaval. Cuidado com a fantasia que ir� sair por a�. Homem vestido de mulher, branco como �ndio, peruca black power. Pode? N�o mais


postado em 25/02/2020 13:15 / atualizado em 25/02/2020 15:26

Com a polêmica, a atriz Alessandra Negrini postou foto ao lado de representantes do povo Guarani do Jaraguá e agradeceu o apoio (foto: Instagram Reprodução)
Com a pol�mica, a atriz Alessandra Negrini postou foto ao lado de representantes do povo Guarani do Jaragu� e agradeceu o apoio (foto: Instagram Reprodu��o)

Carnaval � aquela festa na qual empregado usa roupa de patr�o, homem se fantasia de mulher, branco se veste como �ndio, certo? N�o mais.
Assim como o lan�a-perfume, antes fartamente consumido durante o reinado de Momo e atualmente proibido, tamb�m as fantasias de �ndio, rastafari, nega maluca, mulher, padre e outras v�o acabar, se depender de campanhas lan�adas ou retomadas neste carnaval.

Recomenda��es de retirada foram feitas, por exemplo, por �rg�os oficiais de Belo Horizonte e do Cear�.


O debate n�o � novo. Da marchinha � Proibido Proibir � m�sica Proibido o Carnaval, de Daniela Mercury, as discuss�es sobre o que pode ou n�o no carnaval variam de �poca a �poca. Podem atingir as letras: hoje marcas do s�culo passado como Cabeleira do Zez�, Mulata Bossa Nova e �ndio Quer Apito acabaram praticamente banidas do repert�rio.

Agora, o foco s�o fantasias e acess�rios – quase um s�culo ap�s o pioneiro Jo�o da Baiana ser preso por vadiagem, s� por andar com pandeiro na rua. E n�o h� tanto consenso.

A pol�mica sobre fantasias de �ndio come�ou em 2017 e foi retomada agora, antes mesmo do feriado. No primeiro domingo da folia em S�o Paulo, dia 16, a atriz Alessandra Negrini desfilou no bloco Acad�micos do Baixo Augusta, do qual � rainha h� sete anos, com cocar e pintura corporal com refer�ncias aos povos ind�genas.

Nas redes sociais, foi acusada de apropria��o cultural – usar s�mbolos ind�genas, como adere�os, para se autopromover e ganhar visibilidade. A atriz nega. "A luta ind�gena � de todos n�s e por isso eu tive a ousadia de me vestir assim", justificou-se depois.

Em meio � retomada das cr�ticas �s fantasias de �ndio, internautas elegeram o bloco Cacique de Ramos como novo alvo. O grupo desfila no Rio desde 1961 e se divide em alas com fantasias ind�genas, como Apache, Tamoio, Cheyenne e Fam�lia Caraj�s.

"Tanta fantasia boa para inventar e a galera insistindo nesses rol�s racistas", escreveu no Twitter uma internauta. "Tem gente do movimento ind�gena falando sobre como � desrespeitoso com a cultura deles e sobre como esse refor�o ao estere�tipo � parte de um projeto de apagamento �tnico."

Em nota, o bloco se defendeu e disse respeitar "o debate identit�rio". "No entanto, pedimos licen�a para falar da nossa trajet�ria. Os pioneiros do bloco t�m nomes ind�genas e eram ligados � umbanda. A agremia��o nunca perdeu de vista o componente religioso no seu dia a dia nem suas refer�ncias desde a funda��o."

O presidente � Ubirajara F�lix do Nascimento, Bira Presidente, de 83 anos, que criou o bloco com os irm�os Ubiraci e Ubirani e membros de mais duas fam�lias.


Figurinos


No Cordão da Bola Preta, homens se vestiram de mulher e, mais ainda, fizeram questão do rosa(foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)
No Cord�o da Bola Preta, homens se vestiram de mulher e, mais ainda, fizeram quest�o do rosa (foto: Tomaz Silva/Ag�ncia Brasil)

O carnaval sempre foi elemento de exposi��o da africanidade – praticamente todas as escolas de Rio e S�o Paulo, por exemplo, t�m um detalhe afro em enredo e adere�os. Mas a liberdade de uso cultural est� em discuss�o aberta.

Na capital mineira, o Conselho Municipal de Promo��o da Igualdade Racial divulgou no dia 13 a cartilha Nota de Orienta��o para Pr�ticas N�o Racistas no Carnaval, com sete itens. O primeiro critica marchinhas que "perpetuam o racismo velado em express�es de bestializa��o e hipersexualiza��o do corpo negro", como as j� citadas.

O segundo item critica o blackface, t�cnica teatral usada para pintar pessoas brancas como negras. "O Blackface carrega a simbologia do apartheid e no Brasil n�o deve ser confundido com homenagem", diz a cartilha.

O texto tamb�m critica o uso de perucas "black power" ou "nega maluca", dreadlocks e touca com tran�as, que se "traduzem como desrespeito aos s�mbolos da resist�ncia negra". Trajar-se como �ndio ou cigano tamb�m � desrespeitoso, diz o material.

Homem vestido de mulher, ent�o, nem pensar: � atitude machista, desrespeitosa com as mulheres e preconceituosa contra as pessoas trans.

No Cear�, a Defensoria P�blica criou quatro cartazes de alerta contra as mesmas fantasias criticadas pelo �rg�o municipal mineiro. "As vestes de padres, pastores, judeus e mu�ulmanos representam costumes, tradi��es e cren�as", explica um deles. Homem vestido de mulher � atacado em outro: "N�o reforce estere�tipos de g�nero com seu preconceito", alerta.

Renata Spallicci, rainha de bateria da escola paulistana Barroca Zona Sul, chegou a fazer publica��o nas redes sociais com acess�rios remetendo a uma escrava este ano. Criticada, apagou tudo e se desculpou. Em 2019, a Gavi�es foi amplamente criticada por fazer alus�o religiosa em seu desfile – com o Diabo vencendo Jesus – e foi acionada judicialmente.


Foli�es


Entre especialistas e frequentadores da folia, as opini�es s�o divididas. "Tenho filho pequeno e n�o permito que ele cante marchinhas como Cabeleira do Zez� e Maria Sapat�o", conta a advogada paulistana Maria Elisa Pereira, de 38 anos. "� mais uma agress�o aos gays, que j� s�o t�o discriminados", avalia.

Mas ela n�o concorda que todas as fantasias sejam abolidas. "J� fantasiei meu filho de �ndio e de cigano, e n�o vejo desrespeito a esses povos. Para mim � at� homenagem."

Na mesma linha, o analista financeiro Leandro Atha�de, de 28 anos, foi de cocar ind�gena e um grande acess�rio de pesco�o de penas coloridas a um bloco de S�o Paulo. "Tem de usar, tem de mostrar."

A designer de interiores Mariana Gibran, de 44 anos, condena fantasias que erotizam o corpo da mulher ou estimulam o machismo. "J� me fantasiei de gata, e hoje n�o repetiria. � uma forma de erotizar o corpo da mulher, e isso � descabido. Mas n�o tinha essa consci�ncia naquela �poca", admite.

"Quando essa apropria��o cultural � feita de forma consciente, autorizada, de forma que denuncie alguma quest�o que est� sendo violada, acho justo o uso de fantasias e adere�os para que se levante o debate", diz S�rgio Barbosa, professor de Sociologia da Universidade Est�cio de S�. "Agora, quando isso � feito somente para o uso da imagem, sem rela��o com a realidade, na verdade se torna um grande deboche", afirma.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.

 

O CarnaUai

Neste carnaval 2020, o Portal UAI e o Estado de Minas ter�o mais uma vez uma cobertura especial dos blocos de rua em Belo Horizonte

Veja a lista completa dos blocos de rua de Belo Horizonte

Monte sua agenda de carnaval

J� montou a sua programa��o para o carnaval 2020? O Portal Uai criou uma ferramenta especialmente para te ajudar! � bem r�pido. Monte seu roteiro de carnaval para agitar nos seus bloquinhos favoritos. Veja como � f�cil: 

Escolha a data em que vai curtir o carnaval
  • Selecione os blocos que voc� vai participar
  • Depois que selecionar, clique no bot�o “Gerar Agenda”. Pronto, seu roteiro foi criado.
  • Agora, compartilhe com seus amigos sua programa��o do carnaval 2020.

Mapa dos blocos

Os blocos de rua do carnaval BH 2020 j� est�o nas ruas para a folia. Chegou a hora de vestir as fantasias, preparar o glitter e entrar no ritmo do carnaval 2020.

E para te ajudar nessa prepara��o, listamos uma programa��o com centenas de blocos de rua de BH. Confira todos os blocos de cada dia.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)